quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Dark Blue Kiss - Capítulo 26

 


Tradução: Victor

Revisão: Khin

- Equipe KhunPandex Traduções.


Faculdade de Engenharia

Faculdade N

 

“Acha que ele consegue ficar de boca calada?”

Falou Pete enquanto caminhava com Kao em direção ao estacionamento depois de se separarem dos amigos. Nesse dia, ainda que as aulas tivessem terminado mais cedo, eles não se sentaram para conversar como geralmente fazem, pois Kao precisava ir para a escola da mãe. Ele a encontrou reclamando que não conseguia entrar nas aulas dela, sem mencionar que tinha de completar uma grande quantidade de documentos. Ele temia que sua mãe estivesse fazendo coisas demais, não tendo tempo para descansar. Kao sentiu-se mal por isso, então disse para ela que, após terminar os estudos, iria para lá ajudá-la.

Obviamente, depois de ouvir sobre isso, Pete se voluntariou para deixá-lo de carro.

Talvez Pete pudesse assumir a responsabilidade do seu querido animal, ajudando a mãe dele.

“Não. Algum problema?”

“Não estou falando da gente. Estou falando dele, Non.”

Pete pressionou o controle. Essa frase fez Kao alcançar a porta do carro e abri-la em três segundos. De repente, ele percebeu que Non não tinha feito investidas e, como Pete havia mencionado, estava silencioso.

Kao temia que após o acontecido naquele dia, Non ficasse tão furioso que o diretor se zangaria e repreenderia sua mãe. Então, sua mãe perguntaria para ele até quanto daquilo era real.

Porém ela não havia perguntado nada.

No começo, Kao estava aliviado que nada havia acontecido, mas ele também admitia que estava preocupado, pois sentia que algo encoberto pelo silêncio pudesse ser como uma onda escondida sob o chão. Depois de ouvir ao alerta de Pete, essa preocupação ficou mais óbvia. Será que Non planeja me atacar agora?

“Você também acha isso?”

Perguntou Pete, porém Kao não respondeu, apenas subiu no carro. Pete voltou-se para o conhecido assento do motorista e dirigiu com o rosto pensativo. Aquela expressão abalou bastante o coração de Kao.

“Pensei que ele contaria para o pai no dia em que aconteceu. Mas, o pai não fez nada, então estive certo de que nada iria acontecer. Só que depois de alguns dias, me senti muito desconfortável. Se ele nos provocar daquele jeito e nos perturbar, eu não deveria estar lá.”

Pete chegou a uma conclusão. Isso é outra coisa que preocupa Kao.

“Estou preocupado com sua mãe.”

Se fosse algo sério, Kao é o que mais sofreria com isso. Pois, com relação à sua mãe, o diretor tem o direito de avaliar o trabalho e ensino dela. Se ele estivesse ofendido, não faria nada de bom.

“Também estou preocupado” admitiu Kao com sinceridade. “Se minha mãe tiver sido repreendida pelo diretor e depois ainda descobrir sobre eu e você, ela ficará tão chocada que tenho medo de ela não conseguir lidar com isso.”

Pete virou-se para olhar após ouvir a voz desolada de Kao. Ele sabe que Kao estava psicologicamente preparado para o caso de a mãe dele descobrir a verdade e não a aceitar — o que iria acontecer —, mas ele não queria que o problema terminasse de um jeito negativo.

Ele entendia isso, mas estava tão depressivo quanto Kao, que era o filho biológico dela.

“Qual é, não vai acontecer nada.” garantiu Pete, com uma mão fazendo um carinho na cabeça de Kao e, com a outra, ainda no volante. Virou o rosto e sorriu de forma encorajadora. “Espere até esse sábado para ter certeza.”

“O que vou fazer se ela não conseguir aceitar, e precisarmos dizer adeus?”

“Já falei, nada de separação” salientou Pete a velha fala. “Mas deverá haver mudanças. Por exemplo, diminuir a frequência que ficamos juntos. Espere até sua mãe se acalmar e, então, retornamos ao normal.”

“Está mesmo tudo bem para você caso precise se separar?”

“Deve ficar tudo bem. Porém, não iremos nos separar. Não vai significar que pararemos de nos ver. Vou continuar a buscar você do mesmo jeito. Vamos nos encontrar na faculdade como sempre. Além disso, aquilo não pode ser feito em casa, vou levá-lo a outro lugar.”

“Merda, Pete! Não estou preocupado com aquilo!” protestou Kao. Ele não esperava que durante aquela conversa tensa, Pete fosse se lembrar disso. “Você está ficando safado, seu pervertido!”

“Chamam isso de visionário. Tudo deve ser planejado cuidadosamente.”

Pete ria tanto que Kao apenas conseguia rolar seus olhos e assistir. No começo, ele iria elogiar Pete como sendo divertido, compreensível, racional e confiável quando ele estava triste. Quando ele terminou de ouvir a última frase, no entanto, ele realmente sentiu o elogio morrer. Que pessoa louca, conseguindo pensar em obscenidades em quaisquer situações.

 

(****)

 

Naquela tarde

Escola B. Sala de Treinamento

 

“Vou sair para comprar um café. Tem algo que queira beber?”

Pete viu Kao na frente do computador inserindo o sistema e, depois, bocejando várias vezes de uma forma estranha. Assim, ele saiu para comprar café para ele e para a sua mãe também.

“Um Latte. Muito obrigado, Pete.”

“Nada.”

Pete sorriu para a mãe de Kao antes de virar-se para ele e dizer o jargão “I’ll be back”. Depois, saiu da sala até o carro que estava estacionado em frente do prédio para se dirigir à cafeteria mais próxima e comprar os cafés.

Kao podia ver sua mãe observando Pete por trás antes de se curvar para continuar seu trabalho.

“Pete é um fofo, Kao” soltou a mãe.

O olhar dele ainda estava dirigido para a tela do computador, e sua atenção estava muito mais voltada a escrever do que para o tópico da discussão, mas isso fez ele enrijecer, e seu rosto se transformou. Viu a mãe tão logo levantou a cabeça para olhá-la.

“Você está bem, Kao? Por que seu rosto está tão vermelho?”

“Nada. Acho que não dormi muito. Precisei olhar para o computador por bastante tempo, talvez esteja um pouco preocupado.”

“Por favor, descanse suas mãos.”

“Está tudo bem. Agora está tudo bem.”

“O Pete é tão bom assim com os demais amigos?”

A mãe continuou a falar sobre Pete, deixando Kao trêmulo outra vez.

“Ele é ótimo. Deixa a Sandee em casa muitas vezes” tentava explicar Kao suavemente para que assim sua mãe não pensasse que Pete tratava-o de uma maneira incomum. “Ele costuma também oferecer comida e café para June e Thada.”

“Parece que você me disse que, no passado, Pete costumava ser bastante encrenqueiro. Agora ele não parece mais um rebelde.”

“Não, senhora, não mais. Ele é um bom rapaz. O pai dele sempre o elogia.”

“Hm, o Pete tem namorada? Não vejo ele mencionar nada sobre namoradas. Além de ficar grudado com você assim como se não tivesse tempo para encontrar uma.” Uma série de perguntas curtas de sua mãe soava normal para os outros, mas para Kao, era como se ele estivesse sendo interrogado pela polícia. Ele estava muito preocupado com sua mãe descobrir a verdade ou suspeitar de alguma coisa entre ele e Pete.

“Ele conhece algumas garotas.”

“E quanto a você... conhece rapazes? Sabe, nunca vi você mencionar alguma garota.”

A mãe falou sorrindo. Kao olhou para a mãe e sorriu com relutância. Ele não queria mentir para ela, mas não tinha coragem de falar-lhe a verdade.

“Kao, você falou para mim que estava tudo bem. Não vou falar nada. Eu até mesmo contei minha história para você e Gib.”

Kao forçou um sorriso, mas não se atreveu a dizer uma palavra. Ele acha que a sua história e de Pete não era a mesma da deles. Ele também não estava certo se sua mãe iria rir e amar Pete assim.

“Olá, Sra. Kaew.”

No começo, ele ficou feliz que alguém veio interromper. Assim, ele não precisaria falar com sua mãe a respeito de Pete. Porém, após levantar seu rosto para olhar a fonte da voz, ele emudeceu porque a pessoa que havia entrado na sala era aquela que ele menos queria encontrar.

         Sim... a pessoa era o diretor da escola, Sr. Napakorn.

Ele realmente não sabia o que fazer com o diretor chegando nesse exato momento!

“Oh, olá. O senhor ainda não voltou para a casa, Diretor?” saudou a mãe com um sorriso.

Ele não agiu de forma estranha, então Kao achou que o diretor não havia contado sobre ele e Pete para a sua mãe. Ainda assim, Kao não está 100% assegurado porque alguém como Non não iria deixar isso barato sem fazer nada.

“Irei para casa, mas como vi que o seu filho veio para a escola hoje, tive que dar uma passada para dizer um oi” respondeu o Diretor, virando-se para Kao. Ele ficou de pé e saudou o diretor educadamente e tentou agir normalmente, se convencendo de que não acontecera nada. “Muito obrigado por ensinar o Non.”

“Sem problemas, Diretor.”

“Mas não precisa mais.”

O diretor disse enquanto ria, porém seus olhos que estavam fixados em Kao eram frios e cheios de escárnio. Kao entendeu porque ele veio lhe contar que não havia mais necessidade de continuar a ensinar Non.

Talvez ele soubesse que Kao era gay...

E a pessoa que contou para ele não podia ser mais ninguém exceto Non!

“Há algum problema?” perguntou a mãe, olhando para Kao com uma cara confusa e, depois, para o diretor como se esperasse por uma explicação.

O diretor falou que não iria deixar Kao ensinar Non outra vez, mesmo que, no começo, ele próprio tivesse sugerido isso. Kao foi dito ter sido negligente em seu trabalho, mas a mãe dele estava bastante certa de que seu filho não era assim.

Kao é muito responsável, sempre fazendo seu melhor. Kao nunca a havia decepcionado antes.

“Não há problema nenhum, Sra. Kaew. Falando nisso, mesmo que isso pareça um preconceito, não quero que Non fique perto do filho da senhora. Não vou deixar meu filho virar igual a um grupo de ovelhas.”

“Mas Kao nunca fez nada de errado. Eu ensinei meus filhos muito bem.”

“Sabia disso, Sra. Kaew?” O diretor deu um sorriso. “Talvez não soubesse que seu filho é gay. O melhor amigo que sempre anda junto com ele também é gay. Ele seguiu seu ciúme até a minha casa e até agrediu meu filho. Felizmente, Non me contou antes, caso contrário, não sei o que teria acontecido.”

As palavras do diretor imediatamente fizeram a mãe se calar. Ela virou o rosto para Kao com um olhar inesperado que fez ele chorar. Na verdade, ele não estava triste pelo diretor tê-lo depreciado, estava assim porque ele havia decepcionado sua mãe. Havia muitas palavras que Kao gostaria de falar para explicar à sua mãe, mas ele estava sofrendo tanto que não sabia o que dizer.

Ele não debateu o argumento de Non de que ele e Pete cometeram um erro quando agiram muito violentamente, mas o incêndio foi iniciado, primeiramente, pelo próprio Non. Então, era errado ele amar alguém do mesmo sexo?

O fato de ele ser gay é algo que foi decidido pela natureza, ele não pode mudar isso. Porém, ser ignorado sem razão por alguém que diz ser normal é muito injusto.

“Estou muito desapontado com a senhora e com seu filho, sra. Kaew... Isso não deveria ter acontecido.”

“Eu admito que briguei com o filho dele naquele dia!” Pete de repente aparece e surpreende todos na sala, principalmente Kao, porque ele não achava que Pete iria ousar responder daquele jeito a um adulto como o diretor. “Mas foi o filho dele quem começou. A coisa mais importante é que... você e eu somos apenas duas pessoas que se amam como quaisquer outras pessoas. Não há nada de errado nisso.”

“Nada de errado?” explodiu o diretor, rindo.

“Isso mesmo! Nós não fizemos nada tão errado quanto ele diz.”

“Realmente, não sei por que as crianças de hoje ousam enfrentar e falar sobre si mesmas desse jeito.” O diretor ficava furioso quando um jovem se atrevia a discutir com ele. Os olhares dirigidos a Pete e Kao estavam repletos de insultos e mais insultos. “Seus pais não falaram nada sobre vocês terem nascido homens e terem feito de si casos perdidos na vida?”

Desperdiçando a vida!

Pete estava com tanta raiva que cerrou os punhos. Ele pensou que Non devia ter ficado mais amargo por ter sido espancado, por isso contou ao diretor porque não teria como dar o troco nele. Merda!

“Pete, se acalma.”

Kao apressadamente puxou a mão de Pete para longe do diretor por temer que ele fosse brigar. Pete estava muito mais agressivo agora do que quando lutou com Non. Ele entendia os sentimentos de Pete quando o diretor falou tudo aquilo. Ele não apenas odiou e repreendeu Pete, mas também falou do pai de Pete, que não estava sabendo de nada.

“Está vendo seu filho, Sra. Kaew? Mesmo na sua frente, ele se atreve a fazer isso.”

“Eu entendo, diretor.”

Sua mãe falou depois de uma longa pausa. Kao não ousava adivinhar quem era que ela entendia. A mãe dele ficaria decepcionada e não conseguiria aceitar porque ele era o único filho. Isso a desmoralizou e fez ela ser humilhada daquele jeito.

“E também sei que esses rapazes nunca fizeram nada de errado, nada que desapontasse ou que fosse um desperdício para a vida deles, mesmo que você os repreenda um pouco que seja, Diretor” disse a mãe de Kao devagar.

“Sra. Kaew!” O diretor estava tão irado que sua face ficou vermelha.

“Lamento por incomodá-lo acerca da condição do seu filho outra vez, Diretor.”

A mãe bateu as mãos e sorriu levemente com os cantos da boca. O diretor olhou para aquelas pessoas, incapaz de discutir, antes de sair dali apressadamente com ódio e desprezo. Porém, aqueles que estavam mais surpresos do que o diretor eram Kao e Pete por nunca terem pensado que a mãe já sabia de tudo o tempo todo. E mais ainda, ela havia respondido ao diretor franca e severamente sobre todos os problemas. Agora Pete conseguia entender como que uma mulher pequena como ela pôde se manter firme junto com Kao e Gib.

De fato, ela é mais do que uma mulher maravilhosa, é mais forte e mais corajosa do que ele pensava!

 

(***)

 

Naquela noite...

Na escola, Kao e Pete ajudaram sua mãe no trabalho até quase 8 da noite. Ela pediu para ir para casa, então Pete se ofereceu para levar todos. Depois disso, ela fez ele ficar para o jantar e, então, passar a noite na casa, assim ele não precisaria dirigir à noite, pois era perigoso. Ele precisava ir para a escola para deixar Kao mais rápido.

No começo, Pete ficou um pouco envergonhado porque, após a discussão com o diretor, ninguém mais falou sobre aquilo outra vez. A mãe agiu como se nada tivesse acontecido com Kao e Pete. Começou a ficar desconfortável, porque eles ainda estavam confusos.

Sim... no fundo, eles ainda estavam preocupados que ela não fosse capaz de aceitar.

Mas quando a mãe pediu ao Pete, ela ainda o recebeu e ligou para contar ao pai dele que Pete iria dormir na casa do Kao. O pai dele também não sabia sobre isso. Durante a volta para casa, a atmosfera calma dentro do carro estava diferente do normal porque Kao e Pete estavam ambos desconfortáveis.

Os dois se olharam para sinalizarem antes de Pete falar pois ele não conseguia mais aguentar a tensão.

“Tia... o que aconteceu hoje é...”

“Diga o que quiser dizer” respondeu a mãe.

Ela parecia estar chateada e querer falar alguma coisa.

“Sobre eu e Kao...”

“Eu sei já faz um bom tempo” interrompeu a mãe.

Kao e Pete se olharam com rostos fracos e surpresos. Ao ver isso, a mãe riu antes de explicar.

“Na verdade, há muito eu tinha dúvidas de porquê Pete e Kao eram tão próximos. Eu observei aos poucos e pensei que possivelmente vocês estivessem se vendo. Porém, eu não falei nada nem perguntei porque eu estava esperando Kao falar primeiro. Eu estava preparada para ouvir hoje, mas ainda assim Kao não me contou. Vocês vão se amar em segredo até terminarem os estudos?”

“Sinto muito, Sra. Kaew. Para ser sincero, eu também já falei para o Kao contar à mãe porque ele não queria mentir. Só que Kao estava...” Pete foi quem havia dito isso. A surpresa de Kao era tão grande que estava calmo e parecia ter perdido a língua.

“Com medo de eu não conseguir aceitar?” perguntou a mãe.

“Sim” falou alto Kao. “Bem, minha mãe é uma professora. Além disso, ela tem apenas um filho.”

“Quê? Não sou uma conservadora. Em que era estamos? Meus estudantes também são gays, tom(boys), bissexuais. Muitos morreram. Muitos anseiam por isso. Eles vêm até mim para que eu os dê conselhos amorosos.”

“Está vendo? Eu falei que sua mãe é a melhor” disse Pete para Kao.

“Sim, minha querida criança.” Kao fez beicinho para Pete em desagrado. Se ele soubesse que sua mãe seria assim tão fácil, já teria contado a ela há muito tempo. “Peço desculpas por fazer você ter sido repreendida pelo diretor daquele jeito, mãe.”

“Que pessoa esse diretor, viu? Ele é velho, se recusando a mudar suas próprias visões. Para outras coisas, ele é uma boa pessoa. Mas, está tudo bem. Kao, você não precisa se desculpar. Acho que essa aceitação não será boa nem ruim, mas ficar pensando sobre isso é irrelevante. Nós podemos usá-la quando temos suficiente dela. Se o diretor soubesse, ele poderia ter uma visão mais compreensiva sobre os gays, mas quem sabe o que ele pensará...”

A mãe não continuou, parece que todos entenderam o que queria dizer.

“Então, como descobriu sobre o Non?” perguntou Pete com curiosidade.

“Hm, acho que desde o dia em que Non me perguntou sobre a história de vocês dois e propositalmente disse que vocês eram muito próximos. Non também não possui muitos amigos próximos.”

“Você é muito boa.” Pete realmente está admirado.

Quando ele foi repreendido pelo diretor, ele ficou com tanta raiva que não sabia como responder. Quanto mais ele se punha de pé na frente da mãe, mais ele temia dizer algo que afetasse ela. Ele não sabia, no entanto, que a mãe iria protegê-los ferozmente, lentamente, usando palavras persuasivas que deixaram o diretor tão emudecido que ele não conseguiu usar uma única palavra.

“Kao é meu filho. O que quer que você seja, vou amar você inteiramente. Pete é bom para o Kao, para mim e Gib... não há motivo algum para eu odiá-lo. De agora em diante, vocês dois são meus filhos. Não se esqueçam de amarem um ao outro. Quanto a Gib, esperem até ela crescer um pouco mais, não contem nada a ela. Hoje, os jovens estão muito abertos, não acho que seja bom.”

“Sim, senhora. Vou provar a mim mesmo. Ninguém dirá nada.’’

“Não há razão para se pressionar, Kao.” A mãe deu um leve sorriso. “Para falar a verdade, você vem sendo um ótimo rapaz até agora. Como mãe, eu estou orgulhosa. Eu também amarei você, não há motivo para você provar nada.”

Pete e Kao trocaram olhares. Eles entenderam o que ela disse. Ela falou que mesmo se eles tiverem nascidos fazendo parte do “terceiro gênero” ou o que for... nós, humanos, temos o mesmo direito de viver livremente.

“Ah! Estou aliviado. Sei que você me conhece há bastante tempo, mãe.”

Kao virou-se para sorrir para a mãe. Pete moveu os lábios para Kao, “Viu? eu te disse.” Isso causou coceiras em Kao, mas ele não reagiu, pois estava muito feliz naquele momento. Para ele, não interessa o que as pessoas de fora vejam, ele só precisava de que as pessoas que ele amava e sua família o aceitassem. Apenas eles, e ele não precisava mais de nada.

Capítulo 27




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