sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Manner of Death - Capítulo 2 - Ameaça

 


Tradução: Wingrid

Revisão: Victor

- Equipe KhunPandex Traduções

Levantei o leite quente para bebê-lo, enquanto meus olhos fixavam no meu trabalho na tela do notebook.  Vejo que as pessoas de outras profissões frequentemente trazem seus notebooks para trabalhar em cafés bonitos e com um bom ambiente. Eu também quero fazer isso, mas gostaria que meu trabalho não tivesse fotos de cadáveres mostrando o intestino depois de uma cirurgia aberta. Se eu trabalhasse fora, com certeza, afugentaria os clientes. No final, terminei fazendo meu trabalho sentado e sozinho na minha tranquila e fresca casa alugada. O meu trabalho desta noite é escrever o relatório de necropsia da senhorita Janjira — a pobre mulher que foi assassinada, mas enforcada para esconder o verdadeiro crime.

Vi algumas fotos do pescoço da senhorita Janjira que tinha sido aberto, revelando que o músculo dessa região estava cheio de feridas. A laringe, que eu tinha analisado antes, estava realmente quebrada quando a abri. Isso me dá mais uma evidência de que ela foi estrangulada, porque a morte de uma pessoa suicida que se enforca não teria machucado os tecidos até esse ponto. A menos que uma corda muito forte fosse colocada no pescoço, e a pessoa pulasse como em um bungee jumping, aí sim pode causar muito dano. Porém, creio que nem Janjira nem ninguém cometeria suicídio dessa maneira.

Tenho somente sete dias para escrever o relatório da necropsia. Mas pode ser atrasado se eu tenho que esperar os resultados de análise do laboratório. Se for assim, não há necessidade de agilizar tanto. Quando terminei de escrever a descrição geral do corpo, repousei a caneta e olhei para o relógio, que já marcava nove da noite. Não é tão tarde para ligar para alguém.

“Oi, P’...” Escutei a doce voz do outro lado da chamada. Tenho certeza de que N’Fai não estava de serviço neste momento.

“Fai, ainda não dormiu?”

“Ainda são nove da noite, P' Bunn. Só os velhos dormem às nove. Mas, então, porque me ligou a essa hora?”

Engoli o leite que tinha na garganta. “P’ queria informar o resultado da necropsia do caso suicida para Fai o escutar. É uma pena que Fai não possa trabalhar com esse velho P'."

Fai começou a rir. “Oh, me desculpe. Quero saber como foi. Realmente, foi estrangulamento?”

"Sim, os músculos do pescoço estavam gravemente feridos, e a laringe estava realmente quebrada. Já faz um tempo desde que eu tive um caso de assassinato. Isso é emocionante."

"Apesar de ter sido encoberto, não puderam te enganar. Quem fez isso certamente deve estar chorando por ter se empenhado tanto em encenar uma cena de suicídio" Fai começou a brincar comigo, e eu ri com bom humor.

"A essa altura, não vou errar...”

Depois de dizer essa frase, algumas memórias apareceram de repente na minha mente. A lembrança que me causa dor toda vez que penso nela e que eu trato de enterrar no fundo do meu coração, mas que volta para me assombrar frequentemente. Nunca errei? Para ser honesto, eu menti... eu cometi um erro. Foi um pequeno erro, mas que causou um enorme dano.

"Acredito que as habilidades de P'..." Estava muito perdido nos meus pensamentos que esqueci que estava falando com a Fai, "Alô? P' Bunn?"

Recobrei meus sentidos rapidamente. "Oh, oi."

Falei com a Fai durante uns dez minutos antes de dar boa noite e desligar a ligação. Apesar de ter terminando com a Prae faz menos de um mês, sinto que estou pronto para conhecer alguém agora, o que é um ciclo sem fim para mim. Não tive um relacionamento com uma mulher que durasse mais do que um ano. Essas mulheres frequentemente me dizem que não chegam ao meu verdadeiro eu e que nunca podem entender o que eu realmente penso. Elas dizem que eu atuo o tempo todo e que isso as incomodavam. Depois disso, apenas terminavam comigo.

Eu, Dr. Bunn, tenho sido conhecido como um homem paquerador, apesar de que isso não seja verdade. Aliás, eu sou amigo do procurador Phud, que é um completo sedutor, e isso fez parecer que Phud e eu somos o mesmo tipo de homem.

Dirigi minha atenção até a tela do notebook para continuar trabalhando. Devido ao frio que estava do lado de fora, ajusto minhas mangas compridas que estão sobre o pijama. Isso é o do que mais gosto do Norte: o frio. O inverno no Norte é um inverno de verdade. Ao contrário de Bangkok, minha cidade natal, que só tem uma estação de verão muito quente e uma época de chuva. Isso é algo bom, pois os cadáveres apodrecem lentamente em climas frios em comparação com aqueles em climas quentes.

Me surpreendi com o som da campainha.

"Quem será?"

Me levantei e saí do meu quarto e fui à sala de estar perto da porta da minha casa. Meu quintal da frente estava completamente escuro — só tinha duas luzes que iluminavam a cerca. Tentei olhar através da escuridão. Em minha mente, pensava que poderia ser alguns meninos apertando a campainha de brincadeira.

Então, vi uma folha de papel branco A4 que estava enrolada e colocada entre as barras da cerca. Abri a porta e com o vento frio que soprava na minha cara, caminhei lentamente até a folha. Recolhi o papel, pensando que era algum folheto publicitário.

O texto escrito no papel fez com que o ar ficasse ainda mais frio.

"Termine o relatório como um suicídio. Não leve está mensagem até a polícia. Caso contrário, você vai sofrer muito. Estou te vigiando."

Rapidamente, abri a porta e corri para fora, olhando à esquerda e à direita em pânico. Esta vizinhança era tranquila. Todo mundo já estava dormindo. Não vi nenhum sinal da pessoa que trouxe esse papel até à cerca da minha casa. Meu coração batia muito rápido devido ao medo. Minhas mãos estão frias. Respirei profundamente tratando de acalmar minha mente.

"O que é isso?"

Estava sendo ameaçado por alguém que me pedia para escrever a causa da morte como um suicídio.

Fui ameaçado para escrever que a srta. Janjira tinha cometido suicídio.

Voltei para casa, tranquei a porta e me assegurei de que ela estivesse bem fechada. Peguei o celular na mesa. Por que eu não deveria dizer para a polícia? Por que a pessoa que enviou essa carta foi quem matou a srta. Janjira. Depois de ligar para o Capitão M, sairei e perguntarei aos seguranças se não viram alguém lá fora. Depois disso, levarei imediatamente esse papel para a polícia.

Pressionei o botão para ligar para o Capitão M., no entanto, logo após um toque, meu celular foi pego por alguém. Me surpreendi e meu coração quase parou. Tem alguém na minha casa! Não perdi tempo e voltei rapidamente para olhar claramente. Saí correndo com a intenção de ir diretamente até a janela, mas uma mão forte que estava usando luvas de couro pretas se esticou, me agarrando e abraçando meu corpo sem me deixar fugir. Estava lutando pela minha vida e usando somente meu cotovelo para empurrar a pessoa com dificuldade.

"Me ajudem!" Gritei forte esperando que os vizinhos escutassem. "Tem alguém invadindo..." Ainda não tinha terminado de dizer minha frase quando fui golpeado no joelho.

Me deixei cair para sentar. Quando me dei conta, eu estava em uma posição que não podia mais lutar. Estava de bruços e meu braço esquerdo estava torcido nas minhas costas, minha cabeça estava pressionada no chão. Tentei respirar e franzi o rosto de dor.

"Doutor teimoso." A voz vinha da pessoa atrás de mim, "Não tinha intenção de fazer isso hoje. Mas você quer chamar a polícia, então não tenho outra opção."

Eu estava em uma posição muito ruim agora. Reuni minha força para me afastar dessa pessoa, mas ela apertou meus braços ainda mais. Tentei olhar para trás para ver a cara dela. Possuía um corpo forte, vestia um suéter preto e seu capuz cobria sua cabeça completamente. Tinha óculos preto e uma máscara branca que cobria a boca e o nariz. Não consigo saber quem é!

"Quem é você??" Tentei dizer algo enquanto sentia meu coração bater mais rápido por causa do medo, "Como você entrou?"

"Quem eu sou ou como entrei não é importante. Você deveria perguntar por que eu entrei..."

Apertei minha mão, pensando em como sobreviver. Primeiro, eu tenho que encontrar uma maneira de deixar de ser pressionado no chão assim, "Me deixe sair e vamos conversar calmamente. Você tem meu celular de qualquer forma."

A pessoa que estava atrás de mim começou a rir. Era a risada de uma pessoa que não tem consciência. Senti como se o sangue do meu corpo tivesse congelado. A esperança de sobreviver a isso desaparecia lentamente. "Você é inteligente e adequado para ser um médico forense."

"Você é a pessoa que matou a srta. Janjira? Então, vai me matar também, não é?" Minha voz começou a tremer sem que eu notasse. Vi o fim ficar cada vez mais próximo, podendo sentir até mesmo o sopro do Anjo da Morte.

A pessoa ficou em silêncio como se estivesse pensando em algo. Aproveitei essa oportunidade para mover minha mão livre para tentar me inclinar para cima. Mas ele torceu minha outra mão com tanta força que gritei. Então, se sentou nas minhas costas. Seu peso me fez sufocar, e eu comecei a sentir muita dor.

"Não posso te matar agora, porque primeiro você tem que escrever o relatório da necropsia do jeito eu quero que você termine. Você vai ter que encontrar uma maneira de dizer que o que você detectou durante a necropsia pode ser normalmente achado em uma pessoa que tenha se suicidado e explicar que errou ao dizer que foi assassinato." A pessoa inclinou seu corpo para baixo para falar na minha orelha, e eu não conseguia evitar me tremer incontrolavelmente, "A recompensa por obedecer essa ordem é que eu te deixarei ir quando este caso terminar, mas caso você seja teimoso e queria informar a polícia ou escrever no relatório que a falecida foi assassinada, então não te garanto que você fique salvo, assim como as pessoas ao seu redor."

"Sim...farei...qualquer coisa que você quiser. Mas, agora, me deixe sair primeiro." Respondi que estava de acordo em resolver este assunto imediatamente. Essa pessoa estava decidida a não me matar de todas as formas, então o que tenho que fazer agora é sair e ir até a delegacia de polícia o mais rápido possível.

"Okay, já que está de acordo, te aviso que sempre estarei perto de você e que eu posso acessar facilmente a informação da polícia. Posso saber se você entrar na delegacia e tentar esconder isso de mim. Se eu souber disso, você e as pessoas que você ama irão sofrer muito. Vamos fazer isso em silêncio e vamos deixar esse caso terminar bem." Sua mão que estava pressionando minha cabeça começou a acariciar minhas bochechas suavemente. "E não pense em confiar na polícia."

O que a pessoa acaba de dizer fez meu coração parar. Quantas pessoas tinham me escutado quando eu disse que a causa da morte da srta. Janjira não era suicídio? Além da equipe que participou da necropsia, também tem o Capitão M e outras pessoas da cena do crime. 

O rosto do homem identificado como namorado da srta. Janjira apareceu de repente na minha mente.

Antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, senti que meu cabelo estava sendo puxado para trás. E minha consciência apagou como um interruptor.

 

[...]

 

Acordei com dor de cabeça e com uma sensação terrível de querer vomitar. Chorei de dor. Levantei minha mão e segurei minha testa. Abri os olhos lentamente quando me dei conta de que eu ainda estava deitado no chão frio do meu quarto, me levantei lentamente e olhei ao meu redor. Estava sozinho ali, a pessoa tinha desaparecido.

Tentei ficar de pé, mas os enjoos terríveis fizeram meu corpo ficar instável. Utilizei minhas mãos para segurar a mesa para não cair. Logo tentei procurar pelo meu celular e não o encontrei, essa pessoa deve ter pegado ele. Senti que o sangue da ferida na minha testa fluía para baixo.

Polícia, fui agredido, tenho que chamar a polícia.

Olhei ao redor para encontrar o telefone de casa que normalmente coloco no canto direito da mesa. Meu coração caiu quando vi que só tinha um cabo telefônico — o telefone também tinha desaparecido.

"Urgh!" Tentei sair do quarto, e o enjoo voltou. Me sentei no sofá da sala. Tenho que encontrar uma maneira de chamar a polícia e sair daqui rapidamente. Tenho a intenção de caminhar para pedir um celular emprestado a um vizinho e usá-lo para chamar a polícia primeiro.

"Se eu souber disso, você e as pessoas que você ama irão sofrer muito." A voz da pessoa que me atacou veio a minha mente. "E não pense que pode confiar na polícia."

Fechei os olhos tratando de desfazer os pensamentos. Reuni minhas forças para lutar contra a dor e o enjoo de estar em pé. Escutei uma forte sirene que vinha de longe, uma sirene como a que estou familiarizado. Abri a entrada principal da minha casa e tentei arrastar meu corpo fraco para o estacionamento até a porta, que estava aberta, embora antes disso eu lembre de tê-la trancado.

A sirene soava cada vez mais perto. Vi a brilhante luz vermelha e azul na escuridão e essa luz veio diretamente para a frente da minha casa. Era a ambulância do hospital que era enviada para receber os pacientes que chamavam o centro de notificação de emergências. A ambulância chegou com grande velocidade antes de parar na minha casa. A porta se abriu com os enfermeiros e o pessoal do corpo médico de emergência segurando a prancheta dos pacientes e pulando rapidamente da ambulância.

"Dr. Bunn!!" P'Thep, um enfermeiro da sala de emergência, chamou meu nome. Seu rosto parece surpreendido ao ver meu estado instável. "Não tente caminhar! Sente-se aqui e espere, vou te levar para a ambulância."

A única coisa que pensei no momento foi que a pessoa que ferira minha cabeça e me deixara inconsciente fora a mesma que havia chamado a ambulância para mim.



Um comentário:

  1. manooo, essa novel é muito boa! Dá para sentir toda tensão nesse capítulo.

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