"Oh tio, e tio mais novo,
vocês ainda estão acordados?"
Estou surpreso por ver meu tio e
tio mais novo sentados na mesa de jantar no primeiro andar quando eu chego em
casa, que já é meia noite. Geralmente, eles vão pra cama em torno das onze da
noite e toda noite eu estaria ouvindo eles roncarem, do meu quarto no terceiro
andar, em competição durante dez minutos. Eu me pergunto por que eles ainda
estão sentados bem acordados na mesa essa noite.
"Esperando pela partida de
futebol. Você quer ver com a gente?"
Oh... Então é por isso.
Eu também percebo que cada um
deles está segurando uma cerveja, a bebida confirma sua resposta. Está certo.
Eles são obcecados por assistir o Campeonato Europeu de Futebol. Durante a
temporada de torneio de futebol eles ficam a noite toda, acordados e assistem a
transmissão até de manhã e anda abrem a loja tarde de vez em quando.
"Nah, obrigado. Mas eu estou
com fome. Vocês têm algo que eu posso comer?"
Ao contrário, eu não gosto de
assistir futebol. Eu não sei porque. Quando aqueles caras mais velhos da
estação de mototáxi me convidam pra assistir uma partida com eles ou falar
sobre futebol e eu só encaro como um estúpido, eles geralmente me perguntam
porque eu não assisto futebol.
Bom, como eu posso responder a
essa pergunta? Eu apenas não gosto. Se eu soubesse o porque eu não gosto disso,
então seria fácil me livrar da razão e começar a gostar. As vezes as pessoas
perguntam coisas bobas. Porque eles não podem simplesmente acenar com a cabeça
e aceitar a minha resposta?
"Nada. Só cerveja. Quer um
pouco?" O tio mais novo me oferece uma lata de cerveja.
Eu sacudo minha cabeça.
"Como isso pode encher meu estomago, tio? É só cerveja."
"Eu não sei, é a única coisa
que a gente tem. A geladeira também está vazia."
"Não temos mais nada? Nem
mesmo macarrão instantâneo?"
Eu fui até o armário de comida e
chequei a prateleira de comida desidratada no alto. Oh, está certo. Agora eu me
lembro, ontem eu peguei o último macarrão instantâneo e comi seco depois de
quebrar ele do lado de fora do pacote. O tio mais novo resmungou dizendo que eu
não deveria por que me daria dor de barriga. Eu fechei o armário de comida que
estava tão vazio quanto meu estomago.
"Então, eu vou sair pra
buscar algo pra comer. Vocês querem alguma coisa?"
"Não, obrigado. Apenas
dirija com segurança. É muito tarde da noite."
"Sim, senhooor."
Eu já estava voltando, ainda não
tinha chegado a minha moto, e meu tipo me grita.
"Hey, hey, espera. Eu
esqueci! Compre algum macarrão instantâneo, por precaução."
Eu me viro e aceno com a cabeça.
"Okay, tio. Mais alguma coisa?"
"Sardinhas enlatadas. E ovos
frescos, então não teremos que comer macarrão puro. Pega uns petiscos, também.
Da marca Whatchamacallit, aquela com um rosto verde sorridente, acho."
"É Snack Jack. Uau, a
maneira como você descreveu quase me pegou." Verde e rosto sorridente, meu
palpite deve estar certo.
"Sim, esse, Nackjack. Pega
dois. Isso vai muito bem com cerveja."
"Mais alguma coisa? Primeiro
você tinha dito não obrigado, agora a lista é tão longa quanto o mantra
Chinnabanchon."
"Sim, isso é tudo, garoto.
Volte depressa, okay?"
Okay, eu finalmente posso sair.
Normalmente, eu não como muito
tarde. Não porque eu estou observando meu peso ou porque não é saudável. Mas eu
tenho medo de que meu estomago fique mal. Se eu comer fora do meu horário
normal de refeição, eu fico com dor de estomago. Mas, eu não comi o suficiente
esta tarde, então eu estou com fome de novo tarde da noite. E ao invés, eu
estou com medo de ficar com dor de estomago se eu não comer.
Beeem, pobre de mim, pobreeee
Mork!
E tem que ser no dia que não tem
mais nenhuma comida em casa. Agora eu tenho que ir na minha moto até a loja
7-Eleven na lateral da rua aqui perto, a mesma onde minha estação de mototáxi
fica. Eu já te disse antes, a garagem dos meus tios é perto do meu trabalho,
então eles estão familiarizados com o irmão Fueang.
Quando o lado da minha rua terá
sua própria 7-Eleven? Então, eu não precisaria ter que dirigir mais até a outra
rua. Não que seja longe, eu só sou preguiçoso. E eu tenho que trocar meu
pijama- geralmente uma camiseta regata e shorts de tecido fino- porque eu tenho
medo que a cobra nas minhas calças possa espreitar pra fora e um cachorro de
rua me persiga pra tentar mordê-la.
Oh, espere... Na verdade, mesmo que
o meu lado da rua tivesse uma 7-Eleven, isso não significa que eu poderia sair
andando por aí com minha camisa regata e meus shorts confortáveis. É a mesma
coisa. Eu acho que eu devo estar com tanta fome e sono que eu estou ficando
estúpido. Eu tenho que ir rápido pegar alguma comida e ir pra cama.
Então, eu ligo o motor e saio.
(****)
"Você vai querer comprar
alguns bolinhos ou pães cozidos no vapor também?"
Eu olho para a minha comida no
caixa... Uh, eu já estou comprando dois pacotes de bolinhos de carne de
caranguejo e pães com carne de porco desfiada cozidos no vapor, ela quer que eu
compre mais?
"Uh, senhorita, eu já peguei
bolinhos e pães."
"Oops, desculpe, senhor.
Você vai querer levar uma garrafa de limpador de banheiro?"
"Um, não, obrigado. Eu já
peguei o molho pros meus bolinhos."
Eu pego meu troco e corro pra
fora. Eles não vendem ovos aqui, então eu só comprei dois pacotes dos meus
próprios lanches, macarrão instantâneo, sardinha enlatada, e o Snack Jack que
meu tio pediu. Eu estou com tanta fome que comecei a comer meus bolinhos
imediatamente.
"Ow, quente, droga!"
O primeiro bolinho queima minha
boca então eu cuidadosamente sopro o próximo antes de comer. Meu plano original
era levar pra comer em casa, mas talvez eu só vou terminar isso aqui e então ir
pra casa.
Oh, olha pra isso. Alguém
familiar. É o doutor.
O que ele está fazendo andando
pelo cruzamento a essa hora?
"Hey, Sr. Doutor. Comprando
um lanche noturno?"
Eu o chamei depois de colocar o
terceiro bolinho em minha boca.
"Oh, Sr. Moto taxista. Não,
apenas procurando por um táxi. Eu tenho que correr para o hospital."
Ele responde, mas seus olhos
estão na estrada, aparentemente procurando por um táxi. Você que espere,
doutor! Não tem nenhum táxi por aqui agora. Nesse tipo de vizinhança
residencial e de escritórios, quase ninguém anda a noite. Então, taxistas não
vem aqui porque não há passageiros.
"Aww? Você foi chamado? Tem
algum paciente em emergência?"
Eu vi em algumas séries, médicos
são chamados para o hospital para casos de emergência. Talvez esse médico é
parecido, também.
Mas ele olha pra mim e balança a
cabeça.
"Não é um paciente, mas sim
é uma emergência. Pode ser ainda pior que um paciente."
Eu levanto minhas sobrancelhas,
enfiando dois bolinhos na boca ao mesmo tempo.
"Hmmm? Wud id id, oc? Mnot uh mbadiend mbud
mmerendy?".
Ele balança sua cabeça pra mim.
"O que você disse? Eu não consigo entender."
Eu rapidamente mastiguei e engoli
antes de repetir. "O que é, doutor? Não é um paciente, mas uma
emergência?"
"Da próxima vez termine de
mastigar e engolir a comida antes de falar. Você vai engasgar se a comida
entrar em suas vias aéreas. Entendeu?"
Uau, olha... Mesmo sem meu
uniforme, ele ainda continua a fazer seu trabalho. Então eu fui repreendido.
Tem certeza de que ele é um médico e não um professor do escritório de
disciplina?
"Bem, não sei... Você disse
que era uma emergência então eu estava com pressa pra perguntar."
"Um, é meu amigo." Ele
olha pra mim. "Ele está terrivelmente bêbado numa festa no hospital. Ele
ligou e chorou como um louco. Eu estou preocupado então eu estou indo vê-lo. É
por isso que preciso encontrar um táxi."
"Então ele observa a estrada
novamente. Como eu disse, é inútil. A estrada está tão vazia. Não tem nenhum
carro, nem mesmo um carro pessoal. Sem falar um táxi".
Eu coloquei os últimos dois
bolinhos na boca, dando um tapinha em seu ombro. "oc, oc."-
"Huh... O que é? Eu te falei
pra terminar de mastigar antes de falar."
Ele me xinga de novo, então eu
rapidamente engulo toda a comida.
"Porque você não pede seu
namorado pra te levar? Ele tem um carro."
"P’Por está dormindo e eu
não quero acordar ele."
Oh... Então o namorado bonito
dele se chama Por, eh? Que tipo de cara é nomeado Malaeng Por[1]? Parece um
nome de garota!
"Talvez você possa pegar
emprestado o carro dele. É só por um curto momento, eu acho que ele não vai se
importar."
O médico me olha pra mim.
"Eu não sei dirigir."
Eu caí na risada. "Doutor,
eu não acredito! Você nunca dirigiu uma moto, e você não consegue dirigir um
carro. Você realmente nasceu pra ser um passageiro."
Ele rola os olhos para mim grande
tempo. "Certo! Ria o quanto quiser. Mas não é engraçado. Eu estou muito
preocupado com meu amigo agora! Sr. Moto taxista, tem algum táxi por aqui? Eu
tentei encontrar com meu aplicativo Grab e ainda não consegui encontrar
um."
"Vem, doutor. Eu te levo
lá."
Eu me voluntario. Eu já comi, e
não estou com pressa. Não é hora da partida de futebol, e meus dois tios não
estão com fome.
Ele vira pra me olhar, parecendo
meio confuso e meio surpreso.
"Um... Você vai me levar até
lá? O hospital é muito longe."
"São apenas quatro
quilômetros daqui doutor. Quão longe pode ser?"
Eu coloco meu capacete e abro o
assento bagageiro para pegar outro pra ele, imaginando se o senso de distância
do doutor é diferente das outras pessoas. Porque ele diria que quatro
quilômetros é longe?
"Não é longe, doutor. A
gente vai chegar lá rápido. Anda, sobe! Você está preocupado com seu amigo,
certo? Vamos logo."
Eu ofereci o capacete pra ele
novamente. Dessa vez o médico curioso o pega e coloca sem mais perguntas.
"Uh-huh. Obrigado. Eu vou te
pagar pela taxa de horas."
"Vamos discutir isso depois
de encontrar seu amigo, o pagamento pode esperar. Mas você tem algum plano do
que vai fazer depois? Eu acho que consigo levar dois passageiros, mas se seu
amigo estiver muito bêbado, eu não vou me arriscar, cê sabe."
"Não vou incomodar você com
isso." Ele torce o nariz pra mim. "Eu acho que posso levar ele
andando até o dormitório dos médicos. Mas nesse momento..."
Ele afivela o capacete e sobe no
assento. Uma mão na barra, uma mão em meu obro, como de costume. "...
Rápido me leve para o hospital. Você sabe onde é, certo? Aquele no
cruzamento."
"Claro que eu sei. Meu tio e
tio mais novo sempre pegam seus remédios lá. Segura firme, doutor. Eu vou
acelerar. Se você não segurar forte, você poderá cair ao invés de ajudar seu
amigo, você será quem precisará de ajuda médica."
"Pode acelerar. Eu não estou
com medo."
Mesmo que ele tenha dito isso, eu
consigo sentir sua mão apertar meu ombro mais forte que o normal. Eu ri internamente
enquanto ligava a ignição e saí em direção ao hospital.
(****)
"Nadiaaaaaaa!"
Eu não tinha nem estacionado
direito e o doutor baixinho já pula da moto, correndo para a base das escadas
no prédio do auditório. É um alívio que ele não está tropeçando por aí. Com
pernas tão frágeis parecem ser boas só pra andar. Eu desliguei o motor antes de
o seguir.
"Nadia, você está bem?"
Seu amigo está sentado na base
das escadas com sua cabeça caída. O médico corre para ajudar o cara a sentar
direito enquanto batia em seu rosto algumas vezes para acordá-lo. Eu acho que o
doutor estava com muita pressa porque ele pulou da moto e correu sem nem me
devolver o capacete. Ele apenas correu até seu amigo com o capacete balançando
ao redor de sua cabeça. Eu estou aliviado que aquele peso total da cabeça dele
não o derrubou.
Eu me aproximei para ver se havia
algo que eu podia fazer por eles.
"Vadia... Tawan, como você
chegou aqui?"
O amigo lentamente abre os olhos.
Oh, uau. Mesmo daqui eu consigo ver claramente que os olhos dele estavam muito
vermelhos, talvez de chorar ou por estar bêbado. Pode ser um pouquinho dos
dois.
"Você me ligou pra te
buscar, Nadia. Você não se lembra?"
"E... Porque você está
usando um capacete?"
Depois de ser apontado por seu
amigo médico bêbado chamado Nadia, meu passageiro finalmente percebe que não
tinha tirado o capacete ainda. Ele desafivela a fivela do queixo e passa o
capacete de volta pra mim, que estou olhando de trás dele.
"Desculpa, eu esqueci."
"Tudo bem, doutor." Eu
pego meu capacete e continuo olhando. "Tem algo que eu possa fazer pra
ajudar?"
"Não tem mais ninguém por
aqui, e eu não sei onde a guarda de segurança foi. Você pode me ajudar a
levantar ele? Eu não consigo fazer isso sozinho."
E então, o cara médico coloca os
braços do amigo em volta de seu ombro e olha pra mim. Eu devo presumir que ele
quer que eu faça o mesmo com o outro braço do cara e suportar seu peso?
"O nome do seu amigo é
realmente Nadia? Isso é legal. Que contraste com a aparência dele."
É verdade. Doutor Nadia é alto,
grande, musculoso e tem uma barba grossa. Sua construção é parecida com a minha
e o rosto dele um pouco impiedoso, o que não combina nenhum pouco com o nome
Nadia.
"O nome dele é Not, mas ele
mudou pra Nadia." Juntos, nós levantamos o Doutor Nadia, formalmente
Doutor Not, e o sustentamos em nossos ombros. "Hey, você pode me ajudar a
levar ele de volta para o dormitório dos médicos? Eu não consigo carregar ele
sozinho."
"Eu sei, doutor. Eu não vou
deixar você carregar seu amigo sozinho. Mas onde é o dormitório?"
"Atrás do hospital, senhor.
Nessa direção."
Então nós carregamos o Doutor
Nadia, terrivelmente bêbado, meio dormindo e meio acordado, pelo caminho quieto
do hospital. Nós quase não conseguimos completar essa tarefa exaustiva, como
ele é um cara robusto. Além disso, a diferença de altura está nos causando um
grande problema com o equilíbrio. Eu tenho um corpo grande e robusto, enquanto
o doutor do outro lado é muito pequeno, fazendo com que a pessoa que está sendo
carregada entre nós esteja pendendo para um lado.
"O antigo apelido de Nadia
era Not. Mas ele disse que um adivinho o avisou que o nome é desfavorável, e os
caras não viriam até ele."
O doutor baixinho fofoca sobre
seu amigo, que está totalmente desgastado, meio dormindo, e sendo carregado em
nossos ombros. Eu viro minha cabeça para olhar pra ele e ele não se mexeu nem
um pouco. Eu acho que ele não ouve nada porque já está adormecido.
"Então, ele mudou seu nome
de Not pra Nadia? Oh, uau... Eu pensei que médicos não acreditassem em
adivinhações."
Sr. Médico ri disso.
"Não em todos os assuntos.
Apenas alguns. Às vezes nós cegamente acreditamos em assuntos específicos, como
amor, por exemplo."
A resposta dele me deixou
curioso.
"Por que, doutor? Por que
você acredita em adivinhações sobre amor?"
"Talvez porque outros
assuntos na vida têm alguma lógica e podemos encontrar uma razão a qual pode
explicá-la. Se nós não trabalharmos de forma diligente, não ganharemos
dinheiro. Se não tivermos um trabalho, não teremos comida. Se não tivermos
habilidades ou conhecimento, não podemos avançar profissionalmente. Se
negligenciarmos nossa saúde, ficaremos doentes."
Ele faz uma pausa antes de se
virar para olhar pra mim.
"Mas amor não pode ser
explicado com lógica. Então nós nos apegamos a algo a mais para esperança e
conforto, como divindades ou adivinhações. Nós confiamos nestes para acalmar
nossos corações quando se trata de amor."
Eu aceno com a cabeça junto.
Caramba, essa é uma explicação racional para ser supersticioso.
"Oh, e você doutor? Você
acredita em adivinhação?"
Ele sacode sua cabeça. "Eu
não. O mesmo adivinho que avisou Nadia sobre seu nome me disse que minha alma
gêmea é uma pessoa mais jovem. Mas meu namorado é mais velho que eu. Então está
incorreto."
"Mehhh, quem sabe! Talvez
seu atual namorado não seja sua verdadeira alma gêmea."
Eu provoco.
"Se eu acredito que ele é,
eu posso fazê-lo ser o único. Eu não precisaria de nenhum adivinho pra
confirmar minha vida."
Ele enruga o nariz durante a
resposta.
"Ohhhh! Isso é tão afiado
que machuca! De onde você tirou isso?"
"Meu irmão mais velho postou
isso no Facebook e eu acabei de ver isso essa tarde."
Oh, entendo... Ele tem um irmão
mais velho. É por isso que ele parece o tipo irmão mais novo. Eu posso
adivinhar sua idade pela aparência. Mas meu amigo disse que médicos levam seis
anos para se formarem. Ele já é um médico (o nome em seu jaleco diz M.D., então
isso significa que ele já é formado), portanto ele deve ser mais velho que eu.
Sem seu uniforme de médico, eu
realmente não tenho ideia de como ele poderia ser mais velho.
Nós três chegamos à junção-T...
Para ser exato, no entanto, são três de nós, mas com o trabalho de apenas
quatro pernas.
"Okay, doutor, agora em qual
direção é?" Eu pergunto.
"Para a direita, todo
trajeto até o fim do caminho. Aquela construção no escuro é o dormitório dos
médicos."
A junção possui dois caminhos, um
está bem iluminado, enquanto o outro é escuro. E o médico gesticula em direção
para o escuro."
"Owwie, isso é longe,
doutor. Eu não consigo ver onde termina."
Além disso, está assustadoramente
vazio. Felizmente eu estou o acompanhando, ou isso seria terrivelmente
preocupante. Ele é tão frágil, e o amigo que ele está carregando está tão
bêbado e não consegue nem mesmo tomar conta de si mesmo. Eu sei que deve ser
seguro dentro dos muros de um hospital. Mas este hospital é enorme, e alguém
poderia ser capaz de se esgueirar sem que ninguém percebesse.
"Não é tão longe. Você só
não consegue ver porque está escuro. Durante o dia quando você vê o prédio, não
parece ser tão longe."
Ele sacode sua cabeça e continua
a meio carregar meio arrastar seu amigo em frente.
"Então, isto..." Eu
gesticulo para o Doutor Nadia que agora parece longe de acordar ou ainda ajudar
a suportar seu próprio peso, "O que aconteceu com seu amigo que fez ele
ficar bêbado desse jeito?"
"Ele não me ama... Tawan.
Ele não me ama."
Heh... Doutor Nadia magicamente
levanta sua instável, bêbada, e meio adormecia cabeça para me dar uma resposta.
Oh, merda, wow... Ele cheira fortemente a Sapodilla plum [2]. Acho que ele está
extremamente bêbado.
Eu sempre pensei que médicos só
bebiam licores caros quando festejam. Eu não tenho certeza se eles tinham
aqueles caros nessa festa, mas pelo que eu estou vendo, eles se embebedam assim
como o resto de nós. E o hálito cheirar a Sapodilla plum todos da mesma forma.
"Ele? Quem é ele, Nadia?
Você disse que iria me contar, mas não contou."
Oh, certo... Eu acabei de
perceber que Doutor Nadia se referiu a esse pequeno doutor com Tawan... Nome
legal. Eu gostei. Hoje em dia as pessoas tem nomes excêntricos e que soam estrangeiros.
É raro encontrar pessoas que tem um nome qsimples e uma palavra tailandesa
fácil de entender.
"Ele é... Pi...
Ganghan."
Doutor Nadia responde com suas
pálpebras meio fechadas, mas o pequeno doutor Tawan para em seu caminho,
encarando seu amigo com os olhos arregalados. Eu estou confuso do porque a
resposta "P’Ganghan" parece ser tão chocante pra ele.
"Merdaaaaa! P’Ganghan não é
passivo?"
Doutor Tawan parece tão chocado
que ele deixa escapar a pergunta bem alto.
"E daiiiiií, vadia? Eu o
amo. Independentemente do que ele seja, eu ainda amo ele."
O doutor bêbado se esforça pra
responder mesmo em seu atual estado.
"Mas você não pode amar
alguém que é passivo igual a você."
Na realidade, Doutor Nadia volta
a se curvar e dormir de novo antes mesmo que o Doutor Tawan pudesse terminar,
deixando-o encarando com olhos arregalados, e eu não tendo ideia do que estava
acontecendo.
"Hey doutor. Posso
perguntar, doutor? O que é essa coisa de... Passivo que vocês estavam
falando?"
Já que ele não estava dizendo
mais nada, e Doutor Nadia voltou a dormir, não dando nenhuma chance para ele
começar uma interrogação, eu agarro a oportunidade para perguntar.
"Uh... Como eu digo
isso." Ele parece constrangido pela resposta iminente.
"Hm, 'passivo' significa
aquele que está em baixo."
Oh, wow. Porra doutor. Essa foi
uma resposta muito vaga, eu quero bater nele com o meu punho, apenas se eu
tivesse uma mão livre.
"Bahhh, doutor! que tipo de
resposta é essa? Não ajudou em nada."
"Um... Quando dois caras
estão fazendo aquilo juntos, deve ter aquele que é o ativo, enquanto o outro é
o passivo, certo?"
Ele começa a explicar de novo com
mais detalhes, e mais gagueira, enquanto eu era todo ouvidos para a explicação
que era dada por ele.
"O ativo significa a pessoa
que uh... Aquele que é doa seu membro".
Ele parece estar com muita
dificuldade de terminar a frase que eu não consigo evitar segurar minha
respiração.
"Doador...? Que merda é um
doador, doutor? É muito difícil de entender."
A explicação dele não me ajuda a
chegar mais perto de entender. Eu estou realmente confuso, não me fazendo de
idiota, eu juro.
"O que coloca dentro!!! Voce
sabe colocar dentro? Inserir. É, inserção. O ativo é aquele que fode, insere ou
come, e o passivo é quem recebe."
Doutor Tawan vira sua cabeça para
me lançar um olhar, seus olhos tão arregalados que pareciam que iam pular pra
fora. Faz ele parecer aquele sapo mascote que era famoso a um tempo atrás, qual
o nome eu não me lembro.
"Bahaha! Okay, doutor, tão
claro quanto um cristal já está me dando uma imagem mental. Passivo e ativo,
huh? Termos esquisitos. Porque eles não usam apenas as palavras esposa e marido
para simplificar?" Eu ri enquanto pensava sobre meu tio e tio mais novo, o
casal de mesmo sexo da família...
"Então, hm, isso significa
que seu amigo é um... passivo? E ele se apaixonou por alguém que também é
passivo?"
"Ele acena com a cabeça.
"Uhum. P'Ganghan é um funcionário da casa médica no meu departamento que
nos treina sobre doenças cerebrais. Ele parece ser um cara legal, amável e
gentil. Eu acho que Nadia gosta desse tipo de pessoa. Mas ele é passivo assim
como ele."
Terminando suas frases, Doutor
Tawan olha para Doutor Nadia. "Veja, quando ele ama a pessoa que é
exatamente o mesmo, isso significa que eles não combinam juntos. Não tem como
ele serem namorados."
"Hey, isso não é verdade,
doutor." Eu me oponho.
Doutor Tawan me olha com olhos
estreitos. "Porque? Como isso não pode ser verdade?"
"Deixa-me te perguntar,
doutor. Esse cara que possui o apartamento que você está ficando, ele é seu
primeiro namorado?"
"Uhum, para um namorado
oficial, ele é o primeiro."
"Então, isso significa que
você nunca teve um coração partido antes, certo?"
"Um..." Ele pondera um
pouco antes de responder. "Eu acho que está certo."
"Então, eu digo que você não
sabe qual é o verdadeiro obstáculo do amor."
Eu assoviei uma vez no final do
meu discurso, me sentindo triunfante porque ele levanta as sobrancelhas pra
mim.
"Porque você deve pensar que
eu não sei do obstáculo do amor? Só porque eu nunca tive um coração partido não
significa que eu não sei nada sobre obstáculo no amor." Ele discute.
"Se esse é o caso, doutor, o
que você pensa que é o obstáculo do amor?" Eu pergunto de volta.
"Quando vocês não podem
possivelmente se amar." Ele responde quase instantaneamente. "Olhe
para Nadia e P'Ganghan. Os dois são passivos. Eles são iguais. Como eles podem
ser namorado?"
"Eu rio "Doutor, você é
tão infantil. Hahahaha!, mas eu sei quando duas pessoas não se amam, o que o
casal faz na cama não é o problema. Eles podem se ajustar. Eu acredito que dois
passivos podem se encaixar juntos. Se eles se amam, eles podem encontrar uma
maneira de fazer isso funcionar."
Eu dou uma pausa e espero ele
olhar pra mim para a próxima parte.
"Huh, então, qual é o
obstáculo do amor?"
Ele provavelmente viu que eu
fiquei em silêncio e decidiu pressionar.
"O obstáculo do amor é
quando a pessoa não te ama, doutor."
Desta vez, isso me rende um olhar
de espanto do Doutor Tawan. "Oh, wow... Isso é muito afiado. Me empresta
isso pra colocar no lugar de um bisturi."
Eu assovio novamente para
celebrar meu triunfo. "Ou, isso não é verdade, doutor?"
"Uh, sim. É verdade. Você
ganhou dessa vez."
"Sim, claaaaaro." Eu
rio.
"De onde você tirou isso,
sério?" Ele quer saber.
Eu encolho os ombros. "Eu
lembrei isso de uma série chamada Wake Up, Ladies. Você nunca assistiu? É
hilário."
Ele rola os olhos enquanto bufa
pelo nariz.
"Hah! É quase impossível até
de dormir, eu não tenho tempo para assistir televisão."
Nós conseguimos arrastar Doutor
Nadia para a frente do dormitório e por sorte, tem um segurança em serviço. Ele
se apressa pra ajudar Doutor Tawan carregar seu amigo para cima das escadas. Eu
não percebi o quão pesado Doutor Nadia era, até seu peso ter sido retirado de
cima de mim. Meus ombros estão todos dormentes. Eu olho para o Doutor Tawan,
pensando que ele estaria pior que eu, porque ele é menor e eu aposto que ele
tem menos força.
Ele olha pra mim e pega uma nota
de quinhentos baht de sua carteira.
"Obrigado Sr. Moto taxista.
Aqui está a tarifa."
Eu apressadamente aceno com as
mãos recusando.
"Yeowwwwww! Isso é muito,
doutor. Você perdeu a cabeça? Isso é quinhentos baht. Eu não vou aceitar."
"Tsk! Apenas pegue. Sem
você, isso seria um desastre. Pra mim e Nadia juntos."
Ele insiste em me fazer aceitar a
nota roxa.
"Se você quer me pagar, me
de cem. Esse é o pagamento da tarifa de horas para a sua viagem até o hospital.
Mas pela minha ajuda a carregar seu amigo, isso é um serviço extra, de graça.
Considere isso uma troca, por dividir comigo a explicação de ativo e passivo.
Bahaha!"
"Seu esquisitão..." Ele
dá uma risadinha e coloca a nota de quinhentos baht de volta na carteira e me
entrega uma nota de cem baht no lugar.
"Muito obrigado, Sr. Moto
taxista. Sem você, eu estaria ferrado."
"É Mork, doutor."
"Hmm...? O que é isso?"
"Meu nome é Mork. De agora
em diante, me chame de Mork. Eu não quero ser Sr. Moto taxista mais. Por favor
me chame pelo meu nome."
Eu sorrio, mostrando minhas
presas, enquanto dobrava a nota de cem baht e guardava em meu bolso.
"Muito bem, então de agora
em diante, você tem que me chamar de Tawan ao invés de doutor. Entendeu?"
Então, ele sorri de volta.
"Hoje à noite eu não vou voltar para o condomínio. Eu vou dormir no
dormitório dos médicos, quer que eu te acompanhe de volta pra sua moto? Você
consegue achar o caminho?"
Eu sacudo minha cabeça.
"Nahhh, não precisa, dou… Ops!
Tawan. Eu posso achar o caminho. Você vá tomar conta de seu amigo."
Ele dá dois passos para cima das
escadas e olha pra mim novamente. "Bons sonhos, Mork."
Eu aceno com a cabeça pra ele.
"Você também, bons sonhos,
Tawan."
E ele sobe as escadas pra dentro
do prédio. Eu volto para a minha moto, enquanto me lembrava de nossa conversa
no caminho quando carregamos Doutor Nadia de volta para o dormitório...
Eu acho Tawan é adorável. Ele
parece amigável, sincero, e pé no chão.
Okay, isso pode ser uma suposição
apressada, porque nós acabamos de aprender o nome um do outro um momento atrás.
Mas é assim que eu sou. Eu confio mais no meu instinto do que na lógica. E meu
instinto me diz que ele é um bom homem. Ele é o tipo de amigo desejado na vida
de qualquer um.
E, heh... É a primeira vez que eu
ouço sobre ativo e passivo. Então, o ativo significa marido e o passivo
significa esposa. Tio disse que ele é o marido, e tio mais novo é sua esposa.
Então, isso significa que quando eles fazem aquilo... Meu tio coloca seu membro
dentro do tio mais novo... Certo?
Oh merdaaaa! Alguém, apaga essa
imagem da minha cabeça agora, por favor!
Esta noite eu vou ter um maldito
pesadelo. Merda, Mork!
 ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄
Notas
da tradutora:
1. Malaeng Por: Significa
literalmente Por inseto, uma palavra tailandesa para libélula.
2. Sapodilla plum: Uma fruta com
cheiro doce. Neste contexto, se refere a um mal hálito por causa do álcool
porque algumas pessoas comparam o cheiro de sapodilla plum madura,
desagradavelmente doce e azedo.
Ja amo Mork e Tawan
ResponderExcluirJá amor o Mork. Ele é tudo🤣🥰
ResponderExcluir❤😍mork e tawan sao fofos
ResponderExcluirEu estou rindo
ResponderExcluir