sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Manner of Death - Capítulo 3 - Diga adeus

 



Tradução: Wingrid

Revisão: Victor

- Equipe KhunPandex Traduções


“P’Thep!” Chamei o enfermeiro que estava sentado ao lado da minha cabeça. A ambulância foi conduzida em alta velocidade — fazendo com que até os assentos tremessem —, e o som era tão forte que a sirene fez minha dor de cabeça piorar ainda mais. Eles me colocaram em uma tábua rígida, me levaram para maca e me colocaram dentro da ambulância.

"Sim, doutor?" Ele se virou para me olhar com seus olhos bondosos. "Em pouco tempo, chegaremos ao hospital."

"Relatório de um homem de 30 anos." Estou quase indo dizer o que aconteceu, mas a voz do médico de emergência era mais forte. Falava pelo walkie-talkie para dar os detalhes da sala de emergência do hospital. "O vizinho disse que o paciente perdeu a consciência e que sua cabeça bateu no chão. Ao chegar, ele já tinha acordado. SaO2: 100%, ECG: 04; V5;M6, DTX: 101. E tem uma ferida na testa."

Nota: SaO2: Saturação do oxigênio no sangue. ECG: Escala de Coma de Glasgow, que serve para avaliar o nível de consciência da pessoa. DTX: Dextrostix, é um teste para determinar a glicose no sangue.

O vizinho disse que eu desmaiei e que minha cabeça bateu no chão.... Franzi a testa ao escutar isso.

"P'Thep..." Chamei o enfermeiro de novo "Quem chamou a ambulância?"

P'Thep só sacudiu a cabeça, "Não sei. Tenho que perguntar a quem recebeu a ligação. Ouvi dizer apenas que a pessoa era um vizinho que estava com você no momento. Não se lembra, doutor?"

Eu me lembro. Porque não lembraria? A pessoa que estava comigo nesse momento não era meu vizinho, essa pessoa era um assassino. "Quando chegou, viu alguém?"

"Não, quando cheguei você estava sozinho e estava com uma aparência estranha." O enfermeiro que é mais velho que eu por poucos anos estava expressando sua dúvida. "O que aconteceu?"

Estou tão feliz que alguém tenha notado anomalias nesse incidente, "Não desmaiei. Fui agredido fisicamente."

Os olhos de P'Thep se ampliaram, "Isso é sério?"

Como a distância entre o hospital e minha casa não era tão grande, chegamos em poucos minutos, e minha conversa com o enfermeiro foi interrompida. Quando a ambulância estacionou, P'Thep e P'Korn abriram imediatamente a porta e me tiraram.

O que aconteceu depois foi um caos, me empurraram apressadamente para a sala de emergências. Meu júnior, que estava de turno na sala de emergências nessa noite, correu até mim junto com duas enfermeiras. Fechei os olhos por que me senti muito enjoado.

"Senhor Bunn!" A jovem me chamou.  Abri os olhos. A enfermeira subia as mangas da camisa para medir minha pressão sanguínea, "Doutor, você está me escutando?"

"Escuto sim..." Respondi com a voz baixa.

Meu júnior começou a examinar meu corpo dos pés à cabeça e depois de se convencer de que não havia nada sério, voltou a me perguntar: "O que aconteceu?"

Levantei minha mão para segurar minha cabeça. Estava pensando se dizia a verdade ou não, mas já que minha vida estava em perigo, acreditei que seria melhor que outras pessoas soubessem que isto não tinha sido simplesmente um acidente. Quanto a parte da pessoa ser o assassino da senhorita Janjira, acredito que guardarei essa informação e conversarei com a polícia diretamente. "Alguém entrou na minha casa, me agarrou e jogou minha cabeça no chão, e depois, eu desmaiei..."

A jovem fez uma expressão bastante chocada. "O enfermeiro disse que você caiu, e sua cabeça bateu no chão. Não foi assim? Pode se lembrar da cara da pessoa?"

Sacudi a cabeça, pois tinha uma forte dor de cabeça e enjoos. Ela pegou a lanterna e me olhou para conferir de novo.

"Como se sente agora? Dor de cabeça? Enjoo? Quer vomitar? Visão borrada ou não?"

"Dor de cabeça... e enjoo."

Ela assentiu. "Se é isso, precisa fazer uma tomografia computadorizada para checar o cérebro. Se o pessoal encarregado disso souber que o paciente é você, doutor, provavelmente te colocarão na fila logo. Espere um minuto." Logo se afastou da cama e foi até o escritório do enfermeiro. Olhei para meu júnior. Nesse momento, eu estava mais preocupado com meu agressor do que com minha lesão na cabeça. Provavelmente serei diagnosticado, através de uma tomografia, com uma lesão na cabeça com risco de hemorragia interna no cérebro. Depois disso, terei que ficar hospitalizado para observar meus sintomas.

Tenho que esperar o processo de tratamento acabar primeiro. Quando me transferirem para uma sala mais tarde, então irei ligar para cancelar meu número de telefone que foi roubado e encontrar uma forma de falar com o Capitão M. Seria mais fácil se falasse com ele diretamente, porque é uma pessoa que é capaz de entender pelo que estou passando.

"Não pense que pode confiar na polícia."

A frase desse criminoso continua aparecendo na minha mente cada vez que penso na polícia. E isso me fez me sentir incomodado.

 [...]

 

Me deitei em um quarto tranquilo e fresco. O único som que escutava nesse momento era do velho ar-condicionado. A ferida na minha cabeça estava costurada e coberta com gaze, e a minha mão direita foi perfurada com uma agulha para a solução salina (soro intravenoso). Me levaram para a sala principal do hospital no departamento de cirurgia depois que saíram os resultados da minha tomografia. Por sorte, não tenho hemorragia interna no cérebro e não preciso ficar no hospital por muito tempo já que não tenho complicações. Fiquei feliz por ter vindo aqui. O hospital é um lugar seguro, ninguém pode fazer algo comigo aqui.

Tentei apertar a campainha para chamar a enfermeira para me emprestar um celular e logo fazer o que planejei. Também necessitaria usar a internet para encontrar a informação da ligação e cancelar meu número. Estiquei minha mão para alcançar a campainha, que ficava acima da cabeceira, para chamar a enfermeira.

Mas meu dedo foi incapaz de pressionar o botão, ainda mais porque escutei alguém fazendo barulho na porta. Me surpreendi com o som forte e me assustei um pouco. Logo a porta foi aberta por um homem alto, bonito, e com um rosto bastante familiar.

"Ai'Phud?" Abri os olhos e me surpreendi. Olhei o relógio da parede e era quase meia noite, "Como é que...?"

"Hey, meu melhor amigo está no hospital, como eu não saberia disso?" Arrastou a cadeira e se sentou ao lado da minha cama.

"Como soube que estou nessas condições?"

“Tentei te ligar para bebermos vinho na nova tenda do meu amigo. Um convite repentino às onze horas da noite. Te chamei seis vezes, e ainda assim você não retornava. Já estava ficando preocupado, então fui para sua casa. Vi o segurança da vizinhança passar de bicicleta, e me disseram que você foi levado de ambulância. Me surpreendi e, então, vim rapidamente para cá." Phud estendeu sua mão para pentear o cabelo que cobria meu rosto e logo olhou para minha ferida.

"O que aconteceu? Me diga!"

Esta é minha oportunidade. Se eu conto a história, Phud deve ser capaz de encontrar uma maneira de me ajudar. E, caso o criminoso tenha um informante na polícia de verdade, ele não ficará sabendo se eu pedir ajuda dessa maneira.

Aliás, Phud é a pessoa que eu mais confio nesse momento.

"Você soube da notícia da mulher que se enforcou hoje no apartamento?" Comecei fazendo uma pergunta.

“Oh, claro que sei. Me disseram. Também vi nos noticiários na internet. Você vai fazer a necropsia?" Pegou o telefone para abrir algo. "O Capitão disse que ela se suicidou porque brigou com o namorado. Ela tinha uma depressão severa e deixou uma carta de suicídio. Mas o que tem isso?"

"Que notícia escreveram?" Rapidamente peguei o celular que ele me entregou e na tela apareceu a página da web de notícias online com o título 'Uma jovem professora deprimida enforcada até a morte no seu apartamento'. No artigo, tem uma foto do corpo da Janjira, que foi coberto de pano branco sendo transportado para a ambulância.

Li o conteúdo da notícia até a última frase — 'Os paramédicos levaram o corpo para o hospital da região para o médico analisar a causa exata da morte'.

Nas notícias, não dizem que ela foi assassinada. O Capitão M tinha me ligado para perguntar sobre os resultados da necropsia e também me disse que não falou aos repórteres que tinha suspeita de que ela tivesse sido assassinada. Se o criminoso pensou que obteve êxito em ocultar a causa da morte, então, isso pode facilitar na perseguição do culpado.

"Isso..." Respirei profundamente e comecei a contar a história para que ele escutasse. A expressão de atenção de Phud se transformou lentamente em choque quando eu contei que uma pessoa invadiu minha casa e me agrediu. O procurador Songsak xingou com raiva.

"Que tem de mal em fazer seu trabalho, Ai'Bunn?" Ai'Phud tirou algo de seu bolso e me deu. É um celular branco, um modelo mais antigo do que o que usei para ler a notícia. Fiquei confuso. "Pegue esse telefone e use para emergências. Me chame ou chame a polícia. Tem números de pessoas influentes também, basta pesquisá-los."

Isto era o que eu queria. "Tem dois celulares?"

"Sim, esse não era necessário." Respondeu com uma pequena risada como se quisesse descontrair o clima de tensão.

"Acha que devo ligar para o Capitão M? A pessoa saberá se fiz uma chamada? Pode ser que haja um informante, na verdade." Admito que estou muito assustado agora.

Phud fez uma expressão como se estivesse imerso em seus pensamentos. "Agora não precisa fazer nada. Só fique calado e escreva a necropsia de acordo com a verdade. Tentarei encontrar uma maneira de dizer a polícia. Tenho gente que pode encontrar algumas listas. Enquanto isso, te enviarei a meus subordinados, os seguranças."

Nunca antes o tinha visto ser tão sério fora do trabalho. Estendeu sua mão e apertou meus ombros.

"... desculpa te incomodar." Disse. E senti como se o mundo inteiro fosse tirado do meu peito. Não tem nada mais maravilhoso que se sentir seguro na nossa vida.

Phud se inclinou para trás para descansar antes de ficar de pé. "Pode me chamar se tiver algo urgente, Bunn. Agora preciso ir ver algumas pessoas para te ajudar."

"Uhumm, muito obrigado." Agradeço o que ele fez do fundo do meu coração. Quando esse assunto se resolver, farei uma grande festa.

 

[...]

Quando saiu do quarto, entrou uma enfermeira para medir minha temperatura e minha pressão sanguínea. Pedi-lhe para apagar as luzes antes de sair. No quarto agora, só tinha uma luz fina através da pequena janela colada na porta suficiente para me permitir ver as coisas dentro do quarto. Usei o celular para chamar o fornecedor de serviços de rede para cancelar meu número de telefone. Depois de fazê-lo, me deitei, agarrando o celular de Phud com força e tratei de relaxar meus olhos para dormir. Minha dor de cabeça está melhorando, mas ainda me sinto frágil. Porém, estou certo de que esta noite passará sem problemas.

Não sei quanto tempo se passou. Acordei de noite. Com a luz frágil do exterior, pude ver o relógio da parede que marcava 02:45 da madrugada. A dor de cabeça desapareceu. Me levanto lentamente, mas ainda sinto meu corpo sonolento até quase não conseguir manter meu equilíbrio.

Uma folha de papal caiu do meu peito até meu colo...

Meu coração bateu rapidamente... o que é isso?

Minha mão tremeu e senti muito frio quando estiquei a mão para recolher o papel dobrado.  O abri lentamente. Tem uma letra bonita no papel, uma letra que ainda lembro. Uma letra que vi recentemente.

 

Disse para não dizer para ninguém.

Você desobedeceu.

Tenho que te ensinar uma lição.

Diga adeus ao procurador.

 

Não... Um sentimento de terror me atacou nesse momento e meu coração gelou.

A única coisa que posso pensar neste exato momento é que tenho que fugir daqui o mais rápido possível e pedir ajuda. Tentei levantar, mas logo senti que tinha algo de anormal no meu corpo. Minha força tinha ido embora. Tudo o que consigo sentir agora é letargia. Não podia me levantar da cama, não importava o quanto eu tentasse. Virei lentamente e vi uma sombra de um homem sentado no sofá.

Então, a sombra veio até mim. Tentei encontrar o botão para chamar a enfermeira, mas meu corpo foi empurrado para se deitar. Logo tentei gritar em voz alta, mas minha boca estava coberta por uma grande mão que tinha uma luva de couro preta.

"Se não quiser morrer, fique quieto." A voz da pessoa na minha frente me ordenou. Fiquei quieto por medo. Esta é a mesma pessoa que invadiu minha casa. Posso lembrar da sua voz e da aparência de seu rosto.

Meus olhos fitavam a sombra do frasco de solução salina localizado na cabeceira da cama antes de me sentir sufocar.

"Não queria fazer isso, mas foi você que escolheu assim."

A pessoa pegou algo de seu bolso: uma seringa de 5 ml, contendo um líquido claro no seu interior. Moveu sua mão para apertar meu braço esquerdo, onde eu estava recebendo a injeção. Tentei mover-me para escapar, mas não consegui evitar que ele injetasse o líquido na minha veia.

O que eu senti depois foi minhas pálpebras ficarem cansadas. O que está acontecendo? Sedativo? Diazepam? Midazolam? Lentamente, minha consciência se apagou devido à droga que tinha sido forçada a entrar no meu corpo.

"O doutor tem um segredo que outras pessoas não sabem." A voz daquele criminoso soava como se estivesse muito, muito longe.



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