Tradução: Victor
Revisão: Khin
A doce, leve e alta canção criava uma
encantadora atmosfera, convidando o ouvinte a ser indolente e curvar-se com o
calor. Lábios movem-se, murmurando, enquanto está imerso na canção.
“Música realmente linda”
O homem alto que está colocando a
fita para reproduzir virou-se para o amado na cama. Abriu a caixa de fitas,
pegou o papel com a letra da música, desdobrando-o para ver seu título e do que
ela se tratava. Em seguida, sorriu e guardou essa informação na memória para
lembrar-se depois.
De alguém que não se importava com
nada, ele, pouco a pouco, começou a aprender sobre as coisas da qual a outra
pessoa gostava e, então, guardava-as dentro de uma caixa chamada de
“lembranças”.
Korn caminhou de volta e sentou-se na
lateral da cama. Sua grande mão tocou o cabelo macio e acariciou-o com
delicadeza, convencendo seu Nong a voltar a dormir. Intouch fechou os olhos com
um sorriso em seu rosto.
Ele
amava esse sentimento.
(****)
(heuk)
O gemido fraco da pessoa em seus
braços fez o jovem rapaz apertar ainda mais o abraço. Os olhos
verde-acinzentados olharam para o rosto que parecia desconfortável, aflito, com
lágrimas que caíram sem parar.
“Shhh... não chore.” Os suaves
sussurros são acompanhados de um toque quente e macio na bochecha. A grande mão
enxugou as lágrimas gentilmente, com medo de o acordar. Dean curvou-se,
beijou-lhe a testa e fez um carinho em suas costas.
Pharm mexeu-se um pouco antes de
relaxar e acalmar-se. Ele se aninhou no peito dele, aquecendo seus lábios,
sorrindo como se estivesse tendo um belo sonho.
“P’... Korn.”
No escuro, o relógio digital brilha,
mostrando que são 5 da manhã. O coração de alguém está agitado.
Por
favor, liberte-nos do passado.
A música não é familiar. Um som alto
vindo da cabeceira da cama acorda a pessoa do seu sonho feliz. O dono do quarto
murmurou alto, enterrando sua cabeça no travesseiro, sentindo o líquido quente
no canto dos seus olhos. Ele enxuga de maneira relaxada antes de,
relutantemente, esticar-se para pegar o celular, que era a fonte do barulho,
apertando, em seguida, para atender a chamada.
“Alô...”
“...Pi?”
A pessoa sonolenta franziu o cenho.
“Quem... khrab?” Seu tom ainda estava áspero por causa do sono. Ele
encolheu-se, sentindo-se bem com o calor em suas costas.
“Pha... Pharm?” A voz no telefone
elevou-se, fazendo Pharm despertar completamente.
“É... Del? O que foi?” Pharm tentou
esticar seu corpo, mas teve que parar ao perceber que não conseguia se mexer.
Ele olhou para baixo em sua cintura havia uma mão bronzeada, uma conhecida mão
bronzeada e o calor que o envolvia nas costas.
...
Merda!!
“Del! Del!!” chama rapidamente pela
amiga na ligação telefônica. O garoto acaba de perceber que aquele não é seu
telefone. É do P’Dean.
“Então, é... m-meu irmão está com
você, certo, Pharm? Estou aliviada. Eu vi que ele não tinha vindo para casa,
então, eu liguei... f-fique à vontade.” gagueja Del, aparentemente envergonhada.
A mente de Pharm, porém, já estava em pânico.
“Não é o que está parecendo, espera!”
“Também diga a P’Dean que se quiserem
continuar, então, que ligue para mim e me avise. Bem, tchauzinho, não quero
atrapalhar... AAAAA... P’Donnnnn... !!!” O grito da linda garota ecoou para
fora da chamada antes de a ligação ser encerrada. Pharm está perplexo, com o
rosto pálido, olhando para o celular na mão, como se estivesse vendo uma coisa
proibida.
O que
fazer? Como explicar?!
“Hmm...” O tom de voz soava aborrecido
por ter sido perturbado. Ele aumentou a força do seu abraço até o corpo de
Pharm afundar profundamente nele. O garoto abriu a boca e tentou lutar contra
aqueles braços, mas a força de P’Dean é descomunal.
“P’Dean, P’Dean khrab.” Quando empurrar não funcionou, o garoto bateu-lhe com
moderação no braço, mas sentiu-se ser apertado ainda mais.
“Agh... P’Deannn!” murmurou por um
sopro quente tê-lo atingido na nuca. Seu maldito coração batia tão rápido que a
pessoa que o abraçava poderia ouvir. Finalmente, ele não pôde mais aguentar e
tentou se virar até que conseguisse. O garoto lançou um olhar furioso e estava
a ponto de gritar, mas um som familiar veio da cabeceira da sua cama. Pharm
ficou surpreso e fez um esforço para atender ao telefone. Porém...
“Hmm... khrab?”
O
quê!?
Aquele que dormia profundamente tinha
se virado de barriga para cima e estendera o braço para atender ao telefone.
“P’Dean!” gritou Pharm. Esquecendo-se
da vergonha, subiu até o peito do outro para pegar seu celular de volta.
Dean ficou em silêncio por um momento
quando escutou um gritinho na linha. Ele moveu sua mão para ver com quem ele
estava falando. Porém, a tela não lhe era familiar. Os olhos penetrantes
observaram o corpo da pessoa envergonhada que estava em seus braços e tentava
alcançar aquilo em sua mão. Dean levantou as sobrancelhas e fingiu afastar o
telefone.
“Oh... sim, sim. Às três horas na. Hm, vou levá-lo até lá.”
Após alguns instantes, ele encerrou a
ligação, mas ainda não devolveu o telefone. A proteção de tela do celular chamou
sua atenção.
“Aaaah! Não! Não! Não! P’Dean, não
olhe!!!” Pharm entra em pânico e rapidamente estica sua mão para cobrir os
olhos da outra pessoa. Seu rosto claro estava tão vermelho de vergonha que ele
estava aos prantos. Será que P’Dean viu,
ou não? Não sei. Hue.*[Em tailandês,
onomatopeia de choro ou lamento]
“Não cubra meus olhos!” protestou
Dean com um tom de humor na voz, pois a intervenção de Pharm não havia sido
rápida o suficiente, ele tinha visto perfeitamente com seus dois olhos.
“Pi, você... você viu?” Utilizava uma
mão para cobrir os olhos de P’Dean, enquanto usava a outra para alcançar o seu
telefone e, finalmente, pegá-lo de volta.
Dean não respondeu. Apenas deu-lhe um
sorriso enquanto segurava frouxamente seu Nong pela cintura, desconfiado e tão
absorto em sua vergonha que esquecera que ele ainda estava em seus braços.
“P’Deannn!” Quando ele não pode fazer
nada, como sempre, ele grita longamente o nome dele. “Por que você sempre faz
isso?” Pharm queria esconder seu rosto debaixo do travesseiro e se cobrir com
um lençol como faz um avestruz na terra.
“Era a Manaow. Ela disse que, à
tarde, vai haver uma reunião na casa de um amigo.” O jovem rapaz mudou de
assunto. “Eu vou levá-lo de carro até lá. Na volta, Team provavelmente vai te
trazer.”
Pharm apertou a boca. Então, tirou as
mãos do rosto de P’Dean e olhou para ele.
“Eu tenho um carro.”
“Mas eu quero levar você.” Dean
moveu-se para trocar um pouco de posição. Desta vez, levantou os dois braços,
apoiando sua cabeça e permitindo que o Nong ficasse sobre
ele.
O garoto fingiu estar aborrecido, mas
não podia discutir. Ele franziu a testa, pretendendo ligar de volta para
Manaow.
Hm,
Manaow?
Espera
aí!!! Agora há pouco, foi a Manaow quem me ligou?!
“Oh! Pi, quando você atendeu a
ligação, Manaow não ficou surpresa?”
Dean levantou as sobrancelhas,
esperando que a manhã passasse mais lentamente.
“Deu para ouvir claramente os gritos
dela.”
Pharm fez uma cara de como se o mundo
tivesse desabado. Del sabia, Manaow também, com que cara ele vai encarar os
amigos quando se encontrarem?
“Ah!” O garoto assustou-se quando a
grande mão lhe acariciou a bochecha. P’Dean usou a ponta dos dedos para
suavemente esfregar os olhos vermelhos.
“Seu olhos ainda estão vermelhos?”
perguntou, franzindo a testa. Os olhos de Pharm estavam úmidos de lágrimas.
Pharm sorri timidamente. Ele gosta
desse toque. Ainda mais, quando a mão calorosa e grande desliza e acaricia sua
cabeça como uma criança.
“Não mais khrab. Dessa vez, meu sonho parecia leve em meu peito.” Pharm
fechou seus olhos, tentando relembrar suas memórias. “Ouvi as velhas músicas
como as que minha mãe gostava de escutar na minha infância. E o Pi acariciava
minha cabeça assim.”
Os olhos verde-acinzentados miram o
garoto com culpa. Ele bagunça o seu cabelo e move-se para tocar-lhe a marca no
lado da têmpora. Dean impulsiona-se para cima, não esquecendo de dar suporte
para que o outro se sente. Ele inclina-se para beijá-lo na testa e, então,
sorri para o Nong.
“Vá tomar um banho, eu vou em
seguida.”
Ele esperou até o Nong se levantar
para pegar a toalha e caminhar de maneira incerta para o banheiro. Antes de a
porta se fechar, o cretino falou.
“Já pode mudar a foto de proteção de
tela. Não há a necessidade de fotos tiradas escondido.”
Pharm caminhou atordoado com os olhos
desfocados: resultado, ele bateu em alguma coisa, e fechou a porta com uma
batida. Enquanto isso, Dean ria até o seu corpo tremer. A criança estava tão
tímida que não sabia direito o que fazer.
A proteção de tela é a foto de Dean
que foi tirada secretamente enquanto ele dormia. Olhando para o fundo, deveria
ser na biblioteca, no dia em que Pharm lhe devolvera seus papéis.
Por não ter nenhuma camisa para se
trocar, Dean apenas colocou a toalha por sobre os ombros. Pharm fica chocado
por Dean sair com metade do corpo nu para fora do quarto. Ele bate na porta do
vizinho e, então, espera em pé de braços cruzados. Logo em seguida, uma pessoa
familiar aparece.
P’Sin parecia bastante sonolento com
os cabelos e o pijama bagunçados e estreitou os olhos para olhar a pessoa mais
jovem da cabeça aos pés.
“Não foi para casa?” perguntou P’Sin,
olhando em direção à porta ao lado como se dissesse implicitamente ‘Você passou a noite no quarto do Nong?!’
Dean deu de ombros, indiferente “Me
empresta uma camisa.”
“Você acha que vai caber em uma
camisa minha?” Com aqueles ombros largos, seria loucura tentar vestir.
“Quero dizer, uma camisa do P’Sorn.
Com certeza, você deve ter aí, não é?” O jovem rapaz massageou a cabeça com
preguiça de continuar a discutir com este cara.
“Ohhh!” falou calma e longamente,
escorando-se na porta do quarto, cruzando os braços, num claro sinal de
provocação. Porém, antes de poder continuar a fazer qualquer coisa, um som
dentro do quarto destrói suas intenções.
“Ah!” Quem jogou uma camisa não foi
P’Sin, pois ele ainda estava na porta, irritando Dean. A pessoa que jogou foi
P’Sorn, que veio de dentro do quarto, puxando a cintura do amado para perto de
si.
Eles nem se incomodam. Olhando para
eles, qualquer um veria que a noite tinha sido bem agitada.
“Já falou com o Nong?” perguntou,
movendo seus óculos para a parte de trás do seu longo e irritantemente
bagunçado o cabelo.
Dean ficou em silêncio por alguns
instantes. Ele olhou para os dois amigos nos olhos. Ele tem certeza de que
P’Sorn deveria estar sabendo de tudo.
“Pretendia falar com ele hoje.”
“Qualquer coisa, você pode chamar.
Estaremos aqui o dia todo.” Sorn não podia evitar de se preocupar. Bem, eles
são amigos desde sempre.
“Obrigado, Pi.” O bronzeado bateu nos
ombros dele. Ele pediu licença para voltar ao quarto. Entretanto, foi chamado
por P’Sin.
“Ei, caso use preservativo e por
acaso faltar, basta me pedir.”
A porta foi batida na sua cara junto
daquela frase jogada com força. Dean xingou alto, lançando um olhar mortal.
Já estava tarde quando Dean saiu do
banheiro. Ele caminhou em direção à cozinha onde o dono do lugar estava agora
colocando uma panela no fogo. O corpo grande e alto foi para a mesa de jantar e
olhava para o Nong manejando tudo com habilidade, divertindo-se. Teve uma
pequena surpresa quando viu uma sacola de comida, se perguntando se ela tinha
sido trazida enquanto ele estava no banho. Nong provavelmente havia corrido
para comprar as coisas de manhã, no mercado do outro lado do condomínio.
“Oh, P’Dean, você quer café?” Pharm
se virou e pegou o prato em cima da mesa. Na verdade, sentiu-se um pouco tímido
quando viu que a outra pessoa estava sentada, observando-o. Ele nem mesmo sabia
por quanto tempo Dean estava olhando!
“Onde está o café? Eu mesmo vou
fazê-lo.” Pondo um prato sobre a mesa. Ele viu que Pharm fazia uma pasta de
pimenta doce frita e omelete com mingau de arroz.
“No armário, do lado direito. A água
quente está em uma garrafa térmica. Por favor, traga a carne de porco desfiada
para mim também khrab.” Ele não
estava acostumado com essa situação e bateu a cabeça ao ponto de ficar tonto.
A coisa que Dean admira em Pharm é
que ele é um homem que prepara tudo muito bem e que gosta de ler. Ele está
sempre um passo à frente. Não importa o que ele faça, o garoto sempre tem tudo
preparado. Como quando ele tinha terminado de fazer o café e, ao voltar para a
mesa, encontrou ali um pratinho de cubos de açúcar para que ele pudesse colocar
no café.
Arroz quente e branco é colocado em
uma tigela que é posta em sua frente. Pharm pôs o pathongko[1] que ele havia
comprado mais cedo em um prato e adicionou mais porque ele sabia o tamanho da
fome de P’Dean.
“Lótus? Você vai prestar respeito aos
deuses?” perguntou Dean sobre a Flor de Lótus Real, uma flor rosa e branca embrulhada
em um papel. Mas, Pharm negou com a cabeça.
“No quarto, tenho apenas um pequeno khaephraongh. Eu normalmente uso phuangmalay para prestar respeito. Essa
flor de lótus é para embalar as sobremesas” (*phuangmalay = arranjo de flores)
“Embalar?” O jovem rapaz fez uma cara
intrigada.
“Uhum. Quando falei com Manaow, ela
me pediu para fazer uma sobremesa.” Pharm não queria admitir que fizera as
sobremesas para fechar a boca dos seus amigos. Manaow ligou para ele, gritando,
querendo saber sobre P’Dean ter atendido a ligação dela e fazendo uma série de
perguntas até que ele precisou desligar a ligação, deixando para falar mais
tarde.
“Eu fui comprar uma folha de banana
de uma loja, mas o mercado já estava fechado. Então, fiquei com a flor de
lótus, no lugar.” Pôs rabanete doce em uma tigela de arroz para o outro. “Chega
de perguntas, a comida vai esfriar. Bem, hoje, você vai me ajudar a fazer as
sobremesas.”
O jovem rapaz levantou as
sobrancelhas ao ser repreendido. Ele sorriu com o canto da boca, ficando à
vontade e começando a comer na frente dele. O sabor do rabanete caia bem com o
arroz quente. Crocante, mas não tão doce.
Dean murmurou baixinho,
“Devíamos morar juntos...”
Pharm ficou atordoado. As bochechas
vermelhas reapareceram e se espalharam pelas suas orelhas. Ele não sabia o que
responder. Felizmente, Dean não estava pedindo por uma resposta dele.
Farinha de arroz glutinoso, farinha
de feijão, farinha de arroz branco foram misturadas em uma tigela de prata.
Seguido de açúcar, leite de coco e sal. Mistura-se tudo isso junto, depois
derrama-se na panela, acende-se o fogo, e mexe-se suavemente a massa até que
tudo esteja bem homogêneo. O garoto segurou um riso quando viu o grandalhão ao
seu lado tentando espremer o suco de pandan[2] após receber a ordem de lavar,
cortar e depois bater bem essas folhas. Depois, espremeu-as com um pano branco.
Suas mãos enormes são muito grandes para fazer algo assim. Não conseguiu evitar
pegar seu celular para tirar uma foto.
“É o suficiente?” Dean enxugou seu
suor e passou-lhe uma xícara cheia de suco de folhas verdes escuras de pandan.
O jovem rapaz assente. Ele mexeu a
farinha até que ela começasse a ficar grudenta e depois derramou o suco de
pandan feito manualmente. O presidente do clube de natação despeja gradualmente
a mistura dentro dela.
“Pharm, você vai fazer qual
sobremesa?”. O jovem está olhando para a massa na frigideira. Estava adquirindo
uma bela coloração esverdeada como um sangkaya.[3]
“Chamungkud
khrab” virou-se para pegar sementes de melancia tostada em um prato e as
deu para a pessoa mais velha comer.
Dean levantou as sobrancelhas. “Chamungkud? Geralmente, não é amarelo ou
laranja, se parecendo com uma coroa de abóbora?”. Ele está falando de um lanche
redondo, amarelo alaranjado, de base decorada com sementes de melão. Às vezes,
uma cor dourada é colocada em cima dela.
Pharm balança a cabeça negativamente.
“Essa se chama Dara Thong ou Thong ek krachang. Essa outra foi feita
na época do Marechal de Campo Champol Por.
Mas o que eu acabei de fazer foi a sobremesa Chamungkud, que foi criada desde o reinado do Rei Rama II. Na
verdade, não é exigido folhas de pandan, mas eu o usei porque gosto delas.”
As mãos do garoto pararam quando a
massa estava macia, lisa e brilhante. Ele usou uma colher para cortá-la um
pouco e provar a massa macia como caramelo, exalando um aroma de velas
perfumadas e folhas de pandan.
“Delicioso” virou-se para dar a Dean
um sorriso, o rapaz também sorria.
Dean olhou para o Nong que recolhia a
massa para descansar sobre o prato. Em seguida, virou-se para pegar as folhas
de lótus que estavam amolecidas e, depois, colocou-as de lado.
“Familiar. Minha avó costumava falar
sobre esta sobremesa, mas eu não me lembrava. Por que eu troquei os nomes?”
Virou-se para pegar um prato de sementes de melão para decorar a sobremesa.
“Porque, no passado, existia um livro
onde a sobremesa teve seu nome confundido.” disse Pharm. “Esse livro se tornou
um modelo para a nomeação de sobremesas tailandesas até hoje. É difícil
corrigi-los agora.” Ele cortou o doce e colocou as pétalas de lótus. Arrumou as
sementes de melancia para decorá-las na farinha verde e depois as envolveu
cuidadosamente em um pequeno espeto.
“Se o embrulho estiver finalizado,
leve-o para ficar um pouco de tempo sob o sol. A sobremesa terá um aroma
agradável de folhas de lótus.” Pharm embrulhou gradualmente as peças uma a uma.
Dean olhou para o jovem que fazia a
sobremesa. Ainda que cozinhasse apenas para seus amigos, ele nunca
negligenciava o cuidado. Ele o ouvira dizer, quando estava ensinando a Del, que
as sobremesas tailandesas são encantadoras na sua beleza, que levam tempo para
serem feitas. Portanto, independentemente de serem feitas a sério ou por
diversão, quem o faz deve prestar atenção total a elas.
“Você gostaria de experimentar?”
perguntou Pharm sem olhar para cima, mas a resposta que teve foi outra.
“... sobre a noite passada”.
A mão que está tirando a sobremesa só
parou por um segundo antes de se mover novamente.
“É sobre o Intouch.”
Seus lábios cerraram. Os olhos do
garoto estavam, de repente, trêmulos. Dean tocou sua mão e a apertou
suavemente.
“P’Dean, posso perguntar uma coisa?”
“Khrab?”
Pharm levantou a cabeça para encarar
os belos olhos da outra pessoa. Ele moveu seus lábios em um pequeno sorriso.
“Se eu ouvir a história do Intouch,
nossa relação vai mudar?”
Sobrancelhas escuras foram
imediatamente franzidas. “Não mudará, nada mudará.”
“Então, se eu ouvir... ficarei triste
ou feliz?”
Os olhos verde-acinzentados piscaram
repentinamente. Pharm abaixou a colher e posicionou os dedos na mão da outra
pessoa.
“Talvez triste”. A voz de Dean está
turva.
Pharm aperta a mão do homem mais
velho e ri. “Por isso é melhor para mim não ouvir.”
Ao ver Dean tão surpreso, o garoto
sorri. “Saber para depois não se ter bons resultados, eu acho melhor não saber
então. Além do mais, não podemos consertar nada.” Ele olha para o doce
embrulhado em uma pétala cor-de-rosa esbranquiçada e o separa para depois. Está
lindo. “Sabia, Pi que eu nunca tinha usado pétalas de lótus para embrulhar
sobremesas antes?” Ele usou a outra mão para tocar sua têmpora. “Mas isso me
veio na cabeça. Acho que Intouch já deve ter visto isso em algum lugar antes.”
Pharm é abraçado pelo jovem rapaz
novamente. Sua voz é firme, sem hesitação. “Deixando de lado os sentimentos
tristes, acho que não tem problema em deixar como está, tudo bem? Sim, é o
mesmo que lembrar de um sonho pela manhã.”
O menino disse devagar e suavemente.
“Se memórias antigas voltarem de
novo, eu escolherei lembrar apenas as coisas boas. Para ter um coração feliz
para o amanhã”.
Ele terminou de falar e deu um
sorriso: “Eu não sei se são as palavras de alguém ou se são de uma letra de
canção. Tenho que tentar pesquisar e ver. Você está franzindo o cenho de novo.”
Esticou-se para tocar as sobrancelhas do outro. Ao ser alertado, as
sobrancelhas escuras relaxaram-se. Dean olhou para a pessoa à sua frente com um
sentimento imenso e devastador.
Ele não quer que este sorriso se
desvaneça...
“Eu me rendo.”
Pharm está piscando seus olhos. “Khrab?”
Dean abaixou a cabeça e tocou a testa
do outro.
“Pi se rende a Pharm, khrab.”
Puxou o corpo do menino menor para
abraçá-lo com força “Nunca lutarei contra você.”
Aquele de pensamento lento ainda está
confuso, sem entender. Porém, uma vez que sua ficha caiu, as bochechas ficam de
repente vermelhas.
“P’Deaannnnn, como que você se
rende?” Ele arrasta sua voz porque sabia que estava sendo provocado.
Dean riu. Ele esfregou a ponta do
nariz e roubou um beijo nas duas bochechas. O homem está agarrando a oportunidade
de ser ousado. O garoto em seus braços de rosto vermelho não será solto
facilmente.
Como ele pode explicar os sentimentos
em seu peito? Amor, amor e tanto amor.
“Posso beijá-lo?”
O menino de repente para de se mexer.
Desta vez, a cor vermelha se espalhou até as orelhas. Embora não seja o
primeiro beijo deles, ele não consegue parar de tremer suas mãos devido à
timidez. A pessoa que perguntou não esperou por uma resposta. Os lábios quentes
se aconchegaram até o canto da boca, pedindo uma resposta.
“Posso na khrab?”, Dean perguntou novamente. Ele esperou até que Pharm
acenasse com a cabeça. Os lábios quentes, então, esmagam quase imediatamente.
Os rostos estão unidos, os lábios
continuam esmagando, alternando-se. Então, o peso começa a aumentar à medida
que o ritmo da respiração se torna mais rápido. Sua boca se abre para tomar um
fôlego e faz uma entrada na outra pessoa para enviar a ponta da língua,
invadindo.
A umidade das duas bocas é seguida
por um ruído excessivo. Afastam-se, persuadindo suas línguas a visitarem uma a
outra. Os braços abraçam com mais força, seguindo o que seu coração lhe diz. Os
corpos estão se esfregando por instinto em resposta a um beijo quente, até o
mais velho suspirar de satisfação.
“Ah... uhh...!”
Pharm soltou um gemido quando seu
corpo foi levado para cima para sentar-se no colo. O beijo começou a ficar mais
quente. A pequena cozinha do condomínio está cheia de um aroma sutil de doces
misturados com sons de gemidos. Eles não sabem por quanto tempo se beijaram.
Não sabem o quanto eles se tocaram. As coisas que eram percebidas simplesmente
não eram suficientes.
Nunca
é suficiente...
“Haaahh”, o jovem garoto respirou
para encher seus pulmões. Os olhos estão bem fechados e ele está tremendo por
todo o lado.
Como se ele quase morresse.
A língua quente se moveu da ponta do
queixo para o peito. A camiseta foi puxada pela força da emoção e tocada pela
mão grande que esfregava ao longo da pele. Tocando a cereja pequena em seu
peito com a ponta do polegar, pressionando até que o garoto precisasse
apressar-se para agarrar aquele pulso malicioso.
Pharm levantou os olhos, se
perguntando se P’Dean iria parar, sem saber que tal visão só faria com que a
pessoa que a vê tivesse que suprimir seus sentimentos por dentro. Como uma
criancinha, ele franziu a sobrancelha com força, sem fôlego. Ele apertou o
pulso do agressor e fechou bem sua boca quando sentiu que sons estranhos iriam
sair.
“Ummm.”
Dean pressionou o beijo na cereja
daquele peito descoberto até deixá-lo vermelho. A sensação de querer ser o
dono, de querer possuí-lo, de querer tomar o Nong e seu corpo, para que ambos
voassem tão alto. O desejo de engolir, o desejo de tomar tudo para dentro de
si.
Pharm não é Intouch. O Nong é seu e
apenas seu. Korn não tem nenhum direito!!
“Louco!” xingou ele. Dean levantou o
rosto e fechou os olhos. As duas mãos se afastaram da pele escorregadia. As
mãos, então, puxaram a camisa de volta nos braços. Ele olhou lentamente para os
trêmulos olhos da outra pessoa, desejando continuar o relacionamento até o
final. Mas... não pode ser quando ele ainda não consegue afastar a sensação de
alguém dentro de sua cabeça.
As duas pessoas estão observando os
olhos uma da outra. A respiração também está ofegante e trêmula. Ninguém se
move como se temesse que, caso se movessem mais, isso se tornaria um
combustível para uma chama que não parará. As emoções dos adolescentes e o amor
apaixonado criaram-lhes a tentação de mergulhar no desejo. E isso realmente não
pararia se ninguém fizesse nada.
“P’Dean.”
A voz trêmula de Pharm pode ser
sentida. A jovem criança está olhando ao redor da sala, e ao ele ver os olhos
do Pi, começa a se acalmar. “Abra sua boca, khrab!”
Dean, que ainda está perplexo,
obedeceu facilmente à ordem. Imediatamente, uma bola de Chamungkud foi enfiada em sua boca quando ele estava prestes a
dizer algo.
“Oomph!”
“Bom?” Pharm está pronto para colocar
outra colher na boca se ele não responder. Ele encontrou uma maneira de mudar o
clima. O desejo se extingue rapidamente como se esparramasse água em um incêndio.
O presidente do clube de natação
acena com a cabeça. Mastigando o doce com uma gargalhada, até que ele é
atingido nos braços. Por Pharm ainda estar corado e sentado no colo do outro,
ele usava uma colher como arma.
Realmente cai bem em Pharm.
(***)
Às três horas, quase meia hora depois
da hora marcada, o sedã preto se afastou quando terminou de deixar a pessoa.
Pharm estava segurando uma caixa de sobremesas e um livro didático. Entrando,
ele sorriu para os quase dez amigos que estavam cochichando na varanda da casa
que se projetava para o gramado.
“Finalmente você chegou.” Team correu
e abraçou o pescoço de seu melhor amigo e depois o arrastou para o círculo de
estudo. É claro, a caixa de sobremesa já está na mão dele.
Assim que Pharm se sentou, todos os
olhos do grupo de amigos estão sobre ele. Os risinhos e as atitudes fizeram-no
querer fugir. Mas seu bom amigo Team permaneceu pressionando firmemente seus
ombros.
“Confesse.” Manaow usou uma garrafa
de água no lugar de um microfone.
“O que devo confessar?” Ele está
frustrado, mas as bochechas estão vermelhas novamente.
“Sobre P’Dean ter atendido seu
telefone. Era de manhã muito cedo, nem venha me dizer que ele não passou à
noite lá.” Team sorriu com os olhos brilhantes. Os amigos do grupo estão todos
balançando a cabeça quase simultaneamente. A história de Pharm e do presidente
do clube de natação é uma notícia quente. Ter uma oportunidade de ouvir da
própria pessoa, quem não gostaria de ouvir?
“Fazer o quê? É normal, ele veio para
dormir.” Tentou tirar o braço de Team para fora do ombro.
“Se você e P’Dean não fossem
namorados, provavelmente não teríamos pensado nada demais dessa história.” Disse
um dos amigos, fazendo a vermelhidão de Pharm se espalhar até o seu pescoço.
“Oh, merda. Já foi comido[4], não
foi?” Team fez Pharm virar à esquerda, virar à direita e depois levantou sua
camisa. Porém, não foi capaz de ver nada concreto.
“O que quis dizer com ‘já foi
comido’, idiota?! Afff!! Vocês não merecem comer essa sobremesa.” Pham pegou a
caixa com as sobremesas como um refém e fingiu que não compartilharia ela com
seus amigos. Os maravilhosos amigos apressadamente pediram desculpas. Ser
provocado tudo bem, mas não compartilhar as sobremesas caseiras, disso Pharm
estava definitivamente proibido.
(***)
Logo Dean havia chegado em sua casa.
Ele trouxera duas caixas de sobremesas. Outra coisa sobre a fofura de Pharm é
que não importa o que ele cozinhe, ele sempre guarda uma parte para ele
separadamente.
Ele ri e entra na sala de estar onde
os irmãos mais novos estão sentados.
“P’Dean!! Ontem, você não veio para
casa e passou a noite com Pharm, por que não nos avisou?” Del abraçou apertado
a cintura do irmão, gritando com ele.
Dean acariciou a cabeça da irmã e,
quando olhou para trás, encontrou seu irmão levantando as sobrancelhas, lançando
lhe um olhar insinuador. O irmão mais velho iria repreendê-lo, mas não
conseguiu porque, pela manhã, ele quase havia feito aquilo com Pharm.
“Desculpe... já era muito tarde.
Aqui, sobremesa.” Ele entregou uma caixa de plástico com aperitivos lindamente
organizados como forma de silenciá-los.
“Ohhh, embrulhado em rosa. Que
lindo!” Del correu para mostrar a seu outro irmão. Ambos se apressaram a tirar
fotos da incrível sobremesa para as redes sociais depois que seu irmão mais
velho explicou o que era.
Chamungkud tem o cheiro perfumado da folha de
lótus. Textura suave e macia. É claro que tudo foi consumido rapidamente,
restando apenas as pétalas de lótus de cor pálida das quais a menina não ousa
se desfazer, mas ela as olha com pena.
Dean sentou-se de volta no sofá,
olhando para seus dois irmãos de bom humor. De repente, a última frase de P’Sin
voltou à sua mente.
Intouch
é o tio de sua mãe...
“Quando nossos pais voltarão?”,
perguntou ele, fazendo com que os dois irmãos parecessem confusos porque, para
eles, Dean normalmente não se importa com a data de retorno dos seus pais.
“No final do ano, ou no Ano Novo.
Eles estão procurando as passagens. Provavelmente, não chegarão a tempo da sua
competição de natação após a prova.” Del respondeu pesarosamente. Ela queria
muito que eles vissem P’Dean em uma competição, porque é muito legal.
Dean estalou a língua e franziu o
cenho um pouco.
“Don e Del, vocês já visitaram nossa
avó?”
“Hã?” desta vez, Del gritou em voz
alta. A garota olhou de relance para P’Don, que se recuperou e está em estado
de choque.
O filho mais velho da família
Wongnate suspira.
Ele nunca perguntara antes sobre a
avó. Não era de se estranhar que eles estivessem tão chocados.
“Pi... você não odeia nossa avó?” Don
do outro lado do sofá se moveu.
“De onde você tirou essa ideia? Por
que eu a odiaria?” Ele alargou seus olhos e o repreendeu.
“Nosso pai disse que a mãe dele não
gostava da nossa mãe e odiava a família da nossa outra avó. Então, eu pensei
que você a odiasse…” Don justificou apressadamente seus pensamentos, o ouvinte
apenas assentiu.
“Nossa vó paterna nunca me ensinou a
odiar as pessoas. Então, vocês já se encontraram com ela ou não?” Três anos
atrás, desde que se mudou para a casa dos Wongnate, Dean nunca havia se
encontrado com a avó nem mesmo uma única vez. Ao ponto de nunca ter ouvido nada
sobre ela também.
Tanto a irmã mais nova quanto o irmão
mais novo estão hesitantes. Então, Del é a primeira a falar.
“Frequentemente vamos à casa dela,
mas não dizemos a você.” A menina se aproximou apressadamente de P’Don. “Com
medo de que P’Dean não fosse gostar, mas a vovó muitas vezes me perguntava se
você estava bem. Muitas vezes eu mostrei fotos suas para a vovó;”
Dean deixou cair os olhos e olhou
para seus punhos cerrados com força. Nas vagas lembranças de Korn, existia uma
irmã mais velha de In. Porém, não era muita coisa.
Uma mulher mais velha, magra e
frequentemente com um sorriso fraco, lábios finos, cabelos longos e lisos
completamente pretos, e olhos brilhantes como seu irmão mais novo, como se eles
dividissem o olhar.
“Eu quero me encontrar com ela.”
O jovem levantou o rosto, virando-se
para olhar seus irmãos.
“Quero vê-la. Melhor ainda se puder
ser hoje. Podem me levar até lá?”
Don e Del abriram bem os olhos. Eles
não entenderam o que aconteceu, mas puderam perceber que seu irmão realmente
não estava brincando e que devia ser importante para que P’Dean quisesse se
encontrar naquele mesmo dia.
“Espere.” Don rapidamente pega o
telefone. Ele conversou com alguém do outro lado da linha com um tom sério
antes de dar um grande sorriso e se virar para seu irmão para sorrir.
“Nossa avó está em casa. A casa dela
não é muito longe.”
Dean assente. Ele se levanta e pega
seus pertences, enquanto Don está confuso, mas rapidamente levanta e segue o
irmão.
O que ele queria fazer.
O que Korn queria fazer.
Para a irmã mais velha que perdeu um
irmão importante.
....
....
Quero pedir desculpas a você, eu
mesmo.
Notas
[1] Pathongko: espeto de massa frita.
[2] Pandan: planta utilizada para
aromatizar a culinária.
[3]Sangkaya: sobremesa tradicional tailandesa feita a partir de creme
de coco, açúcar e ovos.
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