domingo, 17 de abril de 2022

Miracle Of Teddy Bear - Capítulo 05: Esboço de Regra de Mudança de Aparência

 

Tradução: Victor

Revisão: Emilio

Controle de qualidade e revisão final: Nessa

Equipe KunPandex Traduções.


Capítulo 05 — Esboço de Regra de Mudança de Aparência


    A definição de “Milagre” é: 

1. Aquilo que é surpreendente ou que causa deslumbramento; 

2. O que não é possível de ser feito em situações normais.

    É assim que está definido no dicionário. Mas, já reparou? Há vezes em que os milagres acontecem da forma mais comum possível.

    O milagre do qual vamos falar aconteceu com Era uma vez...

    O dia estava nublado, o vento frio soprava suavemente. As crianças deviam estar se perguntando quando descobriram que as pessoas nas fotos vestindo sobretudos saíram de casa. A brisa fria que nos remete a uma doce história de amor ao mesmo tempo pode ser a causa de uma enfermidade. Ao ponto de não termos certeza se uma história de amor possa ser considerada, na realidade, uma outra espécie de doença não milagrosa.

    Naquele ano, no início de inverno, uma velha senhora que morava no final do beco, P’Suea, foi acometida por uma intensa febre. Para ela — que sempre se considerou como uma jardineira jovem e forte —, após pegar uma febre, era preciso apenas um pequeno repouso para se melhorar. Ela não havia reparado, no entanto, que seus finos e lustrosos cabelos haviam se tingido de cinza, que seu rosto estava cheio de sardas e que sua pele, que costumava ser lisa e macia, havia se tornado enrugada. Ao redor dela, todos podiam ver que sua condição estava perto de crítica; ela mal conseguia sair da cama. Os objetos do quarto sussurravam preocupados e temerosos de que ela fosse cair antes de conseguir alcançar o Khun Smartphone.

    Através da misteriosa e silenciosa ajuda dos Khun Escrivaninha e Khun Smartphone, ela conseguiu alcançar seus fones de ouvido e com a mão trêmula, discar um número de sete dígitos. Ela tentou dizer: “É a vovó. Me leve para o hospital. Não estou me sentindo bem”.

    Por sorte ou azar, aquela senhora não era a avó da pessoa do outro lado da linha. Mas será que existe alguém que não sabe o número que disca? A pessoa que a ouvia era um jovem rapaz de voz grave que disse: “Que vovó? Onde você está, vovó?”

    Devido a sua febre, a velha senhora nem pensou na possibilidade de que aquele homem pudesse ser um bandido. Ela deu detalhes precisos sobre sua casa ser no final do beco que chamavam P’Suea.

    Menos de meia hora mais tarde, o dono da voz grave já tinha dirigido um Ford Cortina 77 e estacionado à frente da casa. A velha senhora achava que fora ela quem tinha aberto a porta, mas ela não tinha certeza, pois não se lembrava. Quando acordou outra vez, encontrou-se deitada numa cama de hospital.

    Naquela época, a avó estava sentada, conversando com o desconhecido que estava ao lado da sua cama quando ela acordou. Sua única neta virou o rosto, sorrindo com alegria e perguntou como ela estava. Ao invés de responder, ela pediu outra vez para que a neta apresentasse aquele rapaz.

    “Você não deve estar lembrada de mim, vovó”. O homem de pele marrom amarelada e um corte de cabelo dos anos 90 deu um grande sorriso. Seu rosto quadrado estava radiante. Havia um presente ao lado dele, o que demonstrava seu bom coração, ainda que maçãs não fossem muito do agrado da vovó.

    “Vovó”. A neta agarrou seu braço e explicou, “O senhor Saen foi quem ajudou a trazê-la ao hospital. Naquele dia, a senhora ficou doente e discou o número errado. Por sorte, o senhor Saen ajudou a gente”.

    “Ah”. Ela assentiu, embora não tivesse entendido completamente. Mas o que ela não havia deixado de reparar foram os olhares brilhantes do rapaz em direção à Na, sua neta que ela criara sozinha.

    Durante aquele ano, uma nova escola particular havia contratado a Srta. Mattana como professora de Ciências Sociais. O salário daria conta de cobrir as despesas médicas da vovó já que havia apenas duas pessoas na família. 

    A família da Srta. Mattana devia ter uma maldição que passava de geração em geração. Suas bisavó e avó precisaram criar as filhas sozinhas, pois tiveram de ser separadas dos maridos. Ainda que o pai da Srta. fosse obediente à esposa, houve depois um acidente e ele faleceu. A mãe tornou-se sua única energia. A Srta. Mattana não terminou seu Ensino Médio. Sua mãe faleceu também repentinamente devido a uma doença terrível. Havia apenas a vovó para que ambas cuidassem uma da outra.

    Isto era provavelmente apenas uma das razões. Ainda que parecesse doce e gentil, ela era como um veludo envolto em ferro endurecido. A Srta. Mattana era forte e suportava mais responsabilidades do que o resto das mulheres da sua idade. A avó nunca lhe falou para arranjar um namorado como forma de diminuir o fardo porque suas experiências lhe ensinaram que homens eram um fardo para as mulheres. A própria Srta. Mattana estava ocupada com sua vida e não olhava para ninguém... Até o dia daquele telefonema.

    Com uma frequência cada vez maior, o Sr. Saen Burarat com seu Ford Cortina levava e trazia duas pessoas do beco P’Suea. Parecia apropriada a visão do carro laranja transportando uma moça bonita, passando através do jardim cujas flores originaram o nome do beco. Borboletas de cores vermelhas, rosas e roxas moviam-se com suas asas pela brisa fria e logo pousaram dentro dos corações daqueles jovens dentro do carro[1].

    O rapaz de boa índole estava nos seus 30 anos. Ele trabalhava como gerente de produção assistente em uma fábrica de embalagens de saladas na província de Ratchaburi. Levou muito tempo até ele voltar para casa e visitar os pais dele em Banguecoque.

    Quando ele estava no carro com a Srta. Mattana pela primeira vez, o Sr. Saen contou para ela que no dia que ele havia recebido aquele telefonema por engano da vovó, ele tinha acabado de retornar para visitar os pais pela primeira vez em anos. Ele pretendia participar do casamento de um parente. Ao ouvir alguém precisando de ajuda, ele saiu imediatamente correndo do carro e encontrou a vovó.

    “É o primeiro dia desse ano que eu estou em casa. Além disso, pela primeira vez em dois anos, fui a primeira pessoa a atender a um telefonema...”

    Quando Mattana estava no carro pela segunda vez, ela também disse para o gerente assistente que tinha saído de casa para ir a um trabalho de tutoria pela primeira vez.

    “É a primeira vez que eu estou ensinando e pela primeira vez também, em vários anos, eu não estava em casa com a vovó no sábado. Normalmente, eu não sairia de casa. Mas, tinha uns pais de um aluno pedindo para eu dar aula para ele. Ele não era muito bom nos estudos”.

    As matérias que o menino não conseguia aprender eram Estudos Sociais e História Tailandesa. Os professores todos da escola elogiaram as habilidades dela. Na verdade, Mattana sabia que poderia superar seu concorrente durante uma entrevista de emprego por causa dessas áreas.

    Ainda assim, quando estavam juntos no carro pela quarta vez, a Srta. Mattana confessou um segredo muito importante para ele:

    “É frustrante também. Ao expandir nossa especialidade, nós até mesmo fazemos perguntas a nós mesmos em troca”.

    “Hein?”

    “Você acha que o povo tailandês realmente migrou de Altai? Você acha que os aldeões de Bang Rachan lutaram até a morte para proteger Ayutthaya?”

    “Acho que não, lutaram?” Ele levantou as sobrancelhas enquanto ainda olhava para frente na estrada Phayathai, dirigindo para o MBK Shopping Center.

    A Srta. Mattana deu um grande suspiro. Ela pensou que tinha sido estúpida ao falar essas coisas ao gerente assistente da fábrica de alimentos. No entanto, o homem pareceu entender o que ela estava pensando e riu.

    “Talvez você precise passar muito tempo me explicando isso. Tudo bem. De agora em diante, terei prazer em conduzi-la a Banguecoque todos os sábados e domingos”.

    "Então, o tio Saen e a tia tornaram-se um casal?”

    Taohu perguntou depois de ouvir a longa história da Srta. Mattana. Naquele momento, seus olhos castanhos estavam radiantes. O ursinho levou a tia para o quintal da casa com uma tigela de plástico.

    Alguns telhados da casa eram telhas translúcidas, o que fazia com que o quintal estreito estivesse reluzente. Taohu teve que forçar para não olhar para o túnel infernal. Mesmo sem olhá-lo, seu coração ainda batia rápido, pois ele se sentia enjoado, ainda reflexo de quando era jogado para ser limpo.

    A Sra. Mattana o seguiu com um rosto sorridente. Ela se virou, olhando para o ar ao seu lado e deu a seu marido um sorriso tímido. Ela levou a mão ao ombro até que o bracelete fino de metal se chocasse alto. Taohu viu que o tio provavelmente estava acariciando o ombro de sua amada esposa.

    Voltando os olhos para ele, a Sra. Mattana respondeu: "Ainda não é assim tão fácil. O tio não é alguém que seja bom em expressar seus sentimentos.”

    Taohu colocou a tigela de plástico no chão sob a água da torneira. Ele deu um sorriso para Khun Sandália Direita, que estava lá. A Sandália provavelmente entendeu o que ele queria dizer, então desviou o olhar. Khun Sandália Esquerda, que estava junto, ria com muito amor.

    "Pequeno Príncipe, ponha água na tigela, mas não tanto assim. Em seguida, acrescente o detergente". Explicava a Sra. Mattana como lavar os dois calçados, como ele havia pedido.

    Taohu a obedeceu e colocou as mãos sobre o detergente para dissolver o pó branco na água. Lentamente, o pó branco fez brotar a bolha milagrosa. Bolhas grandes e pequenas voaram para o ar com um cheiro limpo e agradável. Até mesmo Kheun Chai que ia com ele gritando e não sendo acolhedor, estava dando um largo sorriso. Sua língua rolava num clima brincalhão e ele começava a perder sua aparência séria, perseguindo as bolhas com diversão.

    Na verdade, a Sra. Mattana disse que um pouco só era suficiente, mas Taohu gostava da sensação de encharcar-se em bolhas de sabão, o que era a única coisa boa quando ele era enviado para aquele submundo. Quando ele teve a oportunidade de mergulhar a si mesmo — mesmo que apenas submergindo a ponta dos dedos, Taohu quis prolongar o tempo um pouco mais. Além disso, ele sabia que se ele espalhasse muita espuma aqui e ali, as duas sandálias provavelmente também iriam gostar, assim como ele gostava.

    A Sandália Direita ainda continuava fingindo e reclamando: "Por estar sendo lavado agora, vou perder o noticiário”.

    Porém, seu amor rebateu: "O programa passa todos os dias. Não entendo como possa ser interessante. Tomar um banho como este é muito melhor”.

    Ao ver as sandálias sorrindo, especialmente a Sandália Direita, Taohu ficou de bom humor e se virou para perguntar à tia: "Tia, como soube que vocês dois se amavam?”

    A pele das bochechas da Sra. Mattana começou a afinar, tornando-se sutilmente cor-de-rosa. "Porque o tio comprava coisas ao me visitar.”

    "O que fazemos um pelo outro demonstra nosso amor para com o outro, certo?”

    Ele não sabia se a Sandália Direita entendia. Então, sem saber, fechou o sorriso e fingiu fechar os olhos, distanciando-se.

    "Deixe agir por um tempo. Depois, você os enxagua, Pequeno Príncipe.”

    "Está bem."

    Enquanto ele movia a tigela para o lado para lavar as mãos na torneira, a tia sacudiu a cabeça e reclamou: "Os calçados que usamos dentro de casa não sujam tanto a ponto de você precisar lavá-los tantas vezes. Na verdade, Pequeno Príncipe, você poderia usar uma máquina de lavar; não precisava nem mesmo lavar com as mãos.”

    Antes de Taohu responder verdadeiramente o que pensava, a Sandália Direita disse bem firme. "Não diga que usar uma máquina vai deixar os sapatos tontos”.

    Parece que a Sandália Direita não queria muito encontrar seus olhos. Quando Taohu se virou, suas sobrancelhas se levantaram com suspeita. Ele fechou os olhos antes de continuar. "Diga que você poderia economizar água”. Sempre murmurando "Esse povo chique”.

    “Assim, eu posso economizar água”.

    A Sra. Mattana levantou os dedos para empurrar as laterais da armação dos óculos com força. Seus grandes olhos por detrás dos óculos pareciam brilhar enquanto ela inclinava a cabeça. "Você é como o tio Saen, Pequeno Príncipe”.

    "Como assim?"

    "O amor não é apenas fazer qualquer coisa por uma pessoa. Mas se amamos alguém, fazemos as coisas com todo o coração e cuidado”. Ela olhou de relance para o marido. "Eu sei que seu tio me amava, porque ele comprava maçãs”.

    "Maçãs?"

    "Vovó não gostava de maçãs, mas era a fruta que tenho comido sem parar desde sempre”.

[****]

    Esse estava sendo outro dia feliz para Taohu. Ele viu seus entes queridos felizes: tanto a tia como as Sandálias Esquerda e Direita. Sim, mesmo este último não pôde deixar de sorrir quando ele o trouxe de volta de uma cadeira que ficou ao sol a tarde toda. O torso de ambos não era tão brilhante como as bolhas, mas cheirava da mesma forma e era fofo como sapatos novos. Quando a tia sorriu, feliz em usá-los novamente com alegria, a Sandália Esquerda disse a seu amor: 'Phi! Phi!', advertindo-o. Apesar de ainda inflar as bochechas e virar os olhos para o outro lado, a Sandália Direita disse: “Muito obrigado, Urso”.

    À noite, quando P'Nat voltou para casa, Taohu tinha se voluntariado para ouvir aquelas histórias da tia para narrá-las a P'Nat. Porque ele sabia que contar histórias felizes a outras pessoas além de nos deixar ainda mais felizes, assim como a Tia estava feliz ao falar sobre o Tio, deixaria aquele que escuta também feliz.

    Certamente que Taohu sabia que P'Nat estava feliz. Ainda que ele não sorrisse ou até mesmo virasse para olhar para ele, P'Nat não se opunha ou ordenava que ele parasse, enquanto contava as coisas. Taohu recordava que geralmente quando P'Gane fazia vídeo-chamadas para contar longas histórias, muitas vezes P'Nat fazia perguntas continuamente com irritação para que a outra pessoa tivesse que parar de falar.

    Naquele dia, porém, P'Nat não interrompeu. Ele apenas trouxe seus pertences de volta e os colocou no balcão da despensa. Depois, ele andou pelos fundos da casa.

    "... porque a avó da tia não gostava de maçãs, mas o tio as comprava ainda assim. Isso indica que o tio tinha a intenção de levá-las para a tia". Disse Taohu enquanto levava as sobremesas das sacolas para a geladeira. Reproduziu as palavras da tia: "O amor não é apenas fazer qualquer coisa por uma pessoa, mas se amarmos alguém, fazemos as coisas com todo o coração e cuidado”.

    Agora P'Nat deu um passo para atrás e respondeu calmamente à cara sorridente de Taohu: "Ah, mas eu não comprei estas sobremesas para você. Comprei para a minha mãe porque ela gosta”.

    A Sra. Mattana riu. "Ei, ... Nat também gosta”.

    "Eu sei”. Taohu assentiu com a cabeça vigorosamente. "Mas P'Nat não tem que se preocupar com isso. Vou tentar comê-la até que eu comece a gostar”.

    P'Nat, que estava prestes a subir as escadas, interrompeu o passo um instante.

    Taohu sabia que seu dono talvez estivesse confuso. Por isso, ele continuou falando sobre o assunto sem esperar que P’Nat se virasse, o que ele tinha certeza de que P’Nat realmente não iria fazer. "Mesmo que eu ainda não goste hoje, não significa que eu não possa gostar no futuro. Quando eu passar a gostar das sobremesas, e você comprá-las novamente, vou pensar que você está comprando para mim também”.

    “Mega clever![3]" A Sra. Sofá riu. Taohu ainda não entendia a graça.

    A tia também riu: "O Pequeno Príncipe é tão esperto”.

    Aquele que havia comprado as sobremesas murmurou "Exagerado”. Aproximando-se de sua mãe, disse "Recebi meu salário”.

    No final de cada mês, P'Nat sempre dava uma parte do seu salário para a tia. Taohu sabia porque P'Gane costumava elogiar seu dono através de chamadas de vídeo. A Sra. Mattana disse que ainda não havia gastado nenhum dinheiro. Somente quando seu filho insistiu muito para que ela aceitasse, ela recebeu resignada o dinheiro e o colocou em uma carteira, que ela escondeu na gaveta inferior da despensa.

    No final, P'Nat disse a sua mãe: "Vou subir”.

    A tia assentiu, enquanto seus olhos ainda estavam fixos no noticiário. "Depois desse intervalo, eu vou subir também e irei para a cama”.

    Taohu se virou depois de olhar para as duas pessoas. Finalmente, ele disse à Sra. Mattana "Então, quero ir lá para cima”.

    "Está bem. Boa noite, Pequeno Príncipe”.

    "Boa noite, tia”.

    Ele foi acompanhar P’Nat e viu que sua alta figura estava distante. Taohu chegou ao meio da escada e daquela distância, olhando de trás, ele pôde ver claramente o corpo de P’Nat, mesmo com uma grande camisa preta. Quando P’Nat balançou seus braços, havia alguns músculos e veias salientes, dando um aspecto forte. As veias se expandiam da borda da camisa ao restante do corpo, demonstrando claramente o quão magro ele era. Os jeans apertados o faziam parecer ainda mais esguio.

    Quando ele chegou mais perto, a pessoa mais alta fez Taohu perceber que ele era maior do que P'Nat agora. No passado, P'Nat o envolvia nos braços porque ele era o menor. Se fosse para abraçarem-se agora, ele precisaria esticar sua mão e fazer assim...

    "Que diabos você está fazendo?"

    P'Nat virou o rosto, enquanto Taohu estava com a mão estendida, fazendo sua tentativa de checagem.

    Taohu sorriu. "Estou tentando ver como seria se eu abraçasse você, P'Nat. Eu teria que levantar minha mão assim e me curvar”.

    O rosto de P'Nat corou de repente, embora seu rosto permanecesse impassível. Mas, num instante, ele voltou ao normal. Seus olhos grandes ficaram nublados.

    Ele virou o corpo, se aproximando de Taohu, sussurrou friamente e levantou seu dedo indicador, cutucando levemente a testa de Taohu. "Se você fizer isso nesta casa, eu lhe darei um soco”.

    "P'Nat, você não vai me dar um soco”.

    Aquele que estava prestes a dar um soco paralisou em confusão.

    "Você falava muitas vezes assim com P'Gane, mas eu nunca vi você realmente dar um soco nele. P'Nat, você não é uma pessoa má, está apenas envergonhado”.

    Desta vez, as sobrancelhas de P'Nat franziram-se. Em seguida, seus olhos ficaram confusos e incertos.

    Contudo, em vez de chegar a suas próprias conclusões, ele resmungou com impaciência "Essa minha mãe..."

    Taohu não entendeu o que ele queria dizer com isso de mãe. Mas, ainda não conseguindo encontrar uma resposta, ele exclamou: "P'Nat!”

    O corpo alto se virou para se mover. P'Nat pisou em falso em um dos degraus e quase caiu. Sorte que Taohu havia praticado como abraçá-lo. Desta vez, ele foi capaz de salvar o pequeno corpo de P'Nat, deixando-o estável.

    Os braços de Taohu envolveram P’Nat por trás, por baixo das axilas. Estavam tão apertados sobre o peito do seu dono que ele conseguia sentir o coração dele batendo em choque. Não sendo o suficiente, o Urso também se curvou para colocar seu queixo em um dos ombros de seu dono, garantindo que ele não caísse.

    Quando até mesmo aquele que foi abraçado ficou paralisado, Taohu pensou que P'Nat estivesse aterrorizado. Então, se virou lentamente para tocar seus lábios nas bochechas macias de seu dono. Em vez de chamar o Khwan [2] como nos velhos tempos, P'Nat o viu cair e se levantar para confortá-lo.

    "Está tudo bem, Phi..."

    "Droga!" A outra pessoa disse para ele e então livrou-se de Taohu. Saltou, quase chegando no segundo andar e levantou a mão em punho com a cara vermelha ruborizada, "Eu vou te dar um soco...!"

    As palavras tropeçaram. Provavelmente porque ele se lembrou da conversa mais cedo. Seu rosto estava tão vermelho que chegava aos ouvidos.

    Vendo Taohu inclinando a cabeça, sem entender nada, o homem enrubescido sacudiu a mão e apressadamente seguiu até o segundo andar.

    Taohu continuou a segui-lo e sussurrando, perguntou: "Há alguns instantes, quando estava lá embaixo, o que P'Nat encontrou?”

    A pessoa à frente parou teimosamente, fazendo Taohu ter que parar. Taohu continuou a falar.

    "É a mesma coisa. Mesmo que ainda não encontre hoje, isso não significa que não possa encontrá-lo no futuro”.

    A pessoa à frente fez uma pausa por um tempo sem responder. Finalmente, P'Nat se virou e com a ponta do queixo, apontou para a porta de madeira à frente dele.

    "Aqui é o meu quarto. Por que diabos você está me seguindo?"

    Depois de dizer isso, ele girou a maçaneta e empurrou a porta. Ele entrou e bateu a porta na cara de Taohu em voz alta.

    O urso para quem havia sido fechada a porta lentamente recuou com uma cara sorridente, pensando em seu coração: “Hoje eu finalmente abracei o P'Nat”.

    Ele abriu a porta lentamente e entrou no quarto ao lado. O quarto era um pouco menor do que o de P'Nat. Não havia muito lá dentro. Além da cama e do armário do outro lado, havia apenas uma pequena escrivaninha. Mais uma vez, Taohu sentiu que era um quarto pequeno e aconchegante, embora não fosse igual ao quarto de P'Nat onde ele costumava ficar.

    O ursinho no corpo de um cara alto e bonito saltou para a cama. A cama deste quarto era um pouco mais dura do que a cama de P'Nat. Provavelmente porque ninguém havia estado aqui fazia muito tempo. Taohu abraçou o cobertor de cor chocolate-maltado que a tia trouxera. Ele se abaixou para cheirar o cobertor da mesma forma que P'Nat o abraçava e cheirava.

    Sim! Ele pensa o mesmo.

    P'Nat ainda não lhe havia dito e ainda não havia deixado ele ficar no quarto dele hoje, mas isso não significa que P'Nat não vai dizer para ele ou que ele não vai voltar para dentro daquele quarto.

    P'Nat, não se preocupe. Vou tentar encontrar uma maneira de voltar e dormir com você.

*******

Notas:

[1] “P’Suea” (o nome do beco) significa “borboleta.” As flores a que o parágrafo se refere são cravinas. Em tailandês, essas flores se chamam Dok P’Suea (literalmente, “flor borboleta”), por isso o nome do beco é “P’Suea Soi” (“Beco Borboleta”), por conta do nome dessas flores. O autor faz uma ligação entre o nome do beco e as borboletas que pousaram nos corações do Sr. Saen e da Srta. Mattana. Por isso, parecia apropriada aquela visão que ele cita.

[2] "Khwan" é um espírito invisível que vive dentro de cada pessoa e que é responsável pelo bem-estar psicológico e espiritual. Infelizmente, o "khwan" facilmente se amedronta e qualquer experiência assustadora ou inquietante pode facilmente levá-los a fugir do corpo para procurar segurança. Para manter o "Khwan" dentro de você, ou para persuadi-lo a voltar uma vez que ele tenha fugido, é necessário sentir-se seguro, em paz e à vontade. Talvez Taohu tenha tentado trazer o "Khwan" de Nat de volta tocando seus lábios nas bochechas de Nat. 

[3] Mega Clever!: Mega inteligente, em inglês.


3 comentários:

  1. Estou ansiosa para ler essa novel, torcendo que vcs consigam traduzir completa, obrigada por continuar

    ResponderExcluir
  2. Obrigada pela traduçãoooo, continuem por favor 🥰🥰🤩

    ResponderExcluir