Tradução: Wingrid
Revisão: Victor
- Equipe KhunPandex
Traduções
O vento frio sopra na varanda no quarto andar do hotel. Quase não dá para ver as nuvens brancas no céu azul claro. Fiquei quieto com a cabeça baixa e os braços apoiados no corrimão e tenho uma mistura de sentimentos que não consigo suportar. Agarro o celular de Phud, pelo qual neste momento leio as notícias online ao abrir um site da web.
'Um
procurador desapareceu misteriosamente. Dizem que isso está relacionado ao seu
trabalho.'
O
artigo da notícia disse claramente que o procurador está desaparecido.
Alguém
encontrou seu carro parado do lado da estrada desde a manhã de hoje. Ninguém
pensou que o carro parado era tão incomum até que descobriram que o
proprietário era um procurador. Ele não apareceu no tribunal e ninguém o viu
durante o dia. Quase não pude acreditar quando vi essa notícia.
É
claro que isso não está relacionado com um problema de trabalho. Eu acredito
que a causa do sequestro dele seja por minha culpa. O assassino deve ter
escutado que eu contei para Phud. Talvez algo que Phud fez tenha provocado o
assassino, e ele fez exatamente o que me disse.
Então,
o sonho de ontem à noite foi real?
Eu brami,
porque me sentia culpado e também incomodado ao ponto de querer explodir e
morrer neste lugar. Eu deveria me render? Deveria obedecer ao assassino antes
que o número de vítimas aumentasse?
Ou
devo chamar a polícia por conta própria?
O que
se passou em minha mente foi o sentimento de desconfiança em qualquer um. O
culpado parece um homem com ouvidos e olhos por toda parte. Provavelmente, um
infiltrado da polícia ou alguém familiarizado com a polícia. É possível que
seja um subordinado de algum capitão? Seria um inspetor? Ou talvez um homem
comum?
Eu estava
completamente no escuro. Não sabia por qual caminho seguir. Isso me obrigou a continuar
pelas peças que o assassino já estabeleceu. Terei que escrever um relatório de necropsia
dizendo que a srta. Janjira se suicidou e também tenho que concluir dizendo que
a primeira necropsia foi um mal-entendido. A evidência que indica que a srta. Janjira
foi assassinada pode não ser clara do lado de fora. Mas, quando a abrimos, o
dano no tecido do seu pescoço — definitivamente — não pode ter sido causado por
um enforcamento. Talvez eu possa mudar o relatório da necropsia, mas as
evidências são nítidas, posso ter consequências mais tarde se eu escrever um
relatório falso.
Preciso
ganhar mais tempo. No momento, o processo da necropsia ainda não está terminado.
Falta verificar os resultados do laboratório, como as análises de químicos ou
drogas no sangue e na urina e o resultado das manchas de sangue na unha da
vítima. Infelizmente, o assassino não deixou nenhuma evidência no corpo, nem
mesmo um fio de cabelo.
Então,
decidi fazer algo a respeito. Sempre acreditei no meu instinto e desta vez
realmente acredito nisso. Começarei a analisar as pessoas que acredito que sejam
o assassino e encontrarei qualquer evidência que possa se relacionar com essa
pessoa, antes que ele possa me fazer algum mal ou ferir as pessoas que amo.
[...]
Parei
na frente de um prédio comercial situado em uma zona muito concorrida na
cidade. Tem um grande letreiro de vinil estendido por duas varandas de edifícios
comerciais que diz: 'Professor Particular Tan — Tutoria intensiva para o exame
universitário de matemática, física e bioquímica.'
Agora
são quase seis da tarde, vi adolescentes tanto em uniformes escolares como em roupas
comuns saindo do edifício conversando de forma alegre e relaxada. Peguei meu
telefone e o olhei para me assegurar de que não estava errado antes de entrar
no prédio.
O
professor Tan, cujo nome real é Wiraphong Yotsoongnern, de 26 anos, se graduou
com honra na faculdade de bioquímica da universidade mais famosa do Norte e
logo veio para esta cidade para abrir uma classe de tutoria. Essas informações
não foram tão difíceis de se obter. Abri um artigo com a notícia da morte na srta.
Janjira e logo copiei o nome do sr. Wiraphong — o namorado da vítima e também o
primeiro a encontrar seu corpo. Logo busquei qualquer informação para
investigar quem era essa pessoa realmente. A formação educacional dele apareceu
em uma página de Facebook chamada "Professor Particular Tan", e a
página também fornecia um mapa. É por isso que facilmente cheguei aqui.
A
parte interna do prédio, no térreo, foi organizada como um lugar para se
sentar, estudar ou esperar que os pais venham pegar seus filhos. Senti que esse
lugar era realmente muito grande para o professor organizar sozinho. Fui
diretamente à pequena recepção que estava separada por uma porta de vidro. Tem
um letreiro verde ao lado da porta que diz 'Fale Conosco' (para agendar
encontros).
"Em
que posso te ajudar?" A doce voz do idioma local pode ser escutada assim
que abro a porta. Olhei para a dona da voz, que estava sentada atrás de uma
mesa cheia de documentos.
"Er..."
Eu deveria ser convincente e realista. "Eu gostaria de perguntar sobre as
aulas de tutoria para meu filho."
"Oh,
bem! Em qual matéria está interessado?"
"O
que o professor Tan ensina? "
"Biologia
e química." A mulher sorriu docemente.
"Gostaria
de ver o professor Tan, onde posso encontrá-lo?"
O
sorriso da mulher desapareceu um pouco, "Neste momento, o professor ainda está
em aula. Terminará perto das 7 horas da noite."
Sua
namorada acaba de morrer, mas ele voltou a ensinar. Quando penso nisso, sinto
mais ainda frustração no meu coração. "Obrigado, desculpa te incomodar,
mas... pode por favor dizer ao professor Tan que alguém quer conhecê-lo?
Esperarei na frente." Dei uma volta e saí da recepção. Sentei-me em um
banco com um grupo de estudantes do ensino médio.
Enquanto
sentava, fiquei olhando para o celular de Phud em minha mão. Me assustei quando
lembrei que meu amigo pode ter sido assassinado. Sei que fazer isso é arriscado
e não trago armas comigo, mas usarei esse lugar cheio de gente para me
proteger. O que eu queria ver era a cara, a estrutura do corpo e escutar a voz
desse professor. Se essa pessoa for o verdadeiro assassino, ao menos aparecer
na frente dele servirá como uma declaração de que não ficarei de braços
cruzados e o obedecerei. Eu levarei essa pessoa à prisão e trarei Phud de volta.
O
tempo passou lentamente. Observei os estudantes saírem do edifício um por um
até restarmos apenas eu e mais uma menina que estava sentada no canto jogando
com seu celular. O relógio na parede mostra que são 7 horas. Escutei um
movimento no andar de cima. O barulho de conversa gradualmente tornava-se mais e
mais alto. O que vi em seguida foi um grupo de estudantes descendo do andar
superior. A aula do professor Tan deve ter terminado. Me levantei e fixei meu
olhar nas escadas...
Eu o
vi. Um jovem alto caminhando atrás dos estudantes. Vestia uma camisa preta e jeans.
Falava com uma menina que descia junto com ele, como se estivesse explicando
algo para ela. Quando chegaram ao térreo, a menina levantou as mãos para
prestar respeito. O jovem aceitou com um sorriso antes de ir diretamente até a
pequena recepção em que eu estivera antes.
Estava
pronto para isso. Minhas duas mãos estavam dentro do bolso da minha calça
enquanto olhava a porta de vidro.
O
professor Tan saiu da habitação outra vez e olhou ao seu redor como se
estivesse procurando alguém, e então seus olhos se encontraram com os meus. Vi
que se surpreendeu.
Não
tinha razão para se surpreender.
O
canto da minha boca se levantou um pouco sorridente e acredito que
definitivamente não estou no caminho errado.
Veio
direto até mim, e inconscientemente meu pé moveu um passo para trás. Então,
observei a estrutura do corpo desse homem cuidadosamente. A altura e a forma
dessa pessoa eram similares às do assassino, mas com sua personalidade e sua
cara eloquente, Tan parecia uma pessoa boa e respeitável, o que se pode esperar
de um professor.
"Você
é o pai que queria falar comigo?" E então escutei sua voz.
O
professor Tan tem um tom de voz baixo e profundo, mas poderoso. Sua voz pode
hipnotizar qualquer um para que preste atenção e se concentre em suas palavras.
Gravei sua voz na minha mente para a comparar com a voz do assassino que
escutei.
É
difícil dizer...
A voz
do assassino na minha memória era de tom baixo, similar a essa voz. Mas ela
estava sendo pronunciada debaixo de uma máscara, o que a tornava mais indistinta
que o normal. Agora, só posso dizer que a voz do professor Tan é bastante
parecida com a dele, também é difícil lembrar a voz de um estranho,
especialmente quando se está em uma situação crítica com a cabeça ferida. O
fato de que talvez eu possa recordar o que aconteceu já é uma coisa boa.
"Senhor?"
O professor Tan me chamou e quebrou o silêncio.
Rapidamente,
me recuperei e olhei para o jovem que é um pouco mais alto que eu. "...
você é o professor Tan, certo?"
"Sim,
sou eu." Em vez de responder, acredito que ele estava olhando a ferida na
minha testa que estava coberta de gaze e logo desviou rapidamente para outro
lado.
"Vim
aqui perguntar sobre as aulas de tutoria..." Permaneci levando a fundo essa
identidade falsa para poder me aproximar mais. Observei cuidadosamente sua
expressão facial, e qualquer coisa que parecesse suspeita na cara dessa pessoa
não poderá escapar dos olhos de um médico forense como eu. "Meu filho quer
fazer um exame para ser médico, então eu gostaria de te perguntar os detalhes
das aulas de biologia. Como ensinará e quais são os temas?"
Vi
algo no lado esquerdo da têmpora do professor Tan. Mesmo estando coberto pela
franja, ainda assim pude ver um pedaço de band-aid claro e impermeável
cobrindo o lado esquerdo da sua têmpora com uma pequena mancha de sangue no
exterior. Vi hematomas vermelho-escuro ao redor da ferida que tinham uns três
centímetros de diâmetro. Essas características mostram que eles foram causados
por um objeto não pontiagudo. Devem ter umas 24 horas, porque o aspecto desses
hematomas é o de um recente.
Enquanto
observava, meus olhos analisaram o corpo do professor Tan de cima a baixo para
verificar a causa da ferida na cabeça. O que eu estava procurando era outras contusões
pelo corpo. Se ele estivesse com pequenos machucados espalhados por braços e
pernas, essas lesões poderiam ter sido causadas por um acidente de carro. No
entanto, se elas ficaram concentradas em uma área vital como a cabeça, então há
mais chances de ele ter sido agredido do que ter sofrido um acidente. Como se
pode ver pela pele dele, não tem nenhuma outra ferida em seu corpo.
A
dúvida cresceu rapidamente na minha mente. Não conseguia lembrar se o rosto do agressor
tinha feridas ou não.
"Ensino
biologia nas segundas, quartas, sextas e sábados pela tarde. O conteúdo seria
biologia para o ensino médio. Me concentro em todos os conteúdos importantes
que frequentemente caem nas provas de faculdade. Mas se quiser fazer a prova
para medicina, posso organizar uma aula especial baseada no exame de cotas com provas
do Instituto de Medicina da Tailândia." Tan levantou seu relógio, parecia
que ele tinha pressa para ir a algum lugar, "Se está interessado, pode
agendar com Pim na recepção." Apontou para a pequena sala.
"Obrigado."
Meus olhos seguem focados em seu rosto sem parar. Se essa pessoa for realmente
o assassino, estava atuando de forma muito realista e convincente.
"Então,
se me der licença..." Tan curva-se para mim, em um sinal de despedida, e
logo sai. Virei para ver aonde ele ia, e então a figura alta parou seus passos
e voltou a me olhar. O medo voltou a brotar no meu coração.
"Você
é..." Disse, "... um policial, certo?"
Nunca
antes tinha ficado tão atordoado.
"Te
vi na cena do crime com uma camisa escrito 'Forense'. É um detetive ou algo desse
tipo, não é?" Tan se aproximou de mim e me deu um cartão. "Esse é meu
cartão de identificação. Por favor, me ligue. Realmente quero saber se Jane se
suicidou ou não."
Essa
deve ser a razão pela qual ele se surpreendeu antes quando me viu. E pela
primeira vez, vi transparecer a tristeza no olhar dele. Abri a boca, mas não
soube como responder. Pensei que tudo se resolveria depois de conhecer o
professor Tan, mas agora vejo que todos os nós estão enrolados e emaranhados...
ao ponto de ser difícil desatá-los. Recebi o cartão com o nome do professor Tan
para guardá-lo.
"Durante
o dia, a polícia me ligou e me pediu para ir à delegacia. Eles me perguntaram onde
que eu estava antes de encontrar o corpo de Jane. Ainda bem que naquela noite
eu tinha ido para um casamento e logo depois saí para comer com meus amigos,
então tive um álibi para confirmar que eu estive com eles a noite toda. Caso
contrário, eu seria o suspeito número um." O professor suspirou um pouco.
"Vocês suspeitam de que a Jane tenha sido assassinada?"
Não
disse nada, porque meu cérebro ainda tentava organizar tudo o que tinha se
passado.
"...é
confidencial." Respondi. Logo uma expressão de preocupação se formou na
cara de Tan.
"Se
houver algum detalhe que possa ser revelado para mim, você poderia, por favor,
entrar em contato comigo? Ou se quiserem que eu faça algo, ficarei feliz em
ajudá-los no que for. Mas agora eu peço licença para fazer minha tarefa
primeiro."
Fiquei
quieto enquanto segurava o cartão com o nome da pessoa que tinha acabado de
sair do edifício e me senti como se tivesse encontrado um beco sem saída em um
labirinto. Estava no caminho errado? Fechei os olhos tentando me concentrar.
Agora, tudo está parecendo peças de quebra-cabeça espalhadas; a peça que estou
procurando é aquela do canto da imagem, que é perfeita como ponto de partida
para conectar-se com a próxima. Ainda não encontrei essa peça. Não estou nem
perto.
Mas
continuo acreditando que tem algo de errado com o professor Tan. Se ele for realmente
o assassino, definitivamente deve saber quem eu sou. Agora, pode estar fingindo
que não me conhece. Então, o que devo fazer é segui-lo para ver se ele tem
pressa de ir a algum lugar. Talvez fazendo isso, eu encontre alguma evidência
que o ligue ao crime. Ou, se o vejo escapando, isso também pode ser considerada
como uma boa evidência.
Sem
pensar duas vezes, saí rapidamente do edifício comercial. Está escurecendo
muito rápido, e o clima do lado de fora está frio. Olhei para esquerda e
direita para buscar meu objetivo. Então, vi que o professor Tan caminhava até
um carro preto que estava estacionado não muito longe da porta da escola de
tutoria. Memorizei o tipo de carro e a placa, antes de ir para o meu carro.
Vou te
levar para a prisão, Tan, porque você é o assassino.
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