Tradução: Chris
Revisão Final e Controle de qualidade: N'Diih
— Equipe KhunPandex Traduções
Especial de Saifah
— Você não vai mais treinar? — o pequeno menino saiu do banheiro com uma camiseta branca e shorts de futebol.
Seu cabelo estava coberto por uma toalha porque acabara de tomar banho e se negava a secar a cabeça, o que fez com que a água seguisse um caminho pelo seu pescoço, até chegar aos seus ombros. Eu estava de pé em frente a ele secando meu cabelo com o secador.
— Não precisa mais, melhor irmos dormir, amanhã temos que ir cedo à loja de violões.
— Por que temos que ir à loja?
— Amanhã é sábado, o que quer dizer que é um dia antes da apresentação — respondi a Zon, mas parecia que ainda estava confuso. Tenho certeza de que não se lembra — Você disse que queria comprar um violão antes da apresentação, ou o quê? Mudou de ideia?
— Ah, me esqueci. Melhor irmos dormir, para não acordarmos tão tarde amanhã — disse enquanto se sentava na cama.
— Espera, Zon.
— O que foi?
— Não durma com o cabelo molhado assim.
— Ele vai estar seco amanhã — Zon me encarou, ainda com a pequena toalha envolvendo sua cabeça — Não vou fazer isso agora.
— Se seca agora!
— Que mal vai fazer? Larga de ser tão teimoso.
— Você vai molhar o travesseiro com seu cabelo molhado, aliás, é o travesseiro da MINHA casa.
— …
— Então anda logo, levanta e seca o seu cabelo primeiro, ou você vai ficar doente. — podia aceitar que o travesseiro ficasse molhado, mas o que me assustava era isso: que ele adoecesse.
— Não posso deixar isso passar hoje?
— Não, sujo…
— Ei, estou limpo! — ele rebateu, mas começou a se levantar. Levantou a cabeça e fez um gesto cansado — Não posso dormir assim, Saifah? Não sei como viver a vida, você vai cuidar da minha vida sempre? Aaaah!
Seu último grito saiu por eu ter dado um tapa em sua nuca por ser tão tagarela, impulsivo…
E também por ser encantador.
— Então vem aqui — o disse, o colocando em minha frente — Eu faço isso eu mesmo.
Comecei a secar seu cabelo molhado com o secador, apesar das reclamações de que estava bravo e choramingava quando o vento chegava perto de seus ouvidos.
Mas é divertido estar com ele.
— Então... Agora sim vou poder dormir? — assenti com a cabeça à pessoa que tinha deslizado novamente para a cama — Que bom, porque estou com muito sono. Boa noite! — dito isto, desligou a luminária e fechou os olhos quase imediatamente. Ai’Zon tem sono pesado.
Assim que sua cabeça toca o travesseiro, não demora mais de cinco minutos para que esteja completamente adormecido. Talvez porque não é muito ativo no telefone e não fica tantas horas com ele à noite, ou talvez também seja porque ele não é viciado em jogos. Não é muito difícil que as coisas me interessem.
Antes não sabia em que Zon estava interessado, porque assim que terminavam as aulas ele ia para casa e eu não tinha muito tempo para vê-lo.
Em geral, estava com diferentes grupos de amigos e se encontrava com eles frequentemente. Houve um tempo em que Zon vinha comer na cafeteria da Faculdade de Engenharia, foi ali que o conheci melhor.
Ainda que nosso primeiro encontro não tenha sido exatamente bom, era a única maneira de falar com ele.
Naquele momento eu não era corajoso o suficiente para começar uma conversa por minha conta.
— Boa noite — eu disse, para logo pressionar meus lábios contra sua testa por um longo tempo. O fiz até sentir seu corpo se mover, foi aí que me contive e me afastei.
Toda vez que dormimos juntos eu sempre quis passar somente beijos na testa e carinhos misteriosos.
Quero beijar seus pequenos lábios e que ele me corresponda com alegria.
Mas na realidade não é assim…
E, no final, só posso me conter…
Realmente não sei o que dizer sobre este sentimento, nem sequer quando aconteceu.
Soube de Ai’Zon por Tutor, mas o que me fez me interessar foi quando Tanthai e Junior falavam dele, os dois estavam no mesmo clube de futebol que eu. Me fizeram conhecer mais Zon, que, em geral, sempre estava sorrindo. Mas nesse então não era tão íntimo falando com seus amigos. Como se enturmou tanto com eles? Nesse momento só estava interessado em saber como era.
Mas devido às histórias que Thai e Jia contavam sobre Ai’Zon, pude conhecer alguns de seus hábitos. O quão carinhoso pode chegar a ser e o tanto que se preocupava com seus amigos.
Finalmente meu interesse por ele foi mudando para um sentimento mais caloroso, mais carinhoso.
Nunca soube de que se tratava esse sentimento, em meu coração eu senti que podia ser só ternura e empatia.
Sentia que podia falar com ele, no passado tive uma namorada e logo nos separamos, porque pensei que talvez nos entenderíamos.
No dia em que me encontrei com Fai e Zon nos encontrou, seria possível reagir coerentemente? Estava totalmente em choque.
Não soube como reagir.
Não sabia o que dizer a respeito.
No final, a única coisa que fiz foi fingir que não sabia nada, que só o conhecia por Junior e Tanthai. Apesar da emoção que meu coração sentia nesse momento, minha mente ainda não reagia. Até que disse que estava falando com Fai e me perguntou em um tom de desgosto se eu sabia.
Honestamente não sabia, o disse que nunca soube e ele começou a me agredir.
Sinceramente me ofendi um pouco.
Mas todos os sentimentos encontrados que sentia voltaram muito mais claros ao tocar meus lábios nos seus naquela noite.
Ai’Zon vê como um acidente, então está tudo bem que eu veja desse modo, porque à princípio realmente foi.
Mas neste momento... Esse acidente fez com que meu coração batesse tão forte e se sentisse tão bem que acidentalmente movi meus lábios e inclinei meu rosto para sentir mais os seus.
Depois disso, Zon me empurrou.
Admito que nesse instante eu me decepcionei, a sensação no meu coração foi incrível, tanto que quis provar seus lábios novamente.
Até hoje não sei quando farei isso novamente. No passado, entre nós dois se criou um muro que nos impedia de conversar sem que estivéssemos brigando.
Foi sorte que tenham me feito tocar violão com ele.
Foi tão bom que pensei que em outra vida não poderia receber tantas coisas boas.
Isto que estou sentindo pela pessoa que está deitada do meu lado vai crescendo a cada dia, muito mais do que tinha crescido antes.
Não sei quanto tempo poderei suportar reprimir isso sem que transborde.
Realmente tenho medo.
Temo que se um dia esse sentimento venha à luz e eu acidentalmente o revele a Zon, ele não possa suportar.
Quando me dei conta de que estava preocupado que o romance da sua irmã se tornasse real, brinquei e talvez tenha dito coisas que podem não ser muito claras para ele.
Mas, afinal, não sei quanto tempo poderei suportar essa frustração.
Porque os sentimentos que tenho por Zon agora não tem limites.
Tanto que tenho medo de não poder ocultá-los bem.
— Uhm... — escutei um suave gemido ao meu lado, vinha do pequeno menino que dormia. Esse menino se moveu até chegar ao meu peito e se agarrou como um cachorrinho buscando calor. Abri os braços para deixar que se acomodasse melhor. Um leve sorriso surgiu no meu rosto e não pude evitar beijá-lo. Desta vez, Zon se mexeu se aproximando mais enquanto, por sua vez, movia os lábios. Estava bastante surpreso, não pensei que ele faria isso.
— Aoi! [1]
Então era disso que se tratava.
Devido ao murmúrio recente, me senti um pouco mais aliviado.
Deixei escapar um sorriso e suavemente acariciei sua cabeça.
É curioso como ele fala dormindo de uma ex-estrela pornô, quantos filhos Aoi deve ter hoje?
Mas ao que me diz respeito, isso foi muito bom.
Acabei de receber comentários, inclusive um beijo por parte de Ai’Zon.
Não importa que não tenha sido para mim, estou feliz só com isso.
[****]
— Saifah.
— O quê?
— Para essa noite, acha que vai ser um problema se eu escolher este? — me perguntou quando estava escolhendo um violão.
A loja em que estamos é a mesma aonde viemos para comprar a palheta. O vendedor de idade mais velha [2] foi amável conosco e nos desenhou muitos modelos.
— É bom, não há problema algum — respondi.
— É que... Bom, o problema nesse momento é que não consigo decidir qual escolher.
— Qual sua cor preferida? — o perguntei.
— Qual cor você acha que é mais bonita?
— Não me pergunte, é você quem tem que gostar da cor.
— Realmente não consigo escolher, Ai’Sai, gosto tanto do preto quanto do marrom... Pode me ajudar, por favor?
— E se eu escolher uma cor e no final você não gostar?
— Vou gostar sim!
— Então, marrom?
— É o mais bonito, não?
— Bom, acho que essa combinaria melhor com você.
— Então vou escolher o marrom — me disse e logo se virou para dizer ao dono da loja.
— Está bem... Oh! Espera um minuto, se quiserem podem dar um passeio, temos que ajustar as cordas do violão.
— Quanto tempo vai levar, Pi?
— Hum, uns vinte minutos no máximo, se tiverem fome, vão achar algo para comer — disse o comerciante. Por acaso estamos agindo como se estivéssemos com fome?
— Bom, quer sentar e esperar ou quer ir a algum outro lugar?
— Podemos ir ao cinema? — me perguntou.
— Quer assistir algum filme?
— Tem um filme que realmente quero ver, quanto tempo você acha que demoraremos?
— Provavelmente até que a loja esteja fechada.
— Uhm... Vamos ver um filme — assenti e me virei para dizer ao vendedor:
— Então deixaremos o violão aqui esta noite, à que hora podemos pegá-lo amanhã, Pi?
— Às três, Nong, se não puderem nessa hora, me liguem por este número, por favor.
— Sim, senhor — recebi o cartão do dono da loja enquanto espero Zon terminar de pagar.
— Que hora é o filme? — perguntou enquanto olhava o aplicativo em seu celular.
— Qual você quer ver?
— Esse! — apontou com o dedo o filme que queria ver — Realmente quero assisti-lo, vamos clicar aqui para comprar os ingressos!
— Acho que seria melhor comprá-los do mostrador mesmo, tem uma promoção que te permite entrar e ver o filme em um sofá-cama — ele me olhou com muita emoção.
— Então vamos, nunca experimentei isso. Tem cobertor?
— Suponho que em alguns lugares tenha, mas certamente não no que vamos.
— Tudo bem, simplesmente sentar em um sofá-cama está bom é bem melhor do que na cadeira comum. Nunca me atrevi a comprar entradas assim porque o preço para ocupar o sofá era muito alto — normalmente, se é um assento tipo sofá, o preço é de quinhentos a seiscentos baht [cerca de 80 reais] para duas pessoas. Claro que é caro demais para estudantes sem renda como eu — Isso significa que você vem aqui frequentemente com seus “dates” apesar dos descontos?
— Não, é a promoção de um cartão que eu tenho.
— Ah, sim — assentiu compreendendo antes de caminhar até o cinema.
(****)
— Espera, vá comprar pipoca e refrigerantes, eu irei comprar os ingressos — o disse, porque, se eu comprasse, o preço seria muito diferente.
— Não, eu compro cem vezes mais barato que você.
— Bem, da próxima vez você compra os ingressos e eu comprarei os refrigerantes e a pipoca.
— Mas não sei quando voltarei a ver filmes com você. Depois que a apresentação terminar, temo que…
— Zon — disse o nome do pequeno e apoiei minha mão em sua cabeça — Você deixará de me ver depois que o evento terminar?
— Ei! Não!
— Então por que se preocupa sobre não irmos ao cinema em outra ocasião? Dado que ainda saímos como amigos, deve haver uma oportunidade de vir.
— Tem razão, primeiro vou comprar, já volto. Vai comprando os ingressos! — assenti, o observei se afastar e me dirigi ao mostrador onde eram vendidas as entradas.
Na minha cabeça pude compreender o que preocupava Ai’Zon. Honestamente, quando disse que não sabia quando teríamos a oportunidade de ver um filme juntos novamente, me senti um pouco triste.
— Comprou as entradas? — Zon apareceu com os refrigerantes e a pipoca.
— Já…
— O que foi? Por que está agindo assim? — me esqueci de mencionar que esse menino é muito bom observador e é uma pessoa que está muito consciente dos sintomas das pessoas.
— Por nada, só estou com sono.
— Então pode dormir enquanto passa o filme — assenti antes de entrarmos no cinema ao mesmo tempo. Ele parecia animado pelo sofá-cama, o que me causou um pouco de graça e eu ri.
— Não ria — ele sabe do que estou rindo. Porque quando se virou para olhar meu rosto, me empurrou com toda a sua força — Não é engraçado. Eu sei, as pessoas como você riem porque nunca me sentei num lugar como este, certo? Sim, esta é a primeira vez que me sento em um lugar assim.
— Não, espera, eu não estava rindo disso.
— Mas não estou nem um pouco bravo, porque admito que nunca fiz isso porque sai absurdamente caro. O filme dependendo se o assiste em um cinema ou em casa, ou em qualquer lugar, vai ser o mesmo. Mas não posso me permitir desperdiçar tanto dinheiro assim. Aqui, se não tem um cartão que te faça descontos, você tem que se conformar com o que tem.
— E se estiver saindo com uma garota?
— Se há um desconto como o seu, poderia pensar, mas se não há podemos nos sentar normalmente. Ainda estou aprendendo, Saifah. Minha família não é milionária; somos classe média, não nos consideramos ricos e nem pobres, mensalmente dão dinheiro a mim e à minha irmã. Se pedíssemos mais, nos perguntavam o que é que fazíamos com o que nos davam. Meus pais me ensinaram o valor do dinheiro. Então se você está saindo comigo, tem que me aceitar do jeito que eu sou, se me aceita está bem, mas se não aceita, então não vale à pena seguir tentando — Zon me respondeu seriamente. O que faz com que eu me impressione cada vez mais com ele. Talvez sua atitude me impressionasse em muitos sentidos.
Definitivamente, não paro de gostar dessa pessoa.
— Tão bom.
— Quê?
— Nada, só pensei que você é um bom menino.
— Bem, isso é verdade… Eu sou um bom menino — me disse enquanto arqueava uma sobrancelha e ria.
— Sim, um bom menino — desta vez falei em um tom suave à pessoa que estava do meu lado. Dos meus olhos desabrochavam todos os sentimentos que tenho por ele. Meu coração quer gritá-lo pela centésima vez que gosto dele. Mas quando volto a olhá-lo, minha mente suplicou e implorou para não dizer o que realmente sentia. Ao final, só levantei a mão e acariciei ligeiramente seu cabelo e disse: — O filme vai começar.
— Ok! — Ai’Zon se apoiou contra o sofá. Nenhum dos dois falou, olhamos diretamente para a tela à nossa frente.
Não sei o que se passa na cabeça de Zon. Não sei o que tem em mente, mas bem, o futuro deparará o que é que vai acontecer.
Nem sequer tenho certeza de poder seguir contendo este sentimento por mais tempo.
Mas se posso aguentar, tentarei suportá-lo.
Vou reprimir esses sentimentos só para mim. Com isso é suficiente.
*Pequeno toque*
— Eh?? — olhei para a pessoa que de repente apoiou sua cabeça em meu ombro. Meu olhar, que havia estado por quase uma hora na tela, mudou de direção. — Zon.
— …
— O que foi com você? Não disse que queria ver este filme? — o menino não respondeu. Moveu mais seu rosto até o canto do meu pescoço. Deixei escapar um sorriso, logo levantei minha mão para acariciá-lo.
— Eu gosto de você, Zon... Gosto cada dia mais.
1: Aoi é uma ex-atriz pornô que deixou este trabalho e agora se dedica apenas à atuação e à carreira de modelo. Ela está casada e tem dois filhos.
2: A frase foi modificada. Na tradução inter a tradutora colocou como "Phi salesman", referindo que Saifah usou o termo para demonstrar respeito e que o vendedor é mais velho que você. Decidimos modificar para ficar mais coeso já que Saifah não menciona o nome do vendedor e nem seu gênero.
>>> CAPÍTULO 15
Nenhum comentário:
Postar um comentário