Tradução: Victor
Revisão: Khin
Faculdade
de Engenharia
Faculdade
N
“Acha
que ele consegue ficar de boca calada?”
Falou
Pete enquanto caminhava com Kao em direção ao estacionamento depois de se separarem
dos amigos. Nesse dia, ainda que as aulas tivessem terminado mais cedo, eles
não se sentaram para conversar como geralmente fazem, pois Kao precisava ir
para a escola da mãe. Ele a encontrou reclamando que não conseguia entrar nas
aulas dela, sem mencionar que tinha de completar uma grande quantidade de
documentos. Ele temia que sua mãe estivesse fazendo coisas demais, não tendo
tempo para descansar. Kao sentiu-se mal por isso, então disse para ela que,
após terminar os estudos, iria para lá ajudá-la.
Obviamente,
depois de ouvir sobre isso, Pete se voluntariou para deixá-lo de carro.
Talvez
Pete pudesse assumir a responsabilidade do seu querido animal, ajudando a mãe
dele.
“Não.
Algum problema?”
“Não
estou falando da gente. Estou falando dele, Non.”
Pete
pressionou o controle. Essa frase fez Kao alcançar a porta do carro e abri-la
em três segundos. De repente, ele percebeu que Non não tinha feito investidas e,
como Pete havia mencionado, estava silencioso.
Kao temia
que após o acontecido naquele dia, Non ficasse tão furioso que o diretor se
zangaria e repreenderia sua mãe. Então, sua mãe perguntaria para ele até quanto
daquilo era real.
Porém
ela não havia perguntado nada.
No
começo, Kao estava aliviado que nada havia acontecido, mas ele também admitia
que estava preocupado, pois sentia que algo encoberto pelo silêncio pudesse ser
como uma onda escondida sob o chão. Depois de ouvir ao alerta de Pete, essa
preocupação ficou mais óbvia. Será que Non planeja me atacar agora?
“Você
também acha isso?”
Perguntou
Pete, porém Kao não respondeu, apenas subiu no carro. Pete voltou-se para o
conhecido assento do motorista e dirigiu com o rosto pensativo. Aquela
expressão abalou bastante o coração de Kao.
“Pensei
que ele contaria para o pai no dia em que aconteceu. Mas, o pai não fez nada,
então estive certo de que nada iria acontecer. Só que depois de alguns dias, me
senti muito desconfortável. Se ele nos provocar daquele jeito e nos perturbar,
eu não deveria estar lá.”
Pete
chegou a uma conclusão. Isso é outra coisa que preocupa Kao.
“Estou
preocupado com sua mãe.”
Se
fosse algo sério, Kao é o que mais sofreria com isso. Pois, com relação à sua
mãe, o diretor tem o direito de avaliar o trabalho e ensino dela. Se ele
estivesse ofendido, não faria nada de bom.
“Também
estou preocupado” admitiu Kao com sinceridade. “Se minha mãe tiver sido
repreendida pelo diretor e depois ainda descobrir sobre eu e você, ela ficará
tão chocada que tenho medo de ela não conseguir lidar com isso.”
Pete
virou-se para olhar após ouvir a voz desolada de Kao. Ele sabe que Kao estava
psicologicamente preparado para o caso de a mãe dele descobrir a verdade e não a
aceitar — o que iria acontecer —, mas ele não queria que o problema terminasse
de um jeito negativo.
Ele entendia
isso, mas estava tão depressivo quanto Kao, que era o filho biológico dela.
“Qual
é, não vai acontecer nada.” garantiu Pete, com uma mão fazendo um carinho na
cabeça de Kao e, com a outra, ainda no volante. Virou o rosto e sorriu de forma
encorajadora. “Espere até esse sábado para ter certeza.”
“O que
vou fazer se ela não conseguir aceitar, e precisarmos dizer adeus?”
“Já
falei, nada de separação” salientou Pete a velha fala. “Mas deverá haver
mudanças. Por exemplo, diminuir a frequência que ficamos juntos. Espere até sua
mãe se acalmar e, então, retornamos ao normal.”
“Está mesmo
tudo bem para você caso precise se separar?”
“Deve
ficar tudo bem. Porém, não iremos nos separar. Não vai significar que pararemos
de nos ver. Vou continuar a buscar você do mesmo jeito. Vamos nos encontrar na
faculdade como sempre. Além disso, aquilo não pode ser feito em casa,
vou levá-lo a outro lugar.”
“Merda,
Pete! Não estou preocupado com aquilo!” protestou Kao. Ele não esperava
que durante aquela conversa tensa, Pete fosse se lembrar disso. “Você está
ficando safado, seu pervertido!”
“Chamam
isso de visionário. Tudo deve ser planejado cuidadosamente.”
Pete
ria tanto que Kao apenas conseguia rolar seus olhos e assistir. No começo, ele
iria elogiar Pete como sendo divertido, compreensível, racional e confiável
quando ele estava triste. Quando ele terminou de ouvir a última frase, no
entanto, ele realmente sentiu o elogio morrer. Que pessoa louca, conseguindo
pensar em obscenidades em quaisquer situações.
(****)
Naquela
tarde
Escola
B. Sala de Treinamento
“Vou
sair para comprar um café. Tem algo que queira beber?”
Pete
viu Kao na frente do computador inserindo o sistema e, depois, bocejando várias
vezes de uma forma estranha. Assim, ele saiu para comprar café para ele e para a
sua mãe também.
“Um
Latte. Muito obrigado, Pete.”
“Nada.”
Pete
sorriu para a mãe de Kao antes de virar-se para ele e dizer o jargão “I’ll
be back”. Depois, saiu da sala até o carro que estava estacionado em frente
do prédio para se dirigir à cafeteria mais próxima e comprar os cafés.
Kao
podia ver sua mãe observando Pete por trás antes de se curvar para continuar
seu trabalho.
“Pete é
um fofo, Kao” soltou a mãe.
O olhar
dele ainda estava dirigido para a tela do computador, e sua atenção estava
muito mais voltada a escrever do que para o tópico da discussão, mas isso fez
ele enrijecer, e seu rosto se transformou. Viu a mãe tão logo levantou a cabeça
para olhá-la.
“Você
está bem, Kao? Por que seu rosto está tão vermelho?”
“Nada.
Acho que não dormi muito. Precisei olhar para o computador por bastante tempo, talvez
esteja um pouco preocupado.”
“Por
favor, descanse suas mãos.”
“Está
tudo bem. Agora está tudo bem.”
“O Pete
é tão bom assim com os demais amigos?”
A mãe
continuou a falar sobre Pete, deixando Kao trêmulo outra vez.
“Ele é
ótimo. Deixa a Sandee em casa muitas vezes” tentava explicar Kao suavemente
para que assim sua mãe não pensasse que Pete tratava-o de uma maneira incomum.
“Ele costuma também oferecer comida e café para June e Thada.”
“Parece
que você me disse que, no passado, Pete costumava ser bastante encrenqueiro.
Agora ele não parece mais um rebelde.”
“Não,
senhora, não mais. Ele é um bom rapaz. O pai dele sempre o elogia.”
“Hm, o
Pete tem namorada? Não vejo ele mencionar nada sobre namoradas. Além de ficar
grudado com você assim como se não tivesse tempo para encontrar uma.” Uma série
de perguntas curtas de sua mãe soava normal para os outros, mas para Kao, era
como se ele estivesse sendo interrogado pela polícia. Ele estava muito preocupado
com sua mãe descobrir a verdade ou suspeitar de alguma coisa entre ele e Pete.
“Ele
conhece algumas garotas.”
“E
quanto a você... conhece rapazes? Sabe, nunca vi você mencionar alguma garota.”
A mãe
falou sorrindo. Kao olhou para a mãe e sorriu com relutância. Ele não queria
mentir para ela, mas não tinha coragem de falar-lhe a verdade.
“Kao,
você falou para mim que estava tudo bem. Não vou falar nada. Eu até mesmo
contei minha história para você e Gib.”
Kao
forçou um sorriso, mas não se atreveu a dizer uma palavra. Ele acha que a sua
história e de Pete não era a mesma da deles. Ele também não estava certo se sua
mãe iria rir e amar Pete assim.
“Olá,
Sra. Kaew.”
No
começo, ele ficou feliz que alguém veio interromper. Assim, ele não precisaria
falar com sua mãe a respeito de Pete. Porém, após levantar seu rosto para olhar
a fonte da voz, ele emudeceu porque a pessoa que havia entrado na sala era
aquela que ele menos queria encontrar.
Sim...
a pessoa era o diretor da escola, Sr. Napakorn.
Ele
realmente não sabia o que fazer com o diretor chegando nesse exato momento!
“Oh,
olá. O senhor ainda não voltou para a casa, Diretor?” saudou a mãe com um
sorriso.
Ele não
agiu de forma estranha, então Kao achou que o diretor não havia contado sobre
ele e Pete para a sua mãe. Ainda assim, Kao não está 100% assegurado porque
alguém como Non não iria deixar isso barato sem fazer nada.
“Irei
para casa, mas como vi que o seu filho veio para a escola hoje, tive que dar
uma passada para dizer um oi” respondeu o Diretor, virando-se para Kao. Ele
ficou de pé e saudou o diretor educadamente e tentou agir normalmente, se
convencendo de que não acontecera nada. “Muito obrigado por ensinar o Non.”
“Sem
problemas, Diretor.”
“Mas
não precisa mais.”
O
diretor disse enquanto ria, porém seus olhos que estavam fixados em Kao eram
frios e cheios de escárnio. Kao entendeu porque ele veio lhe contar que não
havia mais necessidade de continuar a ensinar Non.
Talvez
ele soubesse que Kao era gay...
E a
pessoa que contou para ele não podia ser mais ninguém exceto Non!
“Há
algum problema?” perguntou a mãe, olhando para Kao com uma cara confusa e,
depois, para o diretor como se esperasse por uma explicação.
O
diretor falou que não iria deixar Kao ensinar Non outra vez, mesmo que, no
começo, ele próprio tivesse sugerido isso. Kao foi dito ter sido negligente em
seu trabalho, mas a mãe dele estava bastante certa de que seu filho não era
assim.
Kao é
muito responsável, sempre fazendo seu melhor. Kao nunca a havia decepcionado
antes.
“Não há
problema nenhum, Sra. Kaew. Falando nisso, mesmo que isso pareça um preconceito,
não quero que Non fique perto do filho da senhora. Não vou deixar meu filho
virar igual a um grupo de ovelhas.”
“Mas
Kao nunca fez nada de errado. Eu ensinei meus filhos muito bem.”
“Sabia
disso, Sra. Kaew?” O diretor deu um sorriso. “Talvez não soubesse que seu filho
é gay. O melhor amigo que sempre anda junto com ele também é gay. Ele seguiu
seu ciúme até a minha casa e até agrediu meu filho. Felizmente, Non me contou
antes, caso contrário, não sei o que teria acontecido.”
As
palavras do diretor imediatamente fizeram a mãe se calar. Ela virou o rosto
para Kao com um olhar inesperado que fez ele chorar. Na verdade, ele não estava
triste pelo diretor tê-lo depreciado, estava assim porque ele havia
decepcionado sua mãe. Havia muitas palavras que Kao gostaria de falar para
explicar à sua mãe, mas ele estava sofrendo tanto que não sabia o que dizer.
Ele não
debateu o argumento de Non de que ele e Pete cometeram um erro quando agiram
muito violentamente, mas o incêndio foi iniciado, primeiramente, pelo próprio
Non. Então, era errado ele amar alguém do mesmo sexo?
O fato
de ele ser gay é algo que foi decidido pela natureza, ele não pode mudar isso.
Porém, ser ignorado sem razão por alguém que diz ser normal é muito injusto.
“Estou
muito desapontado com a senhora e com seu filho, sra. Kaew... Isso não deveria
ter acontecido.”
“Eu
admito que briguei com o filho dele naquele dia!” Pete de repente aparece e
surpreende todos na sala, principalmente Kao, porque ele não achava que Pete
iria ousar responder daquele jeito a um adulto como o diretor. “Mas foi o filho
dele quem começou. A coisa mais importante é que... você e eu somos apenas duas
pessoas que se amam como quaisquer outras pessoas. Não há nada de errado
nisso.”
“Nada
de errado?” explodiu o diretor, rindo.
“Isso
mesmo! Nós não fizemos nada tão errado quanto ele diz.”
“Realmente,
não sei por que as crianças de hoje ousam enfrentar e falar sobre si mesmas
desse jeito.” O diretor ficava furioso quando um jovem se atrevia a discutir
com ele. Os olhares dirigidos a Pete e Kao estavam repletos de insultos e mais
insultos. “Seus pais não falaram nada sobre vocês terem nascido homens e terem
feito de si casos perdidos na vida?”
Desperdiçando
a vida!
Pete
estava com tanta raiva que cerrou os punhos. Ele pensou que Non devia ter
ficado mais amargo por ter sido espancado, por isso contou ao diretor porque
não teria como dar o troco nele. Merda!
“Pete,
se acalma.”
Kao
apressadamente puxou a mão de Pete para longe do diretor por temer que ele
fosse brigar. Pete estava muito mais agressivo agora do que quando lutou com
Non. Ele entendia os sentimentos de Pete quando o diretor falou tudo aquilo.
Ele não apenas odiou e repreendeu Pete, mas também falou do pai de Pete, que
não estava sabendo de nada.
“Está
vendo seu filho, Sra. Kaew? Mesmo na sua frente, ele se atreve a fazer isso.”
“Eu entendo,
diretor.”
Sua mãe
falou depois de uma longa pausa. Kao não ousava adivinhar quem era que ela
entendia. A mãe dele ficaria decepcionada e não conseguiria aceitar porque ele
era o único filho. Isso a desmoralizou e fez ela ser humilhada daquele jeito.
“E
também sei que esses rapazes nunca fizeram nada de errado, nada que
desapontasse ou que fosse um desperdício para a vida deles, mesmo que você os
repreenda um pouco que seja, Diretor” disse a mãe de Kao devagar.
“Sra.
Kaew!” O diretor estava tão irado que sua face ficou vermelha.
“Lamento
por incomodá-lo acerca da condição do seu filho outra vez, Diretor.”
A mãe
bateu as mãos e sorriu levemente com os cantos da boca. O diretor olhou para
aquelas pessoas, incapaz de discutir, antes de sair dali apressadamente com
ódio e desprezo. Porém, aqueles que estavam mais surpresos do que o diretor
eram Kao e Pete por nunca terem pensado que a mãe já sabia de tudo o tempo
todo. E mais ainda, ela havia respondido ao diretor franca e severamente sobre
todos os problemas. Agora Pete conseguia entender como que uma mulher pequena
como ela pôde se manter firme junto com Kao e Gib.
De
fato, ela é mais do que uma mulher maravilhosa, é mais forte e mais corajosa do
que ele pensava!
(***)
Naquela noite...
Na escola, Kao e Pete ajudaram sua mãe no trabalho
até quase 8 da noite. Ela pediu para ir para casa, então Pete se ofereceu para
levar todos. Depois disso, ela fez ele ficar para o jantar e, então, passar a
noite na casa, assim ele não precisaria dirigir à noite, pois era perigoso. Ele
precisava ir para a escola para deixar Kao mais rápido.
No começo, Pete ficou um pouco envergonhado porque,
após a discussão com o diretor, ninguém mais falou sobre aquilo outra vez. A
mãe agiu como se nada tivesse acontecido com Kao e Pete. Começou a ficar
desconfortável, porque eles ainda estavam confusos.
Sim... no fundo, eles ainda estavam preocupados que
ela não fosse capaz de aceitar.
Mas quando a mãe pediu ao Pete, ela ainda o recebeu
e ligou para contar ao pai dele que Pete iria dormir na casa do Kao. O pai dele
também não sabia sobre isso. Durante a volta para casa, a atmosfera calma
dentro do carro estava diferente do normal porque Kao e Pete estavam ambos
desconfortáveis.
Os dois se olharam para sinalizarem antes de Pete
falar pois ele não conseguia mais aguentar a tensão.
“Tia... o que aconteceu hoje é...”
“Diga o que quiser dizer” respondeu a mãe.
Ela parecia estar chateada e querer falar alguma
coisa.
“Sobre eu e Kao...”
“Eu sei já faz um bom tempo” interrompeu a mãe.
Kao e Pete se olharam com rostos fracos e surpresos.
Ao ver isso, a mãe riu antes de explicar.
“Na verdade, há muito eu tinha dúvidas de porquê
Pete e Kao eram tão próximos. Eu observei aos poucos e pensei que possivelmente
vocês estivessem se vendo. Porém, eu não falei nada nem perguntei porque eu
estava esperando Kao falar primeiro. Eu estava preparada para ouvir hoje, mas
ainda assim Kao não me contou. Vocês vão se amar em segredo até terminarem os
estudos?”
“Sinto muito, Sra. Kaew. Para ser sincero, eu também
já falei para o Kao contar à mãe porque ele não queria mentir. Só que Kao estava...”
Pete foi quem havia dito isso. A surpresa de Kao era tão grande que estava
calmo e parecia ter perdido a língua.
“Com medo de eu não conseguir aceitar?” perguntou a
mãe.
“Sim” falou alto Kao. “Bem, minha mãe é uma
professora. Além disso, ela tem apenas um filho.”
“Quê? Não sou uma conservadora. Em que era estamos?
Meus estudantes também são gays, tom(boys), bissexuais. Muitos morreram. Muitos
anseiam por isso. Eles vêm até mim para que eu os dê conselhos amorosos.”
“Está vendo? Eu falei que sua mãe é a melhor” disse
Pete para Kao.
“Sim, minha querida criança.” Kao fez beicinho para
Pete em desagrado. Se ele soubesse que sua mãe seria assim tão fácil, já teria
contado a ela há muito tempo. “Peço desculpas por fazer você ter sido repreendida
pelo diretor daquele jeito, mãe.”
“Que pessoa esse diretor, viu? Ele é velho, se
recusando a mudar suas próprias visões. Para outras coisas, ele é uma boa
pessoa. Mas, está tudo bem. Kao, você não precisa se desculpar. Acho que essa
aceitação não será boa nem ruim, mas ficar pensando sobre isso é irrelevante. Nós
podemos usá-la quando temos suficiente dela. Se o diretor soubesse, ele poderia
ter uma visão mais compreensiva sobre os gays, mas quem sabe o que ele pensará...”
A mãe não continuou, parece que todos entenderam o
que queria dizer.
“Então, como descobriu sobre o Non?” perguntou Pete
com curiosidade.
“Hm, acho que desde o dia em que Non me perguntou
sobre a história de vocês dois e propositalmente disse que vocês eram muito
próximos. Non também não possui muitos amigos próximos.”
“Você é muito boa.” Pete realmente está admirado.
Quando ele foi repreendido pelo diretor, ele ficou
com tanta raiva que não sabia como responder. Quanto mais ele se punha de pé na
frente da mãe, mais ele temia dizer algo que afetasse ela. Ele não sabia, no
entanto, que a mãe iria protegê-los ferozmente, lentamente, usando palavras
persuasivas que deixaram o diretor tão emudecido que ele não conseguiu usar uma
única palavra.
“Kao é meu filho. O que quer que você seja, vou amar
você inteiramente. Pete é bom para o Kao, para mim e Gib... não há motivo algum
para eu odiá-lo. De agora em diante, vocês dois são meus filhos. Não se
esqueçam de amarem um ao outro. Quanto a Gib, esperem até ela crescer um pouco
mais, não contem nada a ela. Hoje, os jovens estão muito abertos, não acho que
seja bom.”
“Sim, senhora. Vou provar a mim mesmo. Ninguém dirá
nada.’’
“Não há razão para se pressionar, Kao.” A mãe deu um
leve sorriso. “Para falar a verdade, você vem sendo um ótimo rapaz até agora.
Como mãe, eu estou orgulhosa. Eu também amarei você, não há motivo para você
provar nada.”
Pete e Kao trocaram olhares. Eles entenderam o que
ela disse. Ela falou que mesmo se eles tiverem nascidos fazendo parte do
“terceiro gênero” ou o que for... nós, humanos, temos o mesmo direito de viver
livremente.
“Ah! Estou aliviado. Sei que você me conhece há
bastante tempo, mãe.”
Kao
virou-se para sorrir para a mãe. Pete moveu os lábios para Kao, “Viu? eu te
disse.” Isso causou coceiras em Kao, mas ele não reagiu, pois estava muito
feliz naquele momento. Para ele, não interessa o que as pessoas de fora vejam,
ele só precisava de que as pessoas que ele amava e sua família o aceitassem.
Apenas eles, e ele não precisava mais de nada.
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