Créditos do Inglês: @hanaayukii_
Tradução: Victor
Revisão: Emilio
Controle de qualidade e revisão final: Nessa
- Equipe KunPandex Traduções
Capítulo 14 – My Gear And Your Gown
“Droga, Pai!”
O grito ao seu lado foi tão alto que quase o fez se cobrir. Suas sobrancelhas se franziram.
“O que há com você para ficar gritando tão cedo de manhã? Se esqueceu de tomar os remédios, seu louco?” Ele se virou para xingá-lo como de costume.
“O que é que você está fazendo? Te chamei tantas vezes que as pessoas das mesas vizinhas todas se viraram para mim e ainda assim, você não me escutava!”
Waan começou a resmungar. Pai estava se divertindo, pensando no fato de Folk não ter vindo para a universidade nesse dia e de Itt e Pure, por estarem estudando desde manhã, não terem ido à Faculdade de Ciências.
“Então o que foi, afinal?”
“Ai’Pong. Ele perguntou no grupo do LINE quem iria se inscrever nos esportes. Todos os rapazes da faculdade precisam escolher algum esporte, então eu me inscrevi no Clube de Basquete. Estou te perguntando então, se você vai se inscrever. Há mais de 10 opções de esportes para se escolher da lista”. Waan mostrou a tela do celular contendo 10 categorias esportivas como opções. Obviamente, Pai não escolheu nenhuma.
“Você sabe que eu não gosto de esportes”. Respondeu Pai. Não era que ele apenas não se exercitava, ele odiava esportes.
“Mas não há pessoas suficiente. É preciso ajudar uns aos outros. Fugir é covardia”. Respondeu Waan.
“Waan, eu não gosto nem um pouco”.
Pai respondeu em voz baixa. Ele odiava a sensação de quando estava nas aulas de Educação Física. Desde que era uma criança, esse era o pior horário de toda sua vida escolar.
“Eu sei. Por isso eu selecionei para você. Tenho certeza de que você vai dar conta”. Disse Waan, compreensivo.
“...”
“Xadrez, petanca[1], natação, qual disciplina você escolhe?” Perguntou Waan com uma expressão sedutora, mostrando cada um dos itens para que ele pudesse vê-los claramente.
“Xadrez”. Pai não precisou pensar muito. Ele nem fazia ideia de que xadrez era considerado um esporte. Pelo menos ele sabia jogar xadrez.
“Você não quer tentar petanca? Não é tão difícil. Apenas lançar. Você não precisa de muita técnica, apenas chegar perto do alvo”. Continuava a dizer Waan.
“Não consigo jogar isso”. Ele odiava o sentimento de praticar esportes.
“Então, você precisa me ajudar como reserva no time de basquete”. Negociava Waan.
“Não, eu realmente odeio basquete”. Respondeu Pai imediatamente. Ele não gostava nem um pouco de basquete.
“É só como um jogador reserva. Seu trabalho é apenas por seu nome na lista. Então no dia, mostrar seu rosto. Você sabia que se não completarmos o time, iremos perder?” Disse Waan persistentemente.
“E se alguém se machucar, terei que substituí-lo. Você sabe que não gosto disso”. Tentava convencer Pai.
“Eu prometo não deixar que você jogue”.
“Mas...” Disse Pai, incerto.
“Se alguém se machucar, vamos desistir”.
Encerrou-se a negociação. No fim, Pai decidiu se inscrever como reserva do time de basquete. Tudo bem, era pela Faculdade de Medicina. Lembrando, no entanto, que ele não irá participar da competição de modo algum. De qualquer forma, ele teria mesmo que assistir a Waan jogar, considerou, então, como se possuísse um assento especial perto da quadra.
“Pai”.
Uma voz o chamou quando ele estava saindo da Faculdade de Ciências. Pai se virou e viu Folk, que havia faltado a universidade naquele dia. Ele vestia uma roupa mais formal do que o habitual; uma camisa de cor creme, calças compridas e o mais importante, um corte de cabelo novo e mais bonito.
“Onde você estava? Preciso guardar as anotações para você?!”
A resposta não veio de Pai, mas sim, de Waan, que tirou de sua bolsa as anotações do dia e as entregou à pessoa a sua frente.
“Muito obrigado”. Folk sorriu brilhantemente, pegando o papel de Waan.
“O que foi?” Falou Pai nesse momento.
“Nada. Eu estava voltando para os dormitórios e passei por aqui. Como nesse horário, as aulas devem estar acabando, eu vim perguntar se podíamos voltar juntos”. Folk riu para Pai.
“Ah, ótimo, vá com ele, assim eu vou direto para casa. Não estou a fim de ficar rodando por aí”.
Waan respondeu sem perguntar nada a Pai. Como ele acordou tarde, veio de motocicleta. Encontrar um lugar para estacionar depois das nove da manhã é complicado, fazendo as pessoas correrem como se fossem átomos pelo ar.
“Merda, Ai’Waan”. Xingou, por ele não ter lhe perguntado primeiro.
“Oh, qual é, vão vocês juntos. Eu vou saindo mais cedo para evitar engarrafamento”.
Era sexta-feira à tarde, então Waan estava indo para casa depois de ficar uma semana inteira no dormitório abafado. Ele não havia falado naquela manhã sobre Folk.
“Certo, deixe-me carregar sua bolsa”.
Folk se comportava normalmente. Pai não estava a fim de reagir e entregou as anotações dele daquele dia para Folk segurar. Aquele que quisesse tirar-lhe a mochila iria morrer. Por isso, apressou-se em dar alguma coisa para o outro segurar, assim ele não iria reclamar. Suas pernas caminhavam rapidamente em direção ao carro de Folk, que estava estacionado não muito longe do Edifício Baleia.
“Folk, para onde está indo?” Perguntou ele, quando o carro passava pela entrada do dormitório.
“...”
“Folk”. Ele protestou.
“Quero apenas levar você para comer, Pai”. A pessoa ao seu lado riu.
“Então, por que você não me disse primeiro?” Pai não concordou com aquela ação.
“Se eu contasse primeiro, você não aceitaria”. Ele fez um som triste.
“Se sabia que eu recusaria, por que você está tentando fazer isso intencionalmente?” Perguntou Pai.
“Eu só queria ganhar alguns pontos com você”.
Mesmo que não estivesse com os olhos naquela direção, Pai podia sentir que a pessoa ao seu lado estava olhando fixamente para ele naquele mesmo instante. Ele ficou vermelho até as orelhas.
“Saiba que não gosto de ser forçado por outras pessoas a fazer o que não quero”.
Ele estava falando sério. Ele não queria que ninguém o obrigasse, vigiasse ou lhe dissesse o que fazer. E claro, era isso o que Folk estava fazendo naquele instante.
“Então, eu não vou forçá-lo”.
Folk fez exatamente o que ele tinha acabado de dizer. Ele ligou a seta na mesma hora e depois, lentamente, dirigiu até o acostamento. E então, começou a negociar com determinação.
“Posso convidá-lo para jantar?”
Folk abriu bem seus olhos inocentes, fazendo uma cara triste e sorrindo de uma forma que ninguém mais podia esquecer. Devia saber que nesse momento ele estava muito bonito. Se fizesse isso com outras pessoas, talvez até funcionasse.
“Não pense que me mostrando um rosto bonito, eu ficarei abalado”. Disse Pai, firmemente.
“Eu não disse que isso faria você se abalar. Eu só queria convidá-lo para comer e depois voltar para o dormitório. Já faz dois dias que não te vejo, sinto sua falta”.
Desde aquela manhã no carro, os dois não haviam trocado uma palavra. Que lindas palavras. Tão lindas ao ponto de Pai querer colocar uma faixa na entrada da faculdade para anunciar que a Lua da Faculdade de Odontologia está flertando com a Lua da Faculdade de Medicina.
“Folk... não estou derretido, para falar a verdade, estou achando engraçado”.
Ele riu enquanto falava com Folk. Para ser honesto, Pai não estava tímido pelo jovem que estava diante dele. Ele até se divertia. Folk era como um macaco implorando pela comida das mãos de outras pessoas. Pai o via como seu irmão mais novo e não tinha outras intenções.
“Pai!” A voz de Folk se tornou sombria. Além de não estar tímido, Pai também estava rindo.
“Hahaha seu rosto está muito engraçado”.
“Aff, cansei”. Resmungou Folk. Sua aparência teimosa desapareceu em um instante.
“Ok, ok, desculpe. Eu não devo rir, certo? Mas você está muito engraçado. Não há necessidade de falar assim comigo. Estou me divertindo muito. Hahaha”. Não pôde evitar de dizer.
“Você não está me dando nenhuma chance de ganhar alguns pontos com você”. Reclamou a outra pessoa.
“Bem, eu disse que você deveria ir atrás de outras pessoas. Deve existir muita gente que gosta da sua aparência. Pessoas bonitas como você”. Disse Pai.
“O quê? Você acabou de dizer que eu sou bonito?” Sua voz ficou animada.
“É, você é bonito. Eu não estou discordando disso, mas isso não significa que eu gosto de você”.
“Você não tem esperança na gente?”
“Não”. Pai foi enfático.
“Caramba, você é tão cruel”. Folk estava deprimido.
“Eu não sou cruel. Só não quero sair com ninguém. Não perca seu tempo comigo”.
“Então, podemos ir comer? Afinal, já estamos na metade do caminho”. Disse Folk. O carro ainda estava estacionado ao lado da estrada, em direção ao restaurante.
“Se você falar menos e me convidar para comer como amigo, então eu concordo”. Respondeu. Se fossem como amigos, não havia motivo algum para recusar.
“Então, vamos”. Ele riu, dirigindo, conduzindo o carro de acordo com a rota planejada.
“Pare de fazer essa cara feliz”.
“Essa é a minha cara de sempre”.
“Mentiroso...”
“Estou apaixonado por você”. Ele interrompeu antes de a outra pessoa terminar de falar. Folk continuava com aquela ideia. Ele devia ignorá-lo ou repreendê-lo?
“Folk! Vire o carro!” repreendeu-o Pai.
“Não vou mais brincar, desculpe. Não vou dizer mais essas coisas. Eu errei”. Folk falava sério. Dali em diante, ele deixou de brincar tanto com Pai. Ele era o Folk de sempre, companheiro de refeições, aquele com quem dividia a mesa nas palestras, o amigo de largo sorriso, como sempre tinha sido.
“Acho bom. Não perca seu tempo com alguém como eu”.
Notas:
[1] Petanca: Jogo em que o objetivo é, ao mesmo tempo, ficar em pé dentro de um círculo começando com os dois pés no chão e jogar bolas ocas de metal tão perto quanto possível de uma pequena bola de madeira. O jogo normalmente faz-se em terra batida ou cascalho, mas também pode ser jogado na grama, areia ou outras superfícies. Ele é praticado amplamente na França e Espanha. Há a presença desse jogo também nos EUA, Canadá e em alguns países do Sudeste da Ásia, devido à presença francesa nessa região, como Laos, ao norte da Tailândia, Vietnã e Camboja.
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