domingo, 22 de dezembro de 2019

Capítulo 02 - Mork.

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Autor: Patrick Rangsimant.
Créditos a tradução inglês: Aleczan
Tradução: Samantha.
Revisão: N'Diih.




“Ei! Mork, quando a oficina de motos do seu tio fecha?”
“Hum… Oito da noite. Por que, cara? Você precisa de ajuda?”
“Meu farol traseiro tá quebrado. Piscou e simplesmente morreu.”
“Ah, quer que eu dê uma olhada primeiro?”
“Sem essa, cê consegue consertar essas coisas?”
“Porra, cara, eu tenho certificado em eletrônica. Eu posso consertar qualquer equipamento eletrônico. Vem, e me deixe dar uma olhada.”
Eu levanto do banco e ando até a minha moto para pegar um mini kit de ferramentas que sempre mantenho guardado debaixo do meu banco, antes de ir em linha reta à moto de Fueng. Mais velho que eu, ele é um colega de trabalho no ponto de moto-táxi numa esquina onde uma rua secundária emerge na via principal. Eu me sento e rapidamente desaparafuso a tampa do farol traseiro.
“Merda, cê parece habilidoso. Isso é tão profissa.”[1]
Fueng pronuncia elogios do meu lado enquanto solto a lâmpada defeituosa do seu soquete. Eu seguro alto para olhar para dentro e ver se o filamento está quebrado. É a primeira e mais fácil coisa na lista para se checar quando uma lâmpada falha.
“Cara, eu já te disse, eu tenho certificado de técnico em Eletrônica. Esse tipo de coisa é moleza.”
O filamento está intacto, apesar do quão velha essa lâmpada pareça, e eu tenho certeza que não é falha do filamento. Eu toco minha chave de fenda que também é um verificador elétrico na aba de contato de potência dentro do soquete da lâmpada para checar a eletricidade.
“Então por que diabos você é um motorista de moto-táxi? Você pode abrir uma porra de uma oficina, ou ser um faz-tudo numa fábrica.”
O díodo na minha chave de fenda não acende. Eu tento de novo e consigo o mesmo resultado. Então, o problema deve ser nos fios internos ou no conector de eletricidade no soquete da lâmpada. Eu coloco minha chave de fenda no mini kit de ferramentas e me viro para Fueng.
“Os trabalhos nas fábricas têm um pagamento baixo, estou fazendo mais dinheiro como um taxista. Também não posso arcar com uma loja. Não tenho esse tipo de bolso fundo. Ah, e a coisa com a sua moto, deve ser ou os fios ou o conector. É melhor ir numa oficina. Não tenho ferramentas suficientes para consertar isso.”
“Ah, então acho que vou lá agora. Seu tio está sempre na oficina, certo? Eu vou pedir que conserte para mim.”
Ele diz e imediatamente levanta para pegar seu capacete.
“Espera, o que… E a fila? É a sua vez agora, também. Já está acabando por hoje?”
São apenas 16h e devemos rodar até às 21h. E à noite quando as pessoas estão saindo do trabalho é quando o ponto de moto táxi fica mais agitado. É também a hora que determina se ganhamos dinheiro - suficiente para viver - ou não.
“Não quero dirigir sem meu farol depois que escurecer. Além do mais, tenho que buscar a senhoria Ai hoje e não quero arriscar.”
A última parte da frase de Fueng parece uma mistura entre vergonha e gabamento. Cara, escolha um, por favor? Hum! Eu bufo pelo meu nariz numa queixa. Desde que conseguiu uma namorada, ele aproveita toda e qualquer oportunidade de se gabar dela. Apenas dê a ele uma pequena brecha, e ele aproveitará.
Mas o que posso dizer. Ele está tão apaixonado.
“Um homem apaixonado é tão irritante!”
Eu faço uma observação mas não consigo deixar de sorrir para ele.
“Ei, é chamado de ‘in love’ em inglês.”
Esse cara exibe a frase em inglês com tal pronúncia precisa, que apenas quero levantar e dar um leve empurrão com meu pé na sua moto. Me pergunto se ele irá exclamar com um inglês igualmente bom quando estiver em dor.
“Olhe pra você, cara! Melhorando desde que conseguiu uma professora de inglês como namorada.”
“Ei, isso se chama ‘develop’, Mork. Bem, tome conta da minha fila, ok? Deixarei o chefe saber disso.” Ele liga o motor e coloca seu capacete, então aperta a fivela debaixo do queixo enquanto checa novamente os ângulos de ambos os espelhos. “Quando meu reparo estiver pronto, irei buscar Ai direto. Te vejo amanhã.”
“Ok, se cuida, cara. Obrigado.”
Eu rapidamente dou a ele um cumprimento tailandês (wai). Ele acena de volta e acelera para fora do ponto. Então, hoje tenho que dirigir para duas filas, minha e a dele. É um dia de semana, então será uma grande carga de trabalho, mas farei dinheiro. Tudo bem, digo a mim mesmo. Apenas faça o seu melhor, Mork!
“Mork, sua vez!”
O chefe do ponto me grita.
“Sim, chefe!”
Eu corro para a minha moto e coloco meu capacete enquanto entrego outro para o passageiro.
“Para onde, senhorita?”
“Uh… Eu tenho que usar isso?”
Ela não me diz seu destino, mas continua encarando o capacete na minha mão com um olhar de nojo e questionável. Tento não ligar, estou acostumado com isso.
“Sim, por favor. É para sua segurança. além do quê, a polícia rodoviária anda muito rigorosa sobre isso ultimamente.”
“É só nessa viela. Não encontraremos com nenhum policial. Ficará tudo bem!” Ela começa a soar inflexível, e é essa a minha deixa para calar a boca. É melhor eu só fazer meu trabalho.
“Uh… Ok, então. Se você diz.”
Eu coloco o capacete de volta no lugar. É a segurança dela de qualquer maneira. Tanto faz, senhorita, como queira.
“Ah, para onde?” Eu pergunto de novo.
“Condomínio Baan Klang Soi, por favor.”
“Isso será trinta baht. Por favor, sente-se.”
E então eu apenas foco no meu trabalho.
Não é o que eu amo.
Mas é o que me sustenta.
(****)
Como começo a te contar sobre mim?
Meu nome é Mork. Sou motorista de moto táxi.
Às vezes eu me pergunto a mesma questão que o Fueng fez: por que estou trabalhando como moto táxi? Eu terminei minha educação, não larguei os estudos. Eu estudei Eletrônica num colégio técnico perto de casa e recebi um certificado profissional, com boas notas, até. Então, deixe-me te dizer, eu não sou um delinquente…
Isso não é totalmente verdade…
Verdade seja dita, meus pais queriam que eu estendesse para uma educação superior e tentar um diploma, mas eu era muito teimoso. Naquela época, minha namorada tinha acabado sua educação geral depois da 12ª série e queria uma educação superior na Universidade Ramkhamhaeng. Ela me deu um ultimato, terminar ou ir com ela até Bangkok. Eu nem preciso te dizer qual opção eu escolhi, certo?
É por isso que não é inteiramente verdade quando disse que não era um delinquente.
Por sorte, eu tenho um tio - o irmão mais velho da mamãe - que começou uma oficina de motos na área de Saphan Kwai, então eu podia ficar com ele. Assim que cheguei em Bangkok, eu pensei que conseguiria um trabalho e dividiria um lugar com minha namorada. O problema é, meu certificado dificilmente me conseguiria um trabalho na capital. Ou se tivesse um trabalho, era um pagamento tão baixo que você teria vontade de perguntar se é um salário ou um troco.
Eventualmente, meu tio me emprestou sua moto e usou suas conexões através de Fueng, que era seu conhecido, para me conseguir uma vaga no ponto de moto táxi. Foi assim que comecei minha vida como moto táxi na estrada Phahon Yothin. Não vire seu nariz ainda. Deixa eu te dizer, se trabalharmos diligentemente, raramente tirando folga, a com a ajuda da alta taxa de rotatividade dos passageiros, poderíamos até fazer mais dinheiro que os assalariados.
Tenho dirigido esse moto táxi enquanto economizo. Uma parte do meu dinheiro foi para ajudar minha namorada com sua mensalidade. Ela também trabalhava e conseguia uma ajuda financeira de sua família, mas a vida em Bangkok não era tão fácil, e ela não ganhava o suficiente. Então embora ela não pedisse pelo meu dinheiro, eu estava disposto a ajudar. Ela era minha namorada afinal de contas, era minha responsabilidade ajudá-la.
Quatro anos se passaram, e eu descobri que ela estava me traindo. O maldito cara era um dos colegas de classe dela. E foi por isso que nosso relacionamento acabou.
“Por que você fez isso comigo, Fern?”
Se eu pudesse voltar no tempo… Eu não faria essa pergunta à ela.
“Me desculpe. Não foi minha intenção.”
Eu estava me perguntando se era de fato possível trair alguém sem querer. Como é? Como as pessoas ao menos conseguem isso?
“E o que vem agora, Fern?”
Na verdade, eu quis perguntar o que fazer com o nosso relacionamento, porque eu estava pagamento por metade do aluguel do apartamento onde ela estava ficando. Eu apenas dormi lá ocasionalmente, já que era longe do meu ponto. Eu saía do trabalho às 21h e começava a dirigir no início da madrugada, era um grande incômodo ter que ficar com ela toda noite e também ir para o trabalho.
“Eu… Me desculpa. Não era minha intenção.”
Ela não estava respondendo minha pergunta. Eu queria saber o que fazer a seguir. Eu não queria uma desculpa.
“Já chega com as malditas desculpas, Fern. Você já disse. Eu quero saber o que você quer fazer agora.”
“Você está me deixando decidir, Mork?” Ela perguntou e eu assenti.
“Posso escolher ele?’
E essa foi a escolha que ela fez.
Eu assenti de novo.
Eu deixei as chaves do quarto lá.
E saí sem olhar para trás.
Quero dizer que saí do apartamento e do antigo relacionamento entre Fern e eu. Nós começamos nossa vida em Bangkok juntos, mas daquele momento em diante, eu só tinha a mim mesmo numa cidade tão grande. A próxima coisa que eu tinha que considerar que o que fazer com a minha vida. Já que ela tinha escolhido, eu precisava escolher meu caminho também.
Fern foi a razão pela qual mudei para bangkok. Mas agora, a razão me abandonou. Devo apenas voltar para casa em Chumphon? Eu tinha umas economias, que deveriam ser o suficiente para um investimento se eu quisesse me tornar um comerciante…
Mas ao mesmo tempo, eu me sentia relutante em desistir da oportunidade de trabalho em Bangkok. Dirigir um moto táxi pode ser exaustivo mas fazia um dinheiro decente. não era fácil conseguir uma vaga no ponto, também. Além do quê, se eu ficasse em Bangkok, eu poderia ganhar dinheiro suficiente para prover para minha família em casa.
Naquele momento, eu não conseguia decidir nada.
Mas eu sabia que tinha que ir para casa primeiro, não importa o quê.
Quando o seu coração perde o caminho, você deveria ao menos levar seu corpo de volta para onde o coração se sente em casa.
“Apenas fique aqui, garoto.”
Meu tio decidiu por mim quando eu terminei de contar à ele toda a história. Mas meu rosto triste deve ter sido tão óbvio que meu tio me puxou de lado para uma conversa, com uma lata de cerveja para cada um de nós e uma porção de salada de sardinhas picantes enlatadas que o tio mais novo nos arranjou. Eu disse para os dois sobre o que aconteceu hoje. Eu não chorei quando recontei minha história, embora parte de mim pensasse que eu talvez me sentisse melhor se eu chorasse. Era estranho. Não importa o quanto eu insistisse ou forçasse, nenhuma lágrima caía.
“Posso?” eu perguntei.
“Claro que sim. Sou só eu ele aqui. Não temos crianças. Você pode ficar e dirigir o moto táxi. Apenas nos ajude a olhar a loja e nos dê uma mão quando estiver livre. Minha casa tem bastante espaço de qualquer jeito. Ou quando quiser se demitir de ser motorista, talvez você possa trabalhar aqui em tempo integral.”
Eu sentei em silêncio. O que ele disse soava bem, mas…
“O que você vai fazer quando voltar para casa, hein?” meu tio mais novo perguntou dessa vez.
“Eu não sei ainda. Talvez eu me torne um comerciante. Eu tenho umas economias.”
“Você já considerou em expandir sua educação?”
“Eu desisti desde que me mudei para Bangkok. Fazem quatro anos, tio. Se eu voltar a estudar, eu terei que sentar entre os mais jovens.”
“Eu não perguntei há quanto tempo você abandonou os estudos ou como você se sentiria sobre dividir a classe com pessoas mais jovens. Eu quero sabe se você alguma vez considerou as possibilidades? Você quer voltar para a faculdade?”
Eu fiquei quieto… Ah, certo, é.
Pelos últimos quatro anos, eu tenho pensado apenas na Fern e eu.
Eu nunca pensei apenas em mim. Nenhuma vez.
“Talvez. Não tenho certeza. Não consigo pensar direito. Minha cabeça está cheia.”
Eu tomei outro gole da minha cerveja.
“Se você não consegue pensar direito, não tome nenhuma decisão ainda.”
O tio mais novo me deu um tapa pesado no ombro.
“Vá tomar um banho. Ou você quer comer outra cousa? Devo reaquecer um pouco de ensopado agridoce?”
Eu balanço minha cabeça. A salada de sardinhas picantes enlatadas que tive antes, combinando com o calor que eu sentia no meu coração quando os contei minha história, fizeram eu me sentir cheio o suficiente.
Eu me levantei e saí da varanda para me despir e me preparar para um banho, enrolando uma tanga tailandesa na minha cintura e jogando uma pequena toalha sobre um dos meus ombros. Durante o processo, eu passei por uma mesa no meu quarto. Um porta-retrato com a foto de Fern e eu estava ali.
Eu coloquei ela de cara para baixo na mesa.
Eu deveria achar uma nova foto para substituir.
Talvez uma foto que eu tenha tirado com minha mãe… Ou meus dois tios.
Eu não tinha certeza se era porque eu estava cheio, or porque eu estava tonto da cerveja, or porque choveu e o tempo estava bem fresco, mas eu dormir como uma pedra naquela noite. Totalmente o oposto de um homem com o coração partido.
Eu acordei na manhã quando meu alarme tocou depois da terceira soneca. Eu dormi demais e comecei a entrar em pânico. Tomei banho às pressas, peguei umas roupas e meu capacete, e então saí de casa para o trabalho na minha moto.Por sorte, eu não estava atrasado. Eu cheguei bem a tempo de fazer o check-in com o chefe.
Depois de deixar mais ou menos dez passageiros na manhã eu percebi que vim trabalhar por puro hábito. Ontem à noite eu ainda estava indeciso com a minha vida, debatendo entre voltar para casa em Chumphon e ficar aqui em Bangkok. Parece que o meu hábito já fez a decisão por mim de manhã… Ah, espera, manhã tardia, para ser exato.
“Ei rapaz, Eu quero ir para o edifício comercial XX.”
Um novo passageiro se aproximou de mim.
“Vinte baht, senhor.”
Eu dei o preço, e ele assentiu.
Eu olhei para o meu reflexo no retrovisor enquanto ligava meu motor.
Não é como se eu tivesse sorrido para mim mesmo, eu acho. Mas eu podia sentir um puxão no canto da minha boca.
Olá, novo eu.
E novas resoluções, na mesma velha cidade.
Então, eu segui para deixar o meu passageiro no seu destino.
Faz mais que um ano desde aquela manhã específica. Passei por um momento doloroso, sem sentir nada pior para usar. Eu sobrevivi.
Soube que Fern engravidou daquele cara mas não se casaram. Eu nem sei o que ela fez com o bebê, se ela o manteve ou se abortou. Eu não sou do tipo de olhar para trás uma vez que fui embora. Não é que eu não sinta falta dela ou que eu não tenha coração. Mas parece que se eu ficar por perto na vida dela, será ruim para todos: eu, ela, e a pessoa que ela escolheu.
Cada um de nós cuida da própria vida. Tipo isso.
Eu tenho um trabalho que me sustenta.
Eu tenho uma boa família. E estou satisfeito comigo mesmo.
Quanto à um novo amor, ainda não pensei sobre isso.
“Hum… Eu quero ir para o Condomínio Baan Klang Soi, por favor.”
Enquanto meus pensamentos estão vagando pela minha memória, a voz baixa desse passageiro me puxa de volta à realidade que estou encarando.
“Ah… Trinta baht, senhor.”
Eu automaticamente respondo e ele assente.
“Ei, posso pegar o capacete, por favor?”
Ele aponta para o capacete extra que eu guardo para o meu passageiro.
“...” eu encaro em silêncio.
“Posso usar aquele capacete?... Ou não posso?”
Ele franze as sobrancelhas questionando. Eu sorrio e balanço a cabeça enquanto entrego para ele.
“Ah, claro. Você pode usar. É destinado ao meu passageiro. Eu estava apenas surpreso.”
Ele pega o capacete, afivela, e ajusta o aperto da fivela. Oh, uau… Muitos passageiros concordaram em usar meu capacete, mas eu nunca vi ninguém que tenha colocado tão cuidadosamente e metodicamente como esse homem.
“Por que está tão surpreso?” ele pergunta.
“Porque o passageiro geralmente não pede por um capacete. Na maior parte do tempo eu tenho que implorar e os pressionar a usar.”
“Ah? Por que… É para a minha própria segurança, então devo. E estou assustado. Especialmente porque eu nunca andei em uma moto antes.”
Estou prestes a pisar no pedal para ligar o motor quando escuto o seu “nunca andei numa moto” e isso faz com que eu pare o pé no meio do caminho. Eu me viro para dar outra olhada nesse passageiro.
“Senhor, você disse que nunca andou numa moto antes”
Ele assente numa resposta. Ah, meeerda! Estou prestes a tirar sua virgindade motociclística?
“Então sou seu primeiro motorista de moto táxi?”
Ele assente novamente.
“Me deixe parafrasear, essa é a sua primeira vez sendo o passageiro numa moto?”
Ele assentiu mais uma vez, causando ao capacete que pareça um pouco instável e eu tive que suprimir um riso.
“Ok. Que tal isso?” eu puxo o suporte lateral e deixo minha moto estacionada. “Eu vou te explicar as coisas primeiro, então você não ficará tão assustado. Tudo bem?”
Ele assente e o capacete vacila novamente. Dessa vez é mais engraçado que antes, eu estou muito perto de ter que me beliscar para segurar minha risada.
“Aqui, estes são os pés. Quando estiver na moto, descanse o pé em cada um desses. Entendeu?” eu aponto para os pés. Ele olha para baixo e assente.
“E aqui,” eu aponto para a barra de suporte traseira, “é uma alça para os passageiros, segure para se manter seguro.”
Ele assente. “E a minha outra mão?”
“Ah… Que?” Estou confuso. Que outra mão? O que que tem?
“Bem, uma mão na alça, então o que faço com a outra mão? Onde coloco? Onde me seguro?” ele pergunta sério. Ahhh, meerda! Tá brincando comigo? O que eu fiz para merecer esse passageiro?
“A outra mão… Talvez você possa descansá-la sobre a sua coxa.”
Eu dou a ele uma resposta aleatória. Quem saberia onde pôr a outra mão? É a sua própria mão, decida você mesmo, cara.
“Mas isso é contra as leis da física. Como posso manter meu equilíbrio assim?”
Ele argumenta, franzindo para mim. Mas que porra sobre física… Eu não entendo, então eu franzo de volta como uma resposta.
“Ah, se eu sentar ali, quando você usar o freio, eu serei jogado para a frente e eu posso segurar e puxar a alça traseira para manter meu equilíbrio, certo? Mas quando você sair e acelerar, eu serei jogado para trás. A mão atrás de mim não vai me ajudar mais. Minha outra mão precisa se segurar em algo na frente para que possa me segurar e não cair para trás.”
O passageiro elabora com tantos detalhes. E não consigo seguir desde o “jogado para frente”. Então não vamos nem mencionar o jogado para trás. Estou completamente perdido. Foda-se a física! Meu programa vocacional não incluiu tal matéria.
“Então, você quis dizer que quer algo na frente para se segurar?”
Eu tento resumir o ponto chave. Por sorte, eu escutei a última parte do seu discurso.
Ele assente.
“Posso segurar na sua cintura?”
“Minha cintura? Definitivamente não, eu sinto cócegas. Se você segurar na minha cintura, você não vai cair para trás, mas a moto toda e nós dois vamos cair logo no início. Eu sinto cócegas pra cacete!” Nem pensar. Não posso deixá-lo segurar na minha cintura. Nunca permiti nem mesmo aquela belas passageiras, ou minha ex, fazer isso. Eu sinto cócegas de verdade.
Ele faz careta. Sua sobrancelhas franzem ainda mais. Oh uau, incrível. Eu nunca conheci uma pessoa que conseguisse franzir as sobrancelhas tanto assim.
“Hum… Vejamos. Que tal se você segurar o meu ombro?”
Eu tento negociar mas suas sobrancelhas ainda estão juntas.
“Não é seguro o suficiente, eu acho.”
Ele comenta. Eu começo a contar de um a dez.
Calma, Mork, esse é o seu passageiro.
“Ah, tenta isso, então. Suba agora.”
Eu volto para a minha moto e subi, puxando o suporte lateral para sua posição original. Ele sobre devagar no banco. Eu agarro sua mão direita com a minha mão direita, guiando seu braço para a frente do meu lado logo abaixo da minha axila, e prendo sua mão no meu ombro.
“Isso está com o suficiente? Essa posição é firme e segura, eu prometo.”
Eu viro minha cabeça para perguntar enquanto suprimo qualquer pista de sarcasmo que possa vazar no meu tom… E isso é o difícil o bastante.
“Mas agora se eu cair para trás, você cairá para trás comigo, de acordo com as leis da física.”
Ele ainda consegue reclamar. Para o inferno com a porra da física! Se ele fizer mais perguntas, eu começarei a chamá-lo de George, o curioso. Que cara exigente! É apenas andar de moto, no entanto seus questionamentos intermináveis estão me fazendo sentir como se estivéssemos recitando os cânticos de ordenação inteiros. Ahhh!
“Vamos, confie me mim. Sou forte o suficiente para não te deixar cair. Uma vez que esteja na minha moto, sua segurança é minha responsabilidade. Apenas confie em mim.” eu ligo o motor e me preparo para levar o passageiro até o seu destino. Eu deveria me apressar a terminar logo isso. Ficar longe desse louco da física.
Pensando bem, eu nunca o vi antes.
Então, com sorte essa será a única vez que o encontrarei.
Oh… Eu deveria checar, para que eu possa evitá-lo caso estejamos destinados a nos encontrar de novo.
“De qualquer forma, você acabou de se mudar para o condomínio Baan Klang Soi, senhor?”
Eu pergunto antes de começar a dirigir.
“Por que está perguntando?”
Tá brincando comigo? Ah! Por que ele está respondendo a minha questão com uma pergunta?
“Porque eu tenho dirigido por aqui por vários anos e conheci muitos passageiros que foram para aquele condomínio mas você é um rosto novo, então você deve ter se mudado apenas recentemente.
“Oh, haha! Eu não me mudei. Estou apenas visitando meu encontro que vive aqui.”
“Ah… Entendo. Ok, segura firme. Vamos lá.”
Vendo sua namorada, agora eu entendo. Hah! Nesse ritmo eles vão terminar em breve. Ele é esquisito. Nenhuma garota vai tolerar um cara tão exigente. E isso é falando da minha experiência.
“Vai devagar, por favor. Eu não quero cair.”
“Sim, senhoooooor.”
Eu estaciono na frente do condomínio e sua mão ainda está segurando meu ombro. Ele espera até eu desligar o motor antes de me deixar e vagarosamente descer do banco de trás. Então, ele tira o capacete e me devolve.
“Trinta baht, por favor.” eu pego o capacete dele.
“Obrigado.” ele me dá um nota de vinte baht e uma moeda de dez baht.
“Obrigado, senhor.” Eu ligo meu motor novamente e me preparo para ir, e é então que acontece de eu ouvir uma conversa atrás de mim.
“Tawan, você demorou tanto que pensei que estivesse perdido.”
“Ahh, querido, isso é impossível.”
Embora eu não queira ser intrometido, minha cabeça apenas vira automaticamente. A pessoa que estava esperando por aquele passageiro na frente do condomínio… É um cara.
Tipo, uou! … Seu encontro é um homem.
Nota de tradução:
1. Pessoas com menos prestígio social, tiveram uma educação ruim e não aprenderam corretamente o Tailandês. Fueng é um proletário, que por falta de educação básica, mistura o tailandês com os dialetos de pali, originando o que os tailandeses chamam de "tailandês sujo" ou "tailandês errado".
Essa forma de fala é facilmente encontrada em cidades ao sul da Tailândia, em Bangkok dificilmente você encontrará, no entanto, aos extremos da metrópole nos bairros pobres, é encontrado também, principalmente nos jovens.
>> Capítulo 03.

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