Tradução: Vitor
Revisão: Beatriz
- Equipe KhunPandex Traduções.
O corpo de alguém se estendia pela
grama, apoiando-se em seus braços, olhando para o céu sem nuvens. As grossas
sobrancelhas franziram sem perceber.
“Rosto enrugado.”
O resmungo veio junto de uma mão que
esfregava as sobrancelhas até que ele sentisse dor.
“P’Korn, sobre o que você está
pensando?” Ajoelhando-se, sua mão ainda massageava a testa da outra pessoa,
aliviando a ansiedade.
“Muitas coisas...” respondeu ele e fechou
os olhos. Sua mente estava cheia de preocupações com o pai.
O toque em sua testa fez Korn relaxar e
quase adormecer. No entanto, precisou abrir os olhos quando sentiu algo a tocar
seus lábios.
Bem leve, mas quente como fogo.
Imediatamente, In empertigou-se e
sentou, rindo e corando. “Roubei o primeiro beijo.”
Korn riu. “Não é meu primeiro beijo.”
“Mas foi nosso primeiro beijo” insistia
ainda In.
Os olhos sagazes se estreitaram. Ele empurrou
o corpo menor para baixo e curvou-se, aproximando-se de sua cabeça, deslizou em
direção ao rosto, então pressionou um beijo nos lábios outra vez, esmagando o
invasor até que ele fosse nocauteado. Korn riu e gostou porque a outra pessoa
estava corando.
“Isso é o equivalente ao nosso primeiro
beijo.”
(***)
O toque alto do celular acorda ele todos
os dias. Uma grande mão tateia ao redor da cama. Apanha, desliga e joga para o
lado outra vez. Dean vira-se de costas. Os olhos verdes acinzentados encaram o
teto que ainda está escuro. O canto do olho se enche de lágrimas antes de elas
caírem pela gravidade. O mundo desapareceu com o colchão. Ele tocou sua boca e
xingou baixinho.
Hoje, eu preciso encontrar P’Sin.
A Biblioteca Central da Universidade
possui muitos estudantes ocupando assentos para ler por causa das provas. Isso
inclui os garotos do primeiro ano da Faculdade de Economia. O grupo de amigos
acabou de terminar sua prova às 4h. Alguns tinham aula, mas a maioria foi para
casa. Mannow tinha um compromisso envolvendo comida, e Team tinha lhe dito que
voltaria para dormir, deixando-o sozinho.
Pharm está coçando a cabeça ao ler certos
conteúdos porque não está entendendo. Ele, então, se dá conta de que o
professor havia mencionado um livro para ajudar a expandir seu entendimento.
Com isso em mente, se levantou para encontrar a bibliotecária a fim de
perguntar-lhe sobre o livro.
A jovem bibliotecária digitou no
teclado, encarou a tela por uns instantes e balançou a cabeça, virando-se para
ele, sorrindo.
“Este livro já foi pego. Vai demorar até
que seja devolvido.”
Pharm sente-se atordoado.
“Não há nenhum outro exemplar khrab?”
faz uma cara triste.
A garota digita novamente no teclado.
Desta vez, ela dá um grande sorriso.
“Há um outro exemplar. Porém, ele está
na Biblioteca da Faculdade de Administração. Tente procurar por lá. Não há
histórico de empréstimos desse livro.”
O garoto ficou em silêncio por um tempo antes
de agradecê-la com um sorriso.
Biblioteca de Administração?
A imagem do rosto de alguém lampeja em
sua mente. Para falar a verdade, nos últimos dois dias P’Dean esteve mais
quieto do que o normal. Nem mesmo veio à sua procura. Mesmo que eles ainda
conversem pelo Line, isso é bastante estranho.
Talvez ele devesse dar uma passada.
Ele morde levemente os lábios. Sua mão
coloca as coisas na mochila, e ele parte imediatamente para o lugar em que
vinha pensando.
O pátio da Faculdade de Administração
estava repleto de alunos, que se agrupavam para ler diferentes livros de outros
grupos. Pharm estava de pé, olhando para seu celular, hesitando em ligar para
P’Dean. Ele lembrou-se, no entanto, que seu Phi provavelmente estaria estudando
agora, assim, ele desistiu da ideia e decidiu enviar uma mensagem pelo Line e
entrou no prédio sozinho.
Esta é a segunda vez que ele entra
naquele prédio. Porém, vir para a Biblioteca da Faculdade de Administração fez
ele lembrar-se muito bem de como P’Dean o levara para passear por ali.
Lembrou-o, também, que havia algo acontecendo entre eles dois.
O primeiro beijo...
“Tão louco.” Ele assopra suas bochechas
que estavam quentes e apressadamente dá leves batidinhas nelas. Ele vai até a
biblioteca como planejara originalmente.
Na sala de 60 cadeiras dos alunos de
Comércio Exterior, os estudantes nesse momento discutem os assuntos da prova.
Na parte da frente da sala, há um aparelho de ar-condicionado, o que atrai
estudantes a chegarem e aproveitarem essa oportunidade para lerem e se
refrescarem.
O som da porta de correr é alto. Uma
nova pessoa adentra a sala. Em suas mãos, ele carrega muitos copos d’água para
servir aos amigos.
“Ei, Dean!” grita alguém do outro lado
da sala, fazendo a pessoa chamada abaixar o livro e levantar suas sobrancelhas
para aquele que o chamava.
“Acabei de ver seu namorado caminhando
ao redor da nossa biblioteca, curvando-se enquanto anda. Muito fofo.”
As sobrancelhas tornam-se mais
franzidas. Dean pega seu telefone e descobre que Pharm enviou-lhe uma mensagem,
falando sobre empréstimo de livros.
“Nong Pharm, isso. Queria ver a beleza
dele ao vivo, não apenas por fotografia.” Começou rapidamente a falar outro
amigo na frente da sala.
“Sinto falta das comidas que ele fazia. Ele
veio hoje?”
“É... Eu gosto dele. Ele está na
biblioteca, certo?” disse uma amiga dessa vez, que fingiu que se levantava e caminhava
para lá enquanto falava.[1]
(Som de arrastar algo pelo chão)
Porém, o verdadeiro dono se levantou com
seu rosto bastante calmo. Aqueles que pretendiam sair para ver o adorável Nong
pararam de repente. Muitas pessoas arregalaram seus olhos para o intenso ciúme do
sempre frio Presidente do Clube de Natação, que nunca esteve interessado em
ninguém.
Dean está pronto para caminhar até a
biblioteca, mas sua camisa de repente é puxada, fazendo-o se virar para o dono
da mão.
“Se estiver indo à biblioteca, faça um
empréstimo de livros de comércio internacional.” Solicitou Win a Dean, que o
olhou com olhos afiados como a ponta de um lápis pronto para um teste. Win é o
melhor na Faculdade deles.
Dean assente. Ele apenas pega seu
celular e caminha para fora da sala, ignorando os sons de provocações e vaias
que se seguiram.
O jovem rapaz vai caminhando. Ele franze
as sobrancelhas, pensando no sonho que teve pela manhã. O sentimento caloroso
em seu peito permanecia ao ponto de ele não conseguir evitar pensar nisso.
Ele deveria falar com P’Sin ou deveria
deixar tudo como está? Não ir a fundo? Ele está curioso, temeroso e sente-se
incerto.
Se ele descobrir, o que vai acontecer?
Ele e Pharm continuarão a se amar?
Apertou os punhos até seus vasos
sanguíneos ficarem visíveis.
Se não houver Pharm, não haverá nenhum
sorriso, não haverá ninguém que olhe para ele.
Apenas de pensar nisso parece que o
mundo desabou na frente dele.
(***)
Não está indeciso. De jeito nenhum!
O presidente do clube de natação parou
em frente à porta da Biblioteca. Corrige seu humor antes de abrir a porta. Os
olhos verde-acinzentados percorrem o lugar. Ele caminha calmamente à procura da
pessoa familiar, mas não o encontra. Tenta mandar-lhe uma mensagem, mas o
garoto não responde.
Será que ele já retornou?
Dean decide sair e fazer uma ligação,
mas seus olhos passearam em volta a fim de encontrar o livro pelo qual Win
havia pedido. Ele caminha para a estante, retira o livro e vê alguém a procurar
por algo do outro lado da estante.
A pessoa pela qual ele estava procurando
está agora curvando-se para fazer alguma coisa. Dean pode ver sua face
claramente. O garoto estremece, olhando para o telefone enquanto pressiona.
Então, seu próprio celular vibra.
Ph@rm: Ainda estou na biblioteca.
O coração de gelo aos poucos está
derretendo. Pequena ação que é valiosa.
Conheceram-se por alguns poucos meses.
Decidiram ficar juntos dentro de um
período de tempo curto.
Porém, tudo é preenchido com
sentimentos.
Dean percebeu que Pharm está parado e
olhando ansioso para o telefone, esperando por uma resposta. Porém, ao não
haver nenhuma resposta, as sobrancelhas do garoto abaixaram-se um pouco como se
ele estivesse desapontado. Ele dá um grande suspiro antes de olhar para cima e
encontrar-se com a figura de Dean através do buraco na estante. Nesse momento,
ambos se paralisaram.
Então, Pharm arregala os olhos. Mirando
o telefone, sua expressão facialmente transforma-se e ele dá uma leve risada.
Depois, vira a tela para parecer que estava só olhando o Line. Os lábios finos
sorriem amplamente, e seus olhos estão vivos e brilhantes.
Desfazendo suas preocupações em um
piscar de olhos.
Já descobriu porque ele estava
assustado.
Porque ele o ama e não quer perdê-lo.
Ama-o ao ponto de ter medo de coisas que ainda nem aconteceram.
Pharm apressadamente aproxima-se dele
com o sorriso ainda em seu rosto. O pequeno garoto para em frente da outra
pessoa, que o está encarando, olhando diretamente em seus olhos.
“Phi?” chama a voz, e ele toca o braço
da pessoa quando vê que ela ainda estava paralisada. “O que aconteceu khrab?”
Fica de ponta de pé, estendendo a mão para bagunçar-lhe os cabelos.
Dean sente um aperto no peito. Deseja
abraçar e contar os sentimentos em seu coração que o deixam abatido.
... Ele realmente ama Pharm.
“Ah?” exclama Pharm ao ser abraçado por
grandes braços. Seu rosto começa a esquentar. Ainda que eles estivessem entre
as estantes de livros e escondido dos olhares das pessoas, isso não significava
que eles passariam despercebidos pelas pessoas que caminhassem por ali.
“Ph-Phi?” Pharm franziu para aquele
estranho comportamento de P’Dean. “Phi, está tudo bem?” sua voz foi suprimida
no final por um suave tocar nos lábios.
Não um beijo aprofundado. Não um beijo
cheio de desejo. Apenas um leve toque nos lábios, expressando aquilo que estava
em sua mente.
Dean afastou os lábios gentilmente,
beijou-o nas bochechas vermelhas e o abraçou.
Tenho apenas essa pessoa que está em
meus braços agora.
“Pharm, eu te amo.”
Pharm está um pouco aturdido.
Rapidamente ele olha para cima com seu coração trêmulo e quando mira seus
olhos, ele se torna mais confiante. O livro foi descartado. Não estava mais se
importando com quem pudesse vê-los. Seus dois braços estavam em volta do maior.
Mais nenhuma outra palavra foi dita, havia apenas um abraço caloroso pronto
para protegê-los.
“Eu te amo também.”
Pelos corredores da Faculdade de
Administração, muitos estudantes passavam. Muitos estavam olhando para o
conhecido garoto no conselho da Universidade, que agora caminhava ao lado do
Presidente do Clube de Natação com um brilhante sorriso. Quanto à pessoa de
rosto sempre feroz, agora ele apresenta uma expressão tão terna, que chegava a
ser chocante.
Dean o levou até a sala de aula por um momento.
Ele abriu a porta, e seus colegas trocaram olhares entre si.
“Nong Pharm!!” gritavam algumas garotas
e, então, correram em direção ao júnior, que tentava se esconder por detrás do
corpo maior. Elas apertavam suas bochechas e bagunçavam seu cabelo carinhosamente.
“Parem de incomodá-lo.” Dean estava
feroz, porém ninguém lhe deu ouvidos. O próprio Pharm estava assentindo e rindo
com os veteranos.
“Também quero abraçá-lo.” Os amigos
homens ao redor dele levantaram-se e começaram a tocá-lo, só que dessa vez as
mãos grandes de Dean não estavam mais tão educadas.
“Apenas olhar é o bastante.” Franziu as
sobrancelhas para os amigos, arrancando risos de todos.
“Seu ciumento desgraçado!” A pessoa que
disse isso foi golpeado pela mão de Dean até doer.
“Parece que ele está com ciúmes na,
Nong Pharm?” As provocações estão tão altas que Pharm quase esconde seu rosto atrás
de P’Dean para esconder suas bochechas vermelhas. Ter vindo a essa sala foi uma
péssima ideia.
Eles conversaram por um tempo e, então,
Dean pediu licença para se retirar. Ele levou Pharm até seu carro em frente à
Faculdade de Economia. Hoje, todos estavam ocupados, por isso não iriam sair
juntos. O jovem rapaz acenou para seu Nong no assento do motorista. Antes de Pharm
sair com o carro para fora do estacionamento, ele abaixou os vidros da janela e
olhou para cima.
Dean inclinou o pescoço e ergueu as
sobrancelhas, confuso, quando o menino estendeu sua mão para tocar-lhe o braço.
“Alguns dias atrás, você parecia muito
estressado, Phi. Você está bem? Tem alguma coisa que eu possa fazer para
ajudar?”
“...” Os olhos verde-acinzentados estão
olhando para ele afetuosamente. Ele segurou a mão do garoto e a beijou,
levando-a, em seguida, à sua bochecha. Ele fechou os olhos, saboreando essa
delicadeza.
“Recarreguei minhas energias.”
Ele teria esperado por toda a vida para
ter a mão dele tocando-o assim.
As bochechas de Pharm ficaram quentes
outra vez. Assentiu rapidamente, esperando até que Dean soltasse sua mão para
que ele dirigisse com seu coração trêmulo. Ao sair dos limites do campus da
Universidade, já não há ninguém que possa vê-lo estando tímido. Ele levanta sua
mão e a beija onde Dean havia beijado.
Dean voltou para seu próprio carro. Ao
entrar nele, ele joga livro e papéis no banco do passageiro. Os olhos de cores
lindas encontram-se com um olhar vago. Suas sobrancelhas escuras se juntam
antes de ele começar a ligar o motor do carro para seguir em direção à loja do
seu veterano como planejado.
A loja Forever Tea ainda está
movimentada às 19h. P’Sorn olhou por cima do balcão quando viu seu amigo de
infância entrar. Ele assente e aponta para o segundo piso, que agora está
fechado.
No segundo piso, a iluminação está
escura, mas enquanto caminha para cima, ele pode ver a luz do lado de fora
iluminando o interior através do vidro. P’Sin sentava-se em um sofá, olhando
para fora da janela de vidro. Sobre a mesa à sua frente, há um envelope de
documento marrom.
Uma de suas mãos bate levemente na mesa
para retirar as cinzas da ponta de seu cigarro.
“Você fuma demais.”
Dean senta-se na outra ponta da mesa. Os
olhos estavam fixos no envelope à frente dele.
“Estou tentando reduzir, Sorn também
reclama disso.” O dono do ondulado cabelo preto está frustrado. Ele mexe os
óculos ligeiramente e pega o envelope.
“Posso te fazer uma pergunta, Dean?”
“Claro.” Dean não sabia o quão tenso ele
está agora.
“Por que você está pesquisando essas
duas pessoas?” P’Sin retira os documentos. Há fotos também.
Os olhos verde-acinzentados estão
olhando para a mão da outra pessoa. Suas duas mãos estão apertadas fortemente
com ansiedade. Ele respira fundo muitas vezes antes de mover seus olhos para o
veterano.
“Eu sonhei...” começa devagar a voz de
tom grave.
“Que? Sonhos sobre a pessoa de que Sorn
costumava falar?” pergunta P’Sorn, encarando o júnior de volta.
Dean assente e para de apertar as mãos,
ao sentir dor, colocando-as sobre a mesa ao invés disso. Ele começa a contar à
outra pessoa.
“Eu sonhei por muito tempo. Sonhava com
alguém... E eu sempre procurava por ele. Então, eu encontrei...” Apertou forte
suas mãos.
“A partir daí, o sonho começou a ficar
mais intenso, mais detalhado, a durar por mais tempo. Eu também descobri que os
nomes das pessoas no meu sonho eram Korn e In.”
P’Sin parou, pegou as fotografias e
olhou para elas, franzindo o cenho. Ele não queria adivinhar quem a outra
pessoa é.
“O que eu tenho bastante certeza é de
que...” Sin levantou sua mão e sinalizou uma arma na têmpora. “Um dos dois
atirou em si mesmo.”
A pessoa que ouvia P’Sin falar e mexer
seus óculos mordeu seu lábio, sentindo frio e arrepios com a informação que
acabara de receber.
“Até que na última vez eu tive certeza”
sua mão estendeu-se ao seu veterano, “... de que eu era o Korn, aquele que
atirou em si mesmo.” Ele olhou fixamente para o documento na mão da outra
pessoa, que nesse momento tremia visivelmente. “Posso... ver a foto?”
Sin deu um profundo suspiro. Ele
entregou a fotografia para a mão do mais novo, permitindo-o afogar-se nas
memórias.
Fotos diluídas em tons
laranja-amarronzados, aparentemente, novas. Ainda que a imagem não fosse
nítida, o sorriso da pessoa na foto está preso em sua memória. Em sua memória,
os olhos miram o sorriso daquele que ele ama, abraçando os braços de alguém da
altura dos seus ombros.
Dean sente os olhos quentes. Sua mão
treme tanto que é quase impossível controlar.
“A pessoa na fotografia é Intouch”
explica P’Sin com uma voz leve, porém muito nítida.
...
“P’Korn, vamos tirar uma foto juntos.”
“Não gosto.”
“Só um pouquinho, por favor, vem cá.”
“Tá, tá...”
...
“Suicidou-se aos 18. Apenas um mês após
essa foto ser tirada.”
Dean imediatamente olha para cima.
“Suicídio? Aos dezoito anos?” perguntou
ele, repetindo. Não parecia assim em suas memórias. In não deveria ter cometido
suicídio.
Sin assente. “Você deve ter perdido
essa, não é, Dean?” olhando seriamente nos olhos do júnior. “Morreram os dois
no mesmo dia.” Sin pega o documento e entrega ao júnior. “Para deixar claro,
aquele de nome Korn matou-se primeiro. Então, o outro de nome In se matou em
seguida.”
O corpo inteiro de Dean tremia, e ele não
conseguia dizer nada. Ele negou com a cabeça e fechou os olhos um momento antes
de olhar para o documento. Ele leu as letras devagar.
“Intouch Chatpokin”
“Conhece esse sobrenome?”
O jovem rapaz negou.
“Então, posso perguntar. Você conhece
Anhtika Chatpokin?”
Dean continua a balançar a cabeça, em
sinal negativo.
“Você sabe qual o nome de solteira da
sua mãe?”
Uma grande mão está se contorcendo. Os
olhos afiados se levantam e encontram-se com os olhos do veterano.
“Alin Chatphokin” fala Sin clara e calmamente.
“A pessoa de nome Anhtika é a sua avó.”
“Dean.”
“...”
“...”
“A pessoa naquela imagem é nada mais
nada menos do que o irmão mais novo da sua avó.”
Dean não conseguia se lembrar como ele
dirigiu para fora da loja. Não sabia nem mesmo para onde virar. Até que ele
percebeu que o relógio do carro já estava indicando 11h30 da noite. Ele dirigiu
a esmo pela capital. Os olhos estavam sem foco. Fazia tudo por instinto.
“Após Korn ter cometido suicídio,
imediatamente, In matou-se também. Os dois eram ainda tão jovens. Korn tinha
apenas 20. Acredito que ambas as famílias ficaram arrasadas. O pai de Korn, no
entanto, era bastante influente e tinha dinheiro para acobertar a informação.
Enquanto que a família de In possuía razoável reputação, mas não o bastante
para encobrir todas as notícias. Você foi morar com sua avó desde pequeno, e
sua mãe dificilmente entra em contato com o lado da sua avó, não é? Eu acho que
ela deveria conhecer o Intouch porque ele é o tio dela.”
A voz de P’Sin ainda reverbera em sua
cabeça. As duas mãos estão tensionadas, segurando o volante com força.
Desconfortável como se estivesse sufocando, Dean aperta a mandíbula, e sua
têmpora dói. Memórias tentavam sair, fazendo-o sofrer.
Eram elas:
Eu amo você, In
Não!!! P’Korn
Amo você demais, mais do que todos.
Phi, não me deixa.
Depois da graduação, vamos viajar juntos
de avião, certo?
Eu amo você, Phi... Você me prometeu na.
...
Prometa que ficaremos juntos para
sempre.
Bang!!!
Quentes gotas d’água fluem dos seus
olhos, pois ele não consegue mais contê-las.
Ele trouxera seu amor para morrerem
juntos.
Destruiu o sorriso vívido, destruiu um
belo futuro. Deixou lágrimas, gritos e um coração partido em pedaços antes de
morrer. Ele, que deveria proteger... Matou In.
Ele matou o seu próprio amado.
(Tung)
“Você é mal, cruel.” Ele bateu no
volante a ponto de o carro balançar. Felizmente, não havia muita gente no
trânsito a essa hora da noite.
“Você é cruel!”
(Tung)
“Você é cruel!!!”
Um grito forte veio de dentro de um
carro que estava estacionado no acostamento. Dean desabou no volante com seus
ombros tremendo, permitindo as lágrimas jorrarem. Ele descobriu porque Pharm
tinha medo de barulhos altos. Descobriu porque ele gostava de cozinhar. As
memórias profundas do Nong ainda guardavam tudo aquilo. Até mesmo sobre ele ter
cometido suicídio na frente dele. Ou ainda, ele querendo que o Nong aprendesse
a cozinhar.
Tudo era culpa dele.
(***)
O pequeno condomínio no beco de luzes
fortes. Dean não sabia quando ele chegara ali. O jovem rapaz assentiu para o
guarda que já era conhecido e colocou o carro no estacionamento. A luz está indicando
a passagem dos andares de forma lenta. Ele pressiona o número antes de parar no
andar desejado.
O condomínio está silencioso já que é
meia-noite. Dean para de pé em frente ao quarto 802. Uma grande mão toca a
maçaneta. A porta fria está fechada, então, ele decide bater.
O som da batida ecoa pelo corredor.
Nenhum som no quarto. Dean bate novamente mais algumas vezes e não consegue
evitar pensar que o Nong provavelmente estaria dormindo. Ele hesita e põe a mão
no bolso, sentindo alguma coisa.
A grande mão puxa um chaveiro de couro.
A chave daquele quarto ainda permanece no mesmo lugar. Os olhos verde-acinzentados
olham para a porta, decidindo abri-la. E assim o faz suavemente.
“Ah.”
Uma exclamação e uma confrontação porque
ele não estava preparado. O dono do quarto estava de pijamas de mangas longas
na frente da porta, enquanto o invasor a abria. Na verdade, Pharm tinha ido
para a cama, mas não conseguira dormir. Então, levantou-se indo atrás de beber
água. Ele estava prestes a voltar para a cama, após ter bebido, porém escutou
as batidas. Nesse dia, Pharm não tinha posto a corrente da porta, por isso
precisou correr para ver pelo olho mágico quem estava ali à meia-noite. Antes
que ele conseguisse espiar, entretanto, a porta já tinha sido aberta por uma
figura familiar.
“Phi...”
Alguém que ele realmente não esperava.
Pharm percorreu com os olhos aquele
rosto, parando naqueles belos olhos que estavam agora vermelhos. O garoto
esticou a mão para acariciar o mais velho, que fechou os olhos, permitindo que
seu Nong tocasse sua pálpebra.
“Posso perguntar...?”
Dean pegou o pulso da outra pessoa e lhe
sorriu com uma expressão cansada.
“Posso dormir com você?”
“Hã?”
Pharm piscou os olhos.
“E então, vou contar a você tudo.” E lhe
beija suavemente o pulso.
Olhou para o invasor da meia-noite por
bastante tempo antes de baixar seus olhos e, ao invés de responder-lhe, puxou
sua mão para que entrasse no quarto.
Desta vez, a porta está trancada e
passada a corrente. O garoto virou e caminhou para a cama, que é separada da
sala por uma divisória de vidro. Portanto, Dean consegue ver o que ele está fazendo.
Depois de uns instantes, ele retornou com toalhas e calças.
“Acho que essas calças devem servir, mas
não tenho uma camisa com o seu tamanho, P’Dean.”
Dean sorri e acaricia seus cabelos
levemente.
“Geralmente, eu não uso camisa para
dormir.” Aceitou as calças e a toalha e perguntou se poderia usar o banheiro.
Pharm imediatamente confirma e separa as coisas necessárias, entregando-as em
seguida. Quando a porta do banheiro é fechada, ele volta a sentar-se no sofá
com seus joelhos dobrados e o rosto para baixo.
P’Dean veio para passar a noite...
A pessoa exaltada tenta respirar
profundamente, bate de leve em suas bochechas e pensa se há cobertores e
travesseiros reservas. Porém, não há nada em seu quarto. Olhou para o pequeno
sofá em que estava sentado e suspirou. Como o corpo do P’Dean é grande, dormir
na cama deve ser mais confortável.
Pensando assim, se mudou para o sofá, pegando
uma almofada e abraçou-a.
“...”
“...”
Frio.
Pharm estava com os olhos muito pesados
de sono, mas os arregalou quando foi abraçado por P’Dean, que ainda estava todo
molhado por ter acabado de sair do banheiro.
“Phi?!” gritou ele a P’Dean que o
ignorava e o deitava sobre a cama, provocando-o. Aquele que foi carregado
estava boquiaberto, corando e impotente.
“Por que você não vai dormir no seu
próprio quarto?” repreendia P’Dean.
“Phi, você é grande, será mais
confortável, minha cama é pequena.” Pharm tentou sair para dormir no sofá.
Porém, foi empurrado de volta para a cama macia, seguido pelo seu Phi que se
debruçou em cima dele.
Pharm estava quente durante todo o
tempo. Quando o nariz proeminente encostou na região do seu pescoço, ele não
soube onde colocar a sua mão porque ele estava em contato com o corpo do
invasor. Seu coração batia forte quando Dean o beijou na ponta do queixo, e ele
quase perdeu a respiração quando o veterano pressionou os lábios em seu peito,
sobre o coração, através da fina camada do pijama.
“P’Dean...” gemeu ele. Agora, ambos
estão tão perto que podiam sentir a respiração um do outro. Pharm fechou os
olhos, apertando o lençol com força.
E então, todos os movimentos cessaram.
O quarto está em silêncio, exceto pelo
barulho do ar-condicionado e as palpitações dos corações. P’Dean enterra seu
rosto no peito quente, fecha os olhos, inspira o cheiro do seu amado, o que o
acalma. O coração partido está se restaurando em uma única peça outra vez, só
porque Pharm está ao seu lado.
Me desculpe. Me desculpe. Me
desculpe.
Sinto muito pelo seu coração.
Me desculpe por não o
proteger...
Dean aperta os braços ao redor de seu
Nong. Enterra seu rosto para ouvir os batimentos que vinham dançar
ritmicamente. Pôde sentir o que era chamado de vida. Encolheu-se um pouco e
aninhou-se como se fosse um animal ferido. Pharm não perguntou nada, apenas
tocou-lhe na cabeça carinhosamente, fazendo-o relaxar. Seu amado lentamente
penteia seu cabelo enquanto a outra mão acaricia as suas costas e o abraça com
pequenos, mas poderosos braços.
A voz de Pharm soou em seus ouvidos.
“Tá tudo bem...”
Os olhos do jovem rapaz esquentaram
novamente.
“Já tá tudo bem na.”
Um beijo suave na têmpora como um
revigorante.
“Eu estou aqui...”
Como uma luz no fim
do túnel.
Notas:
gracias
ResponderExcluirObrigada 😁😁
ResponderExcluir