Triage - Loop 9/3.

Créditos em inglês: nadamellow
Tradução: Anne.

Revisão: N'Diih.

— Equipe KhunPandex Traduções.

"Doutor... Doutor..." A doce voz de alguém toca em meus ouvidos enquanto uma mão sacode meu ombro. Eu lentamente abro meus olhos. A primeira coisa que capto com meus sentidos é o leve cheiro de anti-séptico, seguido pelo som do monitor da máquina. Eu lentamente sustento meu corpo e sento-me com a cabeça para baixo. Eu olho para o corpo na cama a minha frente em silêncio, por um tempo, antes de me voltar para a enfermeira que me acordou.

"Eu... dormi por muito tempo?"

"Não muito, apenas dez minutos. Estamos nos perguntando por um longo tempo se deveríamos te acordar ou não." P'Enfermeira sorri gentilmente. Ela está vestida com o uniforme de enfermeira, revestida com uma longa jaqueta azul, que é o uniforme de trabalho dos funcionários da Unidade de Cuidados Intensivos ou da Unidade de Cuidados Cardíacos. Ela olha para a minha mão, que está em cima da mão do paciente, se recusando a largar. "Doutor, você quer ir dormir no salão dos médicos? É melhor ficar com os residentes que estão de plantão."

"Eh... er, está tudo bem. É melhor eu voltar." Eu rapidamente solto a mão, levantando as costas dela para esfregar meu nariz antes de me levantar. Eu olho para o ECG, o nível de oxigênio no sangue, verifico a taxa de batimento cardíaco e a pressão sanguínea novamente, para poder ficar confiante, antes de sair da sala. Eu pego meu celular para ver a hora. Agora são 03h50 da madrugada do dia 19 de março. É quase o dia seguinte de manhã. Saio da porta da enfermaria do UCC escutando vozes que falam após isso.

"O paciente é namorado do médico da emergência?"

"Deve ser. Pobre dele. Eu vi que ele é a pessoa que o trouxe também."

Se você quiser fofocar, Pi, espere até que a porta esteja fechada, por favor? Eu ando até o elevador, pressiono o botão de descer e, em seguida, olho para o número do andar que é mostrado com uma sensação flutuante. O evento nas últimas quatro horas me faz sentir além de exausto.

Quando Tol chegou ao pronto-socorro, usei o desfibrilador nele em um único ciclo para controlar seu batimento cardíaco acelerado, que tinha chegado até 200 vezes por minuto. Depois, os batimentos cardíacos de Tol voltaram ao normal. Mas ele estava muito cansado, então não acordou. Uma intubação endotraqueal foi colocada sobre ele, e então, enquanto esperava o especialista em coração descer para avaliação, a fim de prepará-lo para ser enviado ao UCC, o coração de Tol parou de bater uma vez. Por sorte, Sing conseguiu ajudar a fazer com que os batimentos cardíacos de Tol voltassem ao normal, enquanto eu fui arrastado por uma enfermeira para fora da área de tratamento, porque comecei a perder a cabeça e gritar bem alto.

Tol foi enviado para a UCC assim que os sintomas começaram a se estabilizar. O pai e a mãe de Nong Tol seguiram o exemplo e vieram olhar seu filho até às 02h00 da madrugada. Eu mesmo também sentei-me atrás do balcão da enfermeira, vigiando Tol a distância, até que seus pais saíram para descansar, então me sentei ao lado da cama de Tol, segurando sua mão e olhando seu rosto. O rosto de Tol não estava encharcado de sangue como o que aconteceu antes. Mas seu estado inconsciente e a intubação endotraqueal não eram diferentes do que costumava acontecer, nem mesmo um pouco.

Na minha cabeça agora há duas direções. Uma parte do meu coração quer redefinir para um novo evento, alterando qualquer coisa que eu tenha perdido. Outra parte do meu coração quer continuar esse loop. Neste momento, Tol talvez ainda esteja vivo, mas no futuro, se ele ficará 100% recuperado ou não, terá que esperar pela avaliação do neurologista novamente.

Primeiramente, eu tenho que tentar voltar a dormir e ver o que vai acontecer, ver se o evento será reiniciado ou não – se Tol não morrer. Eu entro no elevador, com o objetivo de parar no pronto-socorro para pegar um remédio. Eu acho que eu provavelmente tenho que usar um remédio forte para dormir esta noite.

(****)

"Socorro!"

"Socorro..."

A voz de uma jovem mulher foi ouvida à distância por um menino de onze anos, enquanto ele estava construindo um castelo de areia com seu pai. Seu pai levantou-se para procurar a fonte da voz com uma expressão de pânico.

"O que aconteceu?!" O pai perguntou, fazendo com que o menino se levantasse por causa de preocupação. Uma mulher correu para encontrar seu pai. O menino reconheceu que essa mulher era a tia que era amiga de sua mãe.

"Nong... Nong estava se afogando, Dr. Tul. P'Oat o salvou e agora está inconsciente. Por favor, ajude-o a ir e verificar." A tia agarrou o braço de seu pai, seus olhos estavam completamente vermelhos. O menino abriu os olhos amplamente de susto.

"Nong se afogou?!!" O menino gritou, antes de correr para o mar, sem ouvir a voz de seu pai proibindo-o. A coisa que ele viu foi um pequeno corpo de um menino de quase 5 anos de idade que estava deitado inconsciente na areia. Lá estava o pai do garotinho, sentado ao lado dele, encharcado de água. Ele tentou sacudir e chamar por seu filho, olhando em volta sem saber o que fazer.

"Agora pouco nós estávamos brincando..." A voz do menino tremeu. Depois, ele viu seu pai, ou também conhecido como Doutor Tul, correndo em direção ao corpo de Nong, tirando sua camisa.

A emoção que senti depois disso foi sufocante, como se eu estivesse me afogando. Eu acordo em choque com o grito de Ai'Sibra, que pulou no meu peito como em todas as manhãs, na hora certa até que eu posso usá-lo em vez de um despertador. Eu me sento com uma sensação pesada e dor de cabeça. Pode ser por causa da pílula para dormir, e eu consegui dormir apenas por algumas horas. Sonhei vendo um evento que parece ter acontecido no passado. Eu lembro vagamente que quando eu estava, provavelmente, no 5º ano, meus pais me levaram para uma viagem em uma ilha no sul da Tailândia. Então houve um acidente que não consigo lembrar de muitos detalhes.

Mais tarde, peguei meu telefone e olhei para a tela. Agora são 07h00 da manhã do dia 19 de março, um dia depois que Tol entrou no pronto-socorro. Eu pisco olhando para tela, muitas vezes. Eu me lembro de Tol de repente, porque hoje não é o começo de um novo loop, e o tempo está avançando como de costume.

Já terminou. O loop do inferno acabou. Mas eu não me sinto feliz nem um pouco.
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Eu tenho que levar meu corpo meio adormecido, por causa de privação de sono, e drogado com a pílula para dormir, para trabalhar às 08h00 no lugar de Ai'Sing, que havia substituído meu turno na noite passada. Quando a porta do pronto-socorro foi aberta, todos os médicos e enfermeiros se viram para olhar para mim e parar suas atividades por um tempo. Silenciosamente, vou direto para o vestiário, tiro meu casaco e visto o uniforme azul-escuro. Quando saio, há uma garota andando na minha direção com uma gravata bagunçada e lábios pálidos porque não usava batom. Ela é Nong Kung, a residente do segundo ano. Ela é a pessoa que estava de serviço na noite passada depois de Sing, então ela testemunhou tudo o que aconteceu naquele tempo durante a mudança de turnos.

"Você está bem, P'Tihn?" Kung pergunta com uma expressão preocupada. "Como está o Nong?"

"Estável." Eu respiro. "Passe-me quais são os casos restante de seu turno."

"O turno de Kung não estava muito cheio, apenas dois casos sobraram. Há um jovem ali, bêbado, um acidente de carro fez seu ombro bater no chão. Seu ombro foi para a frente. Agora está sendo colocado de volta, e Kung deixou os raios-X para ser verificado. Outro caso é um avô de 80 anos de idade. Doença congênita, diabetes, pressão alta, colesterol, veio com uma boca distorcida alarmante. Seu braço esquerdo e perna estão fracos, CT foi feito e há isquemia cerebral¹. Agora mesmo o chamei para prescrever o remédio."

Eu concordo. Pela primeira vez em muitos dias, posso ver os casos que nunca conheci antes. "Ok, muito obrigado, Kung. Pode ir descansar."

Kung acena com a cabeça. Ela parece desgastada mais do que o habitual devido ao efeito do deslocamento tardio. "Então eu vou embora, Pi." Ela se vira e boceja, em seguida, anda direto para a sala de descanso. Eu me viro para olhar para os subordinados que estão ao meu redor. Eles são dois externos e um não-residente chamado Pong. Hoje é um time todo de homem.

"Externos recebem casos diferentes." Eu tento voltar a ser o generoso Tihn novamente, embora não seja totalmente 100%, não importa. "Se houver alguma dúvida, pode perguntar a P'Gap e P'Pong a qualquer momento. Vamos começar."

(****)

"Nong, foi uma hipóxia cerebral² que ocorreu quando seu coração parou de bater." Professor Pot diz enquanto mostra a imagem do cérebro de Tol no monitor. Eu conheci o especialista em Neurologia quando fui visitar Nong Tol, então encontrei a chance de perguntar. "Pelo Pi, Pi só pode dizer que não é tão ruim, mas é difícil dizer o quanto ele poderá se recuperar no futuro. Vamos esperar para ver, provavelmente teremos que fazer o ECG novamente."

"Tudo bem, professor." Eu olho para o monitor com tristeza. A mão do professor Pot bate no meu ombro.

"Pi ouviu a notícia. Seja forte na, Nong. Pi costumava ver coisas muito mais terríveis do que isso. Finalmente pude voltar e ficar. Quanto mais uma pessoa amada o visitar todos os dias, assim o paciente saberá e ficará melhor, com certeza."

Minhas sobrancelhas se contorcem quando ouço esse tipo de palavras de encorajamento. A notícia pode ter se espalhado de que sou namorado de Nong Tol. Além disso, eu fui a pessoa que trouxe Tol para cá e isso acrescentou mais drama à história. "Eu não sou..."

"Oh, P'Tuu, olá." Então o professor não escuta minha desculpa e se vira para dar um wai ao enfermeiro chefe da UCC. Eu suspiro e saio do balcão da enfermeira e vou direto para a cama de Nong Tol, que fica perto da janela. Eu arrasto uma cadeira e me sento ao lado de sua cama, olhando para o rosto de Tol, que ainda está dormindo confortavelmente. Tol vai ficar melhor se a pessoa que ele ama estiver do lado dele, certo? Então para onde Nong Mai desapareceu?

Eu rapidamente me retiro do pensamento negativo. Nong Mai pode ter vindo visitá-lo quando eu estava de plantão. Eu arrumo a camisa de Tol que está desarrumada, ajusto o gotejamento intravenoso do soro fisiológico, e me viro para verificar se o ventilador está ajustado corretamente ou não. Ser capaz de fazer isso é bom. Sinto-me feliz por poder cuidar de alguém, especialmente da pessoa que me sinto especial.

Meu celular vibra no meu bolso. Eu pego e olho para a tela, pressionando para receber a ligação. "O que foi, Dr. Tul?"

"Olá, Dr. Tihn." A voz do outro lado cumprimenta intensamente. "Você está trabalhando?"

"Eu não estou." Soltei um sorriso. Papai e eu gostamos de nos ligar assim desde que meu exame na Faculdade de Medicina foi aprovado. Meu pai é um antigo médico generalista que pode fazer tudo, desde entregar um bebê até uma cirurgia de apêndice. Ele foi o diretor do hospital da comunidade por 20 anos, era o ídolo para o pessoal. Agora o Dr. Tul é um rei das estrelas aposentado que trabalha como marido da minha mãe permanentemente. Mas ele ainda pode ir e voltar ocasionalmente para verificar as pessoas no campo.

A única ferida no coração do meu pai é a perda de sua primeira filha. Esta poderia ser a razão que o empurrou para a frente para trabalhar como médico até hoje e também a razão que me fez decidir estudar ainda mais em medicina de emergência.

"Se é assim, por favor, envie o arquivo PDF do livro didático que pedi. O médico ainda não me enviou." Papai ainda fala intensamente.

"Oi, eu esqueci. Estava ocupado." Eu estendo minha mão para mover o oxímetro que escapou do dedo de Tol corretamente. "E por que você fala como se estivesse falando com o serviço civil?"

"Eu liguei durante o check-up de um paciente. Se o paciente souber que estou ligando para meu filho, pode ser inapropriado."

"Aww, fale assim e o paciente também pode te ouvir completamente, Pho."

"É né?" Meu pai ri. Eu sacudo minha cabeça. Agora sei de quem puxei minha ridicularidade. "Não se esqueça de enviar para Pho, Dr. Tihn. Pho não atualizou o conhecimento e o cérebro de Pho vai ficar louco. Pobre é que os pacientes precisam ser tratados pelo conhecimento de dez anos atrás."

"Sim, sim, vou enviá-lo esta noite. Estou ocupado agora."

"Ok. Er, Tihn..." Eu ia desligar, mas meu pai me segura primeiro. "Mae disse que o filho de tia Pang e tio Oat tem doença cardíaca, ele está no hospital do Dr. Tihn?"

Eu franzo a testa para os dois nomes estrangeiros. "Quem são tia Pang e tio Oat?"

"Er, faz um longo tempo. Tihn talvez não se lembre. Tia Pang é amiga íntima de Mae. Costumávamos viajar juntos para o mar. Naquela época, Tihn tinha apenas 10 anos. Tia Pang também tinha um filho pequeno. Sua família acabou de se mudar para Bangkok, mas não nos encontramos novamente."

Abro os olhos e me viro para olhar o rosto de Tol. "O filho dela foi afogado?"

"Sim, sim. Pho foi ajudar. Nong teve que ficar de cama por três dias." Então meu pai ri tanto, me fazendo franzir a testa, me perguntando o que é tão engraçado. "Naquela época o Dr. Tihn era louco por Nong, porque ele era fofo como uma garota. Quando Nong foi levado, Tihn ficou deprimido já que achava que não cuidava bem de ninguém. Assim que Nong se recuperou, fomos fazer mérito juntos no templo perto do mar."

Meu coração começa a bater mais forte. "...Eu acho que me lembro mais ou menos."

"Tihn segurou a mão de Nong e caminhou até o antigo Buda, que os aldeões afirmaram ser sagrado, e disse que..." Meu pai diz e ri. "Que iria proteger o Nong da morte até que vocês se casem um com o outro! Pho e Mae quase não conseguiram chegar a tempo de separar você."

Eu quase engasgo com o ar quando papai disse aquilo.

"Er, eu estou falando há muito tempo. Quero dizer que, o Nong que falamos agora já deve ter se tornado um jovem homem, Dr. Tihn, por favor, verifique se há um jovem, que provavelmente é filho da Tia Pang, internado aí? Eu acho que ele dever estar na UTI, ou no  UCC."

Minhas mãos estão tremendo incontrolavelmente. Meus olhos olham para o rosto de Tol. "Nong... qual é o nome dele…?"

"Eu me lembro apenas do apelido. Espere um pouco que o Pho pode ligar para perguntar o nome dele de novo."

"Só o apelido está bom..." Meu coração bate tão rápido que ele pode pular através de cem vezes.

"Para mim." Meu pai responde. "Seu apelido é Tol."

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* Isquemia cerebral: quando há quantidade insuficiente de fluxo sanguíneo para o cérebro.

* Hipóxia cerebral: quando há diminuição do suprimento de oxigênio para o cérebro, mesmo que haja o fluxo sanguíneo adequado.

>> Capítulo 09/4